As cores explodem
Em um campo de girassóis.
Tudo parece perfeito
E frágil na paisagem
Que me beija os olhos
Em festa de cores e luz.
Posso escutar a matéria
Em forma de natureza
Na simplicidade de ser
No acontecer do tempo
Preso a quase realidade
De um belo jardim...
From you have
I been absent in the spring...
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
segunda-feira, 2 de novembro de 2009
SOBRE A MORAL E A MASCARA by PATRICE BOLLON
Em A MORAL DA MASCARA, obra original de Patrice Bollon, somos desafiados pela virtualidade de indivíduos que, em diversos momentos da modernidade, através do simbolismo das vestes e das aparências desafiaram o senso comum e os valores estabelecidos por intermédio do superficial e banal de seus “sinais exteriores de comportamento”.
Como esclarece o autor:
“Sempre existiram indivíduos - nem sempre jovens e ainda menos necessariamente “marginais”- que se expressassem e se afirmassem através de um estilo, simples pose de traje ou então um modo de vida global em ruptura com as normas, aceitas por sua época, da “elegância”, do “bom gosto” e da “respeitabilidade”. Homens - e certamente mulheres também – que pretendem com sua aparência contestar um estado de coisas, uma escala de valores, uma hierarquia de gostos, uma moral, hábitos, comportamentos, uma visão de mundo ou um projeto, tais como são refletidos pelo traje dominante, pelo estilo obrigatório ou pela referência estética comum da sociedade em que vivem. Enfim, homens e mulheres que são, querem ser ou se imaginam “outros”, diferentes, estranhos, singulares e pretendem mostrá-lo com o que se vê em primeiro lugar, a aparência.”
(Patyrice Bollon. A Moral da Mascara: Merveilleux, Zazous,Dândis,Punks, etc. Tradução de Ana Maria Scherer. RJ: Rocco, 1993, p. 11 )
Somos, assim, introduzidos através desta singular pesquisa no universo simbólico dos petis-maîtres, roués e libertinis franceses do séc. XVII, decadents, pâmés e apaches do final do século XIX, os teddy boys londrinos das ruelas de East End londrina, punks,rockabillys,skinheads,skas, heavy metal kids, rastas, soul boys dos anos 70, etc... em sua profundidade pelo superficial da aparência.
Todos os estilos aqui citados, em diferentes épocas, contextos históricos e culturais, funcionam como projeções simbólicas, fantasmas sociais, que não descrevem ou denunciam a realidade, mas a imaginam, a reinventam com suas cores e alegorias. São ficções vivas que contam a si mesmas e aos outros em um modo de ser que é recusa de toda identidade na moral da singularidade que caracteriza de um modo geral a inquietude cultural recorrentemente manifesta principalmente nos fins de século....
FREDERIC JAMESON E O PROBLEMA DA CONTINGÊNCIA NO "MODERNISMO TARDIO"
Apesar de francamente avesso a leitura que Frederic Jameson faz das modernidade, considero bastante pertinente sua leitura da literatura do modernismo tardio apresentada em um dos ensaios que compõem a coletânea A Modernidade Singular (A Singular Modernity). Refiro-me mais especificamente a suas considerações em torno da apropriação moderna do conceito medieval de contingência. Tomando como exemplo a obra de autores como Nabokov, Beckett, Joyce, Sartre, etc. Jamenson sustenta que a matéria prima a partir da qual suas narrativas são construídas pressupõem uma desfiguração do conteúdo decorrente de uma incapacitação ou deficiência universal da realidade.
Jameson nos chama, portanto, atenção para a difícil equação entre autonomia da linguagem estética e codificação da realidade no dito modernismo tardio que traduz uma profunda crise epistemológica inerente a própria modernidade, ou seja, uma generalizda crise de representação ou codificação da realidade:
“... Diremos aqui, justificadamente, que se pode detectar muito antes do problema da contingência, em todos os próprios modernismos originais, como um indício do fracasso completo da forma para dominar e se apropriar do conteúdo que a obra destinou a si mesma ( ou melhor, que ela se destinou e propôs incorporar, como tarefa). O conceito de contingência é evidentemente um conceito ainda mais antigo, que surge na teologia medieval, onde constitui a única instância de algo que, escandalosamente, é impossível de se assimilar ao universal que constitui a sua idéia e que é associado ao divino. A contingência, assim, é a palavra para o fracasso da idéia, o termo para o que é radicalmente ininteligível, e antes pertence ao campo conceitual da ontologia do que ao das diversas epistemologias que se seguem e que substituem uma filosofia ontológica no período “moderno” ( ou desde Dercartes). A referencia medieval é, assim, de muita utilidade, na verdade, na medida em que sublinha a temporalidade do conceito, suas marés e correntezas nas vicissitudes da história, como um indício de alguma ruptura do processo ou sistema conceitual. Mas a crise da epistemologia, assinalada pelo ressurgimento do problema da contingência no século XIX ( ou desde Kant) é talvez mascarada primeiramente pelo prestigio da ciência emergente e pela transferência das afirmações epistemológicas para aquele campo totalmente novo da produção intelectual, que só começa a experimentar a sua própria crise epistemológica quando já bem avançado no século XX. De qualquer forma, desejo postular uma sutil e ao mesmo tempo fundamental distinção entre as preocupações estéticas com a sorte e o acidente, como as que deram forma ao alto modernismo, e os problemas, menos temáticos e mais formais representacionais, colocados pela contingência, no que tenho chamado de modernismo tardio.
Eis um argumento ardiloso para apresentar: a antiga idéia medieval ( seria ela realmente um conceito em algum sentido positivo?) é estrategicamente revivida pelos novos existencialismos e reencenada de forma mais enfática por Sartre, que nos informa que tinha algo a ver com as idas ao cinema, quando criança: sair de um teatro que, humanamente, produzia imagens humanas era o mesmo que suportar o choque da existência de um mundo real à luz de um barulhento dia urbano. A experiência da contingência, assim, não depende apenas de uma determinada percepção do mundo, mas tem também, como precondição fundamental, uma experiência da forma com a qual aquele mundo é dramaticamente comparado.
Mas já não era o cubismo uma tentativa de fazer face a tal experiência, multiplicando os cacos da forma, nos quais a explosão do velho objeto estável do dia a dia fora transformado? E não dá, cada linha do Ulisses, testemunho de uma realidade empírica sempre em mutação, que as múltiplas formas de Joyce ( desde o paralelo com a Odisséia até o formato em capítulos e a própria estrutura das sentenças) são incapazes de dominar? O que pretendo discutir aqui, muito apressadamente, é que entre os modernos essa forma jamais é dada antecipadamente: ela é gerada experimentalmente no encontro, conduzindo enganosamente a formações que jamais poderiam ser previsíveis ( e cujas multiplicidades, incompletas e intermináveis, são amplamente demonstradas pelos incontáveis modernismos).”
( Frederic Jameson. Modernidade Singular: Ensaio sobre a ontologia do presente. Tradução de Roberto Francisco Valente. RJ: Civilização Brasileira, 2005, p. 239 et seq. )
Tudo que Jameson procura afirmar é que a contingência no modernismo tardio funda-se na dialética entre a forma estética em si ( autonomia da arte) e os fatos brutos e concretos da realidade que, significativamente, contradizem a pretensão de uma autonomia estética. Assim, a substituição dos obscuros absolutos estéticos do modernismo clássico pelas autonomias estéticas do modernismo tardio conduzem a uma literatura mais cotidiana e associada à existência concreta recusada pelo pós modernismo. Para oautor, é bom lebrar, de ascendência marxista, é inconcebível uma literatura divorciada da realidade social...
Pessoalmente, creio que, justamente por isso, Jamenson subestima seu próprio argumento ao não reconhecer nele a constatação de uma profunda crise ou saturação de nossas formas de representação tradicionais da realidade e codificação social do mundo que põe em xeque o paradigma moderno e suas ilusões.
sábado, 31 de outubro de 2009
WHAT SHOULD I WEAR FOR HALLOWEEN?
Nosso contemporâneo Halloween(Wallow Evening) tem pouco a ver com a antiga celebração do Samhain que ocorria entre os povos celtas que habitavam na antiguidade regiões como a antiga Gália e as Ilhas Britânicas e sobre os quais muito pouco sabemos.
O único ponto comum com o arcaico festival do fim de verão que marcava o fim do ano no calendário das culturas celtas, parece ser a vaga menção ao culto aos mortos ou aos antepassados.
Já dentre as inovações posteriores, a mais significativa parece-me ser o acréscimo de disfarces ou fantasias que remonta a introdução de representações cênicas a festividade durante a Idade Média.
O folclore associado à bruxaria é mais recente e indica uma significativa tendência no imaginário social para associar o Halloween ao burlesco e ao carnavalesco. O que lhe proporciona um potencial rebelde e contestatório de uma ordem social vigente ainda fortemente marcada pela herança da tradição judaico cristã.
Nas ultimas décadas, entretanto, muitos grupos neo- pagãos sediados principalmente em paises de ascendência angro saxã, procuram resgatar uma suposta “autenticidade” da festividade.
O fato é que de todas as datas comemorativas do calendário, o Halloween é, certamente, a mais popular e atraente. Talvez também a mais “viva”, uma vez que seus conteúdos e códigos são mutáveis e seus sentidos e significados diversos e múltiplos.
Assim, resta-me aqui apenas perguntar:
WHAT SHOULD I WEAR FOR HALLOWEEN?
O único ponto comum com o arcaico festival do fim de verão que marcava o fim do ano no calendário das culturas celtas, parece ser a vaga menção ao culto aos mortos ou aos antepassados.
Já dentre as inovações posteriores, a mais significativa parece-me ser o acréscimo de disfarces ou fantasias que remonta a introdução de representações cênicas a festividade durante a Idade Média.
O folclore associado à bruxaria é mais recente e indica uma significativa tendência no imaginário social para associar o Halloween ao burlesco e ao carnavalesco. O que lhe proporciona um potencial rebelde e contestatório de uma ordem social vigente ainda fortemente marcada pela herança da tradição judaico cristã.
Nas ultimas décadas, entretanto, muitos grupos neo- pagãos sediados principalmente em paises de ascendência angro saxã, procuram resgatar uma suposta “autenticidade” da festividade.
O fato é que de todas as datas comemorativas do calendário, o Halloween é, certamente, a mais popular e atraente. Talvez também a mais “viva”, uma vez que seus conteúdos e códigos são mutáveis e seus sentidos e significados diversos e múltiplos.
Assim, resta-me aqui apenas perguntar:
WHAT SHOULD I WEAR FOR HALLOWEEN?
MATURIDADE
Jamais compreendi
Aquilo que chamam de maturidade,
Aquele sóbrio estado de espírito
No qual aprendemos a lidar
Objetivamente com as coisas,
Sem ilusões
Ou grandes expectativas.
Jamais compreendi serenidades
Em meio ao caos de vontades
Que define a existência.
Talvez a maturidade
Não passe de uma utopia vazia
A alimentar mentiras e vaidades
Na ingenuidade de falsos sábios...
Aquilo que chamam de maturidade,
Aquele sóbrio estado de espírito
No qual aprendemos a lidar
Objetivamente com as coisas,
Sem ilusões
Ou grandes expectativas.
Jamais compreendi serenidades
Em meio ao caos de vontades
Que define a existência.
Talvez a maturidade
Não passe de uma utopia vazia
A alimentar mentiras e vaidades
Na ingenuidade de falsos sábios...
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
DISCOVERY...
Procuro a segurança
Do vazio de estar
Perdido em mim mesmo
Na festa de silêncios
Que me acordam o cotidiano da vida...
Mas nada importa!
Nada me leva a nada...
Pois tenho o mundo inteiro
Desenhado no virtual registro
De minhas fatigadas retinas
Abertas para paisagens distantes
No inesperado da imaginação
E das vontades de manhãs
De céu aberto em sol e chuva...
Do vazio de estar
Perdido em mim mesmo
Na festa de silêncios
Que me acordam o cotidiano da vida...
Mas nada importa!
Nada me leva a nada...
Pois tenho o mundo inteiro
Desenhado no virtual registro
De minhas fatigadas retinas
Abertas para paisagens distantes
No inesperado da imaginação
E das vontades de manhãs
De céu aberto em sol e chuva...
A PÓS MODERNIDADE E O NADA...
Existe de fato na condição humana um princípio que nos ultrapassa no mais irracional aleatório acontecer do “eu”.
Não se trata aqui de uma ponderação metafísica. Desenho apenas a razoável hipótese de que nossos mais profundos silêncios e vazios são reais e, assim, defronto-me com a vivência mais radical da existência em vertiginosa e caótica sensação de que nada que me define me faz real...
Tudo em que existo pressupõe, portanto, uma indeterminação ontológica sem a qual a codificação do mundo através da linguagem não faria qualquer sentido...
Em todos os concebíveis significados, somos apenas sombras de nós mesmos em ilusões de tempo e espaço...
quarta-feira, 28 de outubro de 2009
DESTINY
A entre aberta porta
Da sorte
Pode surgir
Em qualquer esquina,
Como um destino,
Um desafio,
Ou, simplesmente,
Uma distração de rotinas.
Tudo quase desaparece
No ocorrer de fatos
Na profusão irracional
De pequenas e preciosas
Mundanças...
REAL FUTURE
Não espero da vida
A perfeição de algum
Sonho antigo,
Apenas a branda alegria
De cada dia
Entre esperanças
E apostas
Na invenção de magros horizontes.
Sei que no vazio acontecer
De algum tempo futuro
Encontrarei ansioso
Algum atemporal pedaço
De primavera e existência...
terça-feira, 27 de outubro de 2009
UM FRAGMENTO DE ORLANDO by VIRGINIA WOOLF
Uma passagem em especial do capitulo VI do ORLANDO de Virginia Woolf me fascina por sua complexa simplicidade ao questionar, mediante subjetivas interpretações de pequenas e cotidianas imagens de natureza, o próprio significado da vida sem sobriamente oferecer qualquer resposta ...
“... Continuaremos, pois, a explorar esta manhã de verão em que todos estão adorando a flor da ameixa e a abelha. E cantarolando vamos perguntar ao estorninho ( pássaro mais sociável que a calhandra) em que pensa, à beira da caixa de lixo, de onde recolhe, por entre os gravetos, restos de cabelo do cozinheiro. Que é a vida? Perguntamos, no portão da granja. Vida, vida, vida, grita o pássaro, como se estivesse ouvindo e soubesse precisamente o que queremos dizer, com este maçante hábito de fazermos perguntas dentro e fora de casa, e vai piando e piando margaridas, como fazem os escritores quando não sabem o que hão de dizer em seguida. E então, diz o pássaro, que eles vêm aqui, e me perguntam o que é a vida; vida, vida, vida.
Arrastamo-nos pelo caminho do brejo, até o cabeço do morro, azul-vinhoso e púrpura escuro, e atiramo-nos ao chão, e sonhamos, vendo um gafanhoto carregar para casa uma palinha. E ele diz ( se a cicios como os seus ser dado nome tão sagrado e terno) que a vida é trabalho, ou assim interpretamos o ruído de seu gasnete sufocado de pó. E a abelha e a formiga concordam, mas se ficarmos aqui bastante tempo e interrogarmos as mariposas, quando chegam a noite, insinuando-se por entre as campânulas mais pálidas do que elas, sussurrarão aos nossos ouvidos coisas sem sentido, como as que se ouvem nos fios telegráficos, em tempestades de neve: hi-hi-há. É riso! Dizem as mariposas.
Tendo, pois ,interrogado o homem, o pássaro e os insetos, porque os peixes- dizem os homens que têm vivido em grutas verdes, solitários, anos inteiros,, para ouvi-los falar -, os peixes nunca, nunca falam, e assim talvez saibam o que a vida é; tendo interrogado a todos sem ganharmos em ciência, e apenas aumentado em velhice e frio ( pois não tínhamos implorado o dom de aprisionar num livro uma coisa tão difícil, tão rara, que se pudesse jurar ser o sentido da vida?), voltemos para trás e digamos diretamente ao leitor que ansiosamente espera ouvir o que é a vida: - ai de nós, não o sabemos.”
( Virgina Woolf. Orlando/tradução de Cecília Meireles. RJ: Nova Fronteira, 1978, p. 152-15 3)
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