Não somos agentes de nossos
discursos. Nós desaparecemos em nossas falas, nos revelamos como artifícios de nossos pensamentos e
consciências. Não se trata aqui de uma
codificação estruturalista do real. Mas a constatação simples e cotidiana de
que a subjetividade nunca esteve onde
toda tradição filosófica e tradição ocidental achou que estava em sua
metafísica vazia da pessoa humana.
O ultrapassar de si mesmo não
passa pela produção coletiva do mundo, mas da eliminação individuada de que ele
existe na correspondência das coisas e das palavras. Não existe verdade, não
existe sentido. O próprio existir é um conceito vazio. Logo, não nos
representamos em nossos discursos, são eles que nos representam enquanto curto
circuito ontológico da instrumentalização de um “eu” que é a introjeção
imperfeita de certas codificações coletivas de realidade. O telos é uma ilusão.
Mas ainda somos narcisos demais
para nos convertemos em reais indivíduos sobre os escombros da ilusão de que
vivemos em sociedade e não perdidos em redes abstratas de significados
compartilhados.