sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O FUTURO DO SUPOSTO NARCISISMO PÓS MODERNO

Se a autonomia do indivíduo nas relações societárias contemporâneas se confunde com algum tipo de narcisismo, ele pressupõe antes de tudo a busca por experiências emocionais marcantes, que garantam auto estima e respondam ao vazio ontológico que atualmente define nossa subjetividade.
A racionalização da vida interior nos nivelou ao consumo, a exteriorização e  teatralização da interioridade, em uma realidade social que agora se confunde com o fluxo de imagens e informações.

Já não somos senhores de nossas identidades, nem nossas identidades nos definem. Elas acontecem através de nós, nos deslocam de todo possível enraizamento cultural e afetivo. Narciso revela-se agora como o mais novo anti herói trágico, representando o novo ethos, o andarilho de um deserto cultural que ainda chamamos de mundo.

Não existe mais  desenvolvimento pessoal possível na medida em que perdemos a noção de continuidade histórica, que nos voltamos contra  ao pertencimento ao mundo definido pelo acumulo de ruínas de gerações e gerações.  Tudo que temos hoje é um agora onde todas as épocas são niveladas a superficialidade da citação não identidária. O passado nunca foi tão distante de nós.

Mas esta ruptura de toda tradição também pode transcender o narcisismo, pode nos conduzir a individuação, tornando a instabilidade da consciência diferenciada que nos faz indivíduos psicológicos, um ato  de criação e reinvenção constante de nossas intimas codificações do real.

Nunca fomos tão livres para nos inventar no mundo sem o peso das tradições e, no entanto,  só sabemos perambular atônicos em meio as ruínas de todas as tradições. Não sofremos o peso do futuro, mas não sabemos o que fazer com o presente e não precisamos mais do passado como antigamente....


Nenhum comentário: