O ano de 1968 é considerado um dos principais marcos da história do século XX. Podemos tomá-lo como o momento que melhor sintetizou toda a efervescência cultural e política que marca profundamente os míticos anos 60.
Afinal, 1968 foi o ano das barricadas de Paris, da Primavera de Praga, da intensificação do movimento pacifista contra a guerra do Vietnã, do lançamento de Srgt. Peper’s dos Beatles, etc.
Mas, quarenta anos depois, ainda estamos longe de uma avaliação satisfatória dos movimentos libertários e contestatórios de juventude que em linhas gerais, em suas diversas tendências, colocaram, então, em xeque a cultura estabelecida ao ponto de, em alguns casos, conduzir a um questionamento profundo da própria idéia de sociedade, levando-se em conta certas leituras da chamada contra-cultura.
Afinal, o que foi exatamente 1968? Marcelo Ridenti, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, em um pequeno ensaio sobre o assunto, nos oferece o seguinte panorama:
“ Foram características dos movimentos libertários de 1968 no mundo todo: inserção numa conjuntura internacional de prosperidade econômica; crise do sistema escolar; ascensão da ética da revolta e da revolução; busca de alargamento dos sistemas de participação política, cada vez mais desacreditados; simpatia pelas propostas revolucionárias alternativas ao marxismo soviético; recusa de guerras coloniais ou imperialistas, negação da sociedade de consumo; aproximação entre arte e política; uso de recursos de desobediência civil; ânsia de libertação pessoal das estruturas do sistema ( capitalista ou comunista); mudanças comportamentais; vinculação estreita entre lutas sociais amplas e interesses imediatos das pessoas; aparecimento de aspectos precursores do pacifismo, da ecologia, da antipsiquiatria, do feminismo, do movimento de homossexuais, de minorias étnicas e outros que viriam a desenvolver-se nos anos seguintes.
Já se disse, com propriedade: o ano de 1968 não deve ser mitificado, mas sua importância tão pouco ser minimizada. As contestações de 1968 marcaram a História contemporânea. A profundidade e extensão dessas marcas são até hoje objeto de muita discussão.Talvez o fascínio de 1968 venha de sua ambigüidade na promessa de construir formas de futuro renovadas, quer de um novo tipo de capitalismo, quer de socialismo. No entanto, o peso do passado viria a provar-se muito maior do que os militantes de 1968 supunham- tão grande que muitos militantes da época viriam a passar para o campo conservador vitorioso, chegando até mesmo a ocupar cargos como os de primeiros-ministros e presidentes da República de governos que adotam medidas neoliberais em todo o mundo hoje. Em que medida as promessas libertárias de 1968 foram, não foram, estão sendo ou ainda poderão ser cumpridas? As interrogações sobre 1968 permanecem abertas.
(Marcelo Ridenti. 1968: Rebeliões e utopias. In O Séc. XX/ v.3 O tempo das Duvidas: do declínio das utopias às globalizações. Organização: Daniel Aarão Reis Filho. Jorge Ferreira, Celeste Zenha. RJ: Civilização Brasileira, 2000; p. 156, 157)
Afinal, 1968 foi o ano das barricadas de Paris, da Primavera de Praga, da intensificação do movimento pacifista contra a guerra do Vietnã, do lançamento de Srgt. Peper’s dos Beatles, etc.
Mas, quarenta anos depois, ainda estamos longe de uma avaliação satisfatória dos movimentos libertários e contestatórios de juventude que em linhas gerais, em suas diversas tendências, colocaram, então, em xeque a cultura estabelecida ao ponto de, em alguns casos, conduzir a um questionamento profundo da própria idéia de sociedade, levando-se em conta certas leituras da chamada contra-cultura.
Afinal, o que foi exatamente 1968? Marcelo Ridenti, professor do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da UNICAMP, em um pequeno ensaio sobre o assunto, nos oferece o seguinte panorama:
“ Foram características dos movimentos libertários de 1968 no mundo todo: inserção numa conjuntura internacional de prosperidade econômica; crise do sistema escolar; ascensão da ética da revolta e da revolução; busca de alargamento dos sistemas de participação política, cada vez mais desacreditados; simpatia pelas propostas revolucionárias alternativas ao marxismo soviético; recusa de guerras coloniais ou imperialistas, negação da sociedade de consumo; aproximação entre arte e política; uso de recursos de desobediência civil; ânsia de libertação pessoal das estruturas do sistema ( capitalista ou comunista); mudanças comportamentais; vinculação estreita entre lutas sociais amplas e interesses imediatos das pessoas; aparecimento de aspectos precursores do pacifismo, da ecologia, da antipsiquiatria, do feminismo, do movimento de homossexuais, de minorias étnicas e outros que viriam a desenvolver-se nos anos seguintes.
Já se disse, com propriedade: o ano de 1968 não deve ser mitificado, mas sua importância tão pouco ser minimizada. As contestações de 1968 marcaram a História contemporânea. A profundidade e extensão dessas marcas são até hoje objeto de muita discussão.Talvez o fascínio de 1968 venha de sua ambigüidade na promessa de construir formas de futuro renovadas, quer de um novo tipo de capitalismo, quer de socialismo. No entanto, o peso do passado viria a provar-se muito maior do que os militantes de 1968 supunham- tão grande que muitos militantes da época viriam a passar para o campo conservador vitorioso, chegando até mesmo a ocupar cargos como os de primeiros-ministros e presidentes da República de governos que adotam medidas neoliberais em todo o mundo hoje. Em que medida as promessas libertárias de 1968 foram, não foram, estão sendo ou ainda poderão ser cumpridas? As interrogações sobre 1968 permanecem abertas.
(Marcelo Ridenti. 1968: Rebeliões e utopias. In O Séc. XX/ v.3 O tempo das Duvidas: do declínio das utopias às globalizações. Organização: Daniel Aarão Reis Filho. Jorge Ferreira, Celeste Zenha. RJ: Civilização Brasileira, 2000; p. 156, 157)