segunda-feira, 2 de novembro de 2009

SOBRE A MORAL E A MASCARA by PATRICE BOLLON



Em A MORAL DA MASCARA, obra original de Patrice Bollon, somos desafiados pela virtualidade de indivíduos que, em diversos momentos da modernidade, através do simbolismo das vestes e das aparências desafiaram o senso comum e os valores estabelecidos por intermédio do superficial e banal de seus “sinais exteriores de comportamento”.

Como esclarece o autor:
“Sempre existiram indivíduos - nem sempre jovens e ainda menos necessariamente “marginais”- que se expressassem e se afirmassem através de um estilo, simples pose de traje ou então um modo de vida global em ruptura com as normas, aceitas por sua época, da “elegância”, do “bom gosto” e da “respeitabilidade”. Homens - e certamente mulheres também – que pretendem com sua aparência contestar um estado de coisas, uma escala de valores, uma hierarquia de gostos, uma moral, hábitos, comportamentos, uma visão de mundo ou um projeto, tais como são refletidos pelo traje dominante, pelo estilo obrigatório ou pela referência estética comum da sociedade em que vivem. Enfim, homens e mulheres que são, querem ser ou se imaginam “outros”, diferentes, estranhos, singulares e pretendem mostrá-lo com o que se vê em primeiro lugar, a aparência.”

(Patyrice Bollon. A Moral da Mascara: Merveilleux, Zazous,Dândis,Punks, etc. Tradução de Ana Maria Scherer. RJ: Rocco, 1993, p. 11 )

Somos, assim, introduzidos através desta singular pesquisa no universo simbólico dos petis-maîtres, roués e libertinis franceses do séc. XVII, decadents, pâmés e apaches do final do século XIX, os teddy boys londrinos das ruelas de East End londrina, punks,rockabillys,skinheads,skas, heavy metal kids, rastas, soul boys dos anos 70, etc... em sua profundidade pelo superficial da aparência.
Todos os estilos aqui citados, em diferentes épocas, contextos históricos e culturais, funcionam como projeções simbólicas, fantasmas sociais, que não descrevem ou denunciam a realidade, mas a imaginam, a reinventam com suas cores e alegorias. São ficções vivas que contam a si mesmas e aos outros em um modo de ser que é recusa de toda identidade na moral da singularidade que caracteriza de um modo geral a inquietude cultural recorrentemente manifesta principalmente nos fins de século....













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