Embaralham-se destinos em minhas ausências e descaminhos, enquanto as opções possíveis se dissolvem sem rumo em um labirinto de fatos entre acasos, tempos e espaços.
Já não planejo ou penso qualquer amanhã. Não me preocupo com futuros, metas ou objetivos. Apenas me interessa permanecer vivo, apesar de todas as incertezas e insatisfações cotidianas.
Em outros termos: basta-me continuar avançando, sem vacilar, do nada ao nada, através do obscuro de cada dia vivido sem qualquer horizonte ou expectativa.
Afinal, já não tenho mais idade para chegar a qualquer lugar, semear sonhos ou esperanças.
Já sou suficientemente adulto para não buscar seguranças emocionais ou financeiras; infantil demais para assumir compromissos ou o peso de obrigações.
Felicidade, sei que não existe, e, caso existisse, já não seria o bastante para findar meus desassossegos...
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
URGENCIA, VONTADE, IMPOTÊNCIA
Há dias em que despertamos ausentes de nos mesmos, deixamos sonolentos os lençóis e a cama melindrados e duvidosos da real necessidade do ato, aceitando o agir mecânico e automático da imposição do fato, contra os impulsos da simples vontade.
Então, nos surpreendemos como um mero objeto de osso e carne, como uma animada coisa entre outras coisas, que meramente cumpre suas funções no formalismo de opacas rotinas que absolutamente não levam as ultimas consequências qualquer vida humana.
Agrava tal experiência a triste constatação de que nossa expectativa de vida normalmente não ultrapassa a aventura de algumas ralas décadas de existência das quais, a maior parte do tempo, passamos desocupados de nós mesmos, entretidos com os imperativos objetivos da mera sobrevivência formal.
Três palavras são suficientes para expressar meus sentimentos referentes à vivência aqui exposta:
URGÊNCIA.... é tudo que me vem a cabeça quando penso nisso, uma urgência selvagem e impulsiva, quase ilegível.
VONTADE... é tudo em que me vejo contido em discreto desespero entre as grades do cotidiano.
IMPOTÊNCIA... é tudo que sinto quando percebo o quanto tudo na vida é efêmero e passageiro e, entretanto, não somos capazes de transcender as meras circunstâncias.
Então, nos surpreendemos como um mero objeto de osso e carne, como uma animada coisa entre outras coisas, que meramente cumpre suas funções no formalismo de opacas rotinas que absolutamente não levam as ultimas consequências qualquer vida humana.
Agrava tal experiência a triste constatação de que nossa expectativa de vida normalmente não ultrapassa a aventura de algumas ralas décadas de existência das quais, a maior parte do tempo, passamos desocupados de nós mesmos, entretidos com os imperativos objetivos da mera sobrevivência formal.
Três palavras são suficientes para expressar meus sentimentos referentes à vivência aqui exposta:
URGÊNCIA.... é tudo que me vem a cabeça quando penso nisso, uma urgência selvagem e impulsiva, quase ilegível.
VONTADE... é tudo em que me vejo contido em discreto desespero entre as grades do cotidiano.
IMPOTÊNCIA... é tudo que sinto quando percebo o quanto tudo na vida é efêmero e passageiro e, entretanto, não somos capazes de transcender as meras circunstâncias.
sábado, 30 de março de 2013
ANOTAÇÕES LIVRES SOBRE O NÃO SENTIDO
“Uma mulher só é bonita se estiver nua por baixo de suas
roupas.Um pensamento só é bonito se estiver nu por baixo da linguagem. Isto é,
violento. Cada frase deve ser a faísca de uma vontade de poder.”
“A Regência dos Instintos e a Agonia dos Afetos.”
“A ordem social nos ensina a calar, mas não nos ensina o
silêncio.”
JEAN BAUDRILLARD in COOL MEMORIES IV
A vida não é mais um fato seguro. É um fluxo de
interpretações continuas e diversas de atos que quase não existem, que quase escapam através do virtual de suas
tantas possibilidades. Os atos já não vestem
sentimentos, nem intenções claras, já não cabem nas armadilhas dos lugares
comuns da consciência ou se curvam as ilusões do coração.
De repente estamos todos nus ao céu aberto das duvidas e
indefinições. Nossas certezas murcham como flores expostas ao calor do sol.
Aprendemos em tudo que vivemos a gramática do ilegível, do nonsense...
Estamos sempre a um passo do acabamento de qualquer
interpretação, estamos sempre vazios, famintos, sedentos e desesperadamente
ausentes e urgentes de nós mesmos. O tempo passa por nossas
provisórias existências em silêncio . E sempre estamos a um passo da conclusão. Tudo permanece em uma agonia aberta.
quarta-feira, 27 de março de 2013
DECEPÇÃO
Tudo que quero
É não querer nada,
Não pensar em nada,
Não sonhar,
Não gozar,
Não rir,
Não olhar.
Afinal,
A realidade
Desfaz o desejo
Como manifesto ato
De imaginações urgentes.
Transforma tudo
Em decepção,
Hiato,
Lamento,
No trágico movimento
Dos atos e gestos...
É não querer nada,
Não pensar em nada,
Não sonhar,
Não gozar,
Não rir,
Não olhar.
Afinal,
A realidade
Desfaz o desejo
Como manifesto ato
De imaginações urgentes.
Transforma tudo
Em decepção,
Hiato,
Lamento,
No trágico movimento
Dos atos e gestos...
segunda-feira, 25 de março de 2013
MICRO INDIVIDUALIDADE
O fortuito e o cotidianamente
vivido,
A banalidade de todos os dias
É tudo que nos resta
Entre as ruínas
Do velho edifício da condição
humana.
O infinitesimal da existência,
Que escapa a análise
E aos discursos,
É agora
Tudo que somos
Na implosão de nossos egos
Em revolucionárias partículas
De individualidade.
sexta-feira, 22 de março de 2013
ESTRANHAMENTO
Não me reconheço
No som da minha voz,
Nos pequenos atos
Que escrevem a vida.
Não me reconheço
Em meus pensamentos
E memórias,
Na familiaridade
Dos rostos
Que deixei lá fora.
Não me reconheço
Em nada.
Quase não existo...
No som da minha voz,
Nos pequenos atos
Que escrevem a vida.
Não me reconheço
Em meus pensamentos
E memórias,
Na familiaridade
Dos rostos
Que deixei lá fora.
Não me reconheço
Em nada.
Quase não existo...
segunda-feira, 11 de março de 2013
MORALIA
Moro no subúrbio
Dos sonhos
E nos erros da imaginação.
Moro onde não existe
Abrigo
E a liberdade
Arde sobre a pele
Suja e tatuada
Pela ilusão de um chão.
Dos sonhos
E nos erros da imaginação.
Moro onde não existe
Abrigo
E a liberdade
Arde sobre a pele
Suja e tatuada
Pela ilusão de um chão.
quinta-feira, 7 de março de 2013
FRUSTRAÇÕES
Todas as coisas perdidas
Ou não vividas
Gritam em meu intimo.
Sofro suas ausências,
O quase desespero
De suas irrealizações .
Falta-me
Algo sem forma ou nome,
Uma urgência.
O fato
É que
Sou em tudo
Essas minhas coisas perdidas
Ou não vividas
Que me gritam
Por dentro.
Ou não vividas
Gritam em meu intimo.
Sofro suas ausências,
O quase desespero
De suas irrealizações .
Falta-me
Algo sem forma ou nome,
Uma urgência.
O fato
É que
Sou em tudo
Essas minhas coisas perdidas
Ou não vividas
Que me gritam
Por dentro.
segunda-feira, 4 de março de 2013
IMPASSE
Quase não há dia seguinte,
Apenas o passado quebrado
E inútil,
Obstruindo
O caminho do agora.
O tempo pesa nos ombros
E os pensamentos dormem.
Nada a fazer...
Pouco a querer...
O amanhã é neste instante
Um passo opaco
No horizonte.
Apenas o passado quebrado
E inútil,
Obstruindo
O caminho do agora.
O tempo pesa nos ombros
E os pensamentos dormem.
Nada a fazer...
Pouco a querer...
O amanhã é neste instante
Um passo opaco
No horizonte.
IMPRECISÃO LÚDICA
Quantas vezes nos buscamos na liberdade lúdica dos fatos?
Nenhuma alegria povoa os dias sem um bom sopro de irresponsabilidade lúdica.
Precisamos sempre estar acertando contas com as formalidades e pragmatismos do dia a dia, despidos, mesmo que provisoriamente, de nossas coerências, comprometimentos e sociabilidades.
De que outra forma suportaríamos ser quem somos?
Todos precisamos de uma fuga, de algumas horas de evasão, que nos lembrem que nunca somos demasiadamente quem realmente somos...
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