Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 27 de agosto de 2007
A ALMA DO MUNDO
O mundo se diz nos olhos,
é imagem viva do sonho
de mim mesmo,
ou a quase realidade
de um vento de pensamento
que me conduz a qualquer lembrança
de um instante distante
de paz de infância.
O mundo se diz nos olhos
mas não cabe em qualquer ângulo
do meu olhar,
escapa-me em cada paisagem
como um onipresente segredo
oculto em natureza e acaso
na alma de cada coisa .
quinta-feira, 23 de agosto de 2007
MANHÃ QUASE AMANHÃ
Um sonho provisório
de apreensiva noite
escreve esperanças
em meus lábios.
Descanço a sombra da realidade
imaginando o não vivido
de todos os meus dias somados.
Quem me dera poder aprender
a ser tão profundamente eu mesmo
até o ponto de surpreender-me outro,
esquecer-me ou abandonar-me
em qualquer lugar de mim mesmo.
TOMMY OU A EXISTÊNCIA EM SI MESMO...
O The Who entrou para história do Rock britânico como uma banda inigualavelmente barulhenta ou selvagem... Definitivamente em seu som há um ser selvagem e livre na magia de existir que não vem ao caso no momento. Mais importante é falar sobre sua grandiosa opera rock...
A origem de Tommy encontra-se em um momento difícil da banda e inspira-se nos ensinamentos do mistico indiano Meher Baba. A ideia central desta singular e única opera psicodélica é a de que quanto mais nos surpreendemos presos ao imediato da existência mais nos distanciamos de nós mesmos... Tommy é um garoto que se torna surdo, cego e mudo quando testemunha a morte do pai nas mãos da mãe e do padrasto e, aos poucos, descobre seu próprio mundo até se tornar um messias. Mas seu caminho é apenas seu e somente no “parlamentar” da música sua “mensagem se torna comunicável aos seus seguidores. Sua unica mensagem, no fundo, é o aprendizado da própria individualidade desfeita em um sol branco que ilumina tudo que há no particular de si mesmo...
HANNAH ARENT: FRAGMENTO SOBRE O SIGNIFICADO DO PENSAR
“...A solidão ocorre quando estou sozinho, mas incapaz de dividir-me no dois em um, incapaz de fazer-me companhia, quando, como Jaspers dizia”eu falto a mim mesmo” (ich bleibe mir aus), ou, em outras palavras, quando sou um sem companhia.
O fato é que o estar só, enquanto dura a a tividade de pensar, transforma a mera consciência de si- que provavelmente compaertilhamos com os animais superiores- em uma dualidade é talvez a indicação mais convincente de que os homens existem essencialmente no plural. E é essa dualidade do eu comigo mesmo que faz do pensamento uma verdadeira atividade na qual sou ao mesmo tempo quem pergunta e quem responde. O pensamento pode se tornar dialético e crítico porque ele ele se submete a esse processo de perguntas e respostas, ao dialogo do dialegesthai, o qual é na verdade, “viagem através das palavras” (poreuesthai dia ton logon) em que constantemente levantamos a pergunta socrática básica: o que você entende por...? Só que este legein, este dizer, é sem som e, portanto, é tão rápido que sua estrutura dialógica torna-se um tanto difícil de detectar.
Hannah Arendt. A Vida do Espírito: O Pensar, O querer, O julgar.RJ: Relume Dumará, 2º ed., p.139.
ROTINA A CONTRAPELO
a cada surpresa de dia
que me surpreende
em raios de sol.
Toda manhã é unica e infinita
no grito da minha existência;
é vida a se buscar e perder
nos labirintos abstratos
do tempo que me nega e faz.
Tudo é infinito
quando pulamos nos abismos
das duvidas e incertezas
que nos definem o próprio ser.
terça-feira, 21 de agosto de 2007
C.G.JUNG: FRAGMENTO SOBRE FANTASIA
“...A questão propõe-se do seguinte modo: o que, para este indivíduo, e neste dado momento, surge como um progresso à altura da vida? Nisto não pode ser respondido por nenhuma ciência, por nenhuma sabedoria de vida, por nenhuma religião, por nenhum bom conselho, mas só pela consideração absolutamente sem preconceitos da semente de vida psicológica que se expande da cooperação natural do consciente e do inconsciente, por um lado, e do individual coletivo, por outro. Onde encontramos esta semente de vida? Alguns a procuram no consciente, outros no inconsciente. O consciente, porém, é apenas um aspecto, e o inconsciente é outro.
Encontramos na fantasia criadora a função unitiva que estamos buscando. Nela fluem conjuntamente os elementos atuantes que estamos buscando. Nela fluem conjuntamente os elementos atuantes que se oferecem. A fantasia, entretanto, goza de má reputação entre os psicólogos. As teorias psicanalíticas, até o presente momento, não a levaram em conta. Para Freud, bem como para Adler, a fantasia não é mais do que um véu “simbólico” que dissimula as tendências ou impulsos primitivos, pressupostos por ambos os investigadores. Podemos contrapor a issas opiniões – não relativamente ao fundamento teórico, mas essencialmente por razões práticas - o fato de que a fantasia pode ser explicada ou desvalorizada em função de sua causalidade; mas apesar disso ela é o regresso materno onde tudo é gerado e que possibilita o crescimento da vida humana. A fantasia tem, em si mesma, um valor irredutível enquanto função psíquica, cujas raizes mergulham tanto nos conteúdos conscientes como nos inconscientes, e tanto no coletivo como no individual.
Mas de onde adveio sua má reputação? Antes de mais nada, da circunstância de que ela não pode ser tomada ao pé da letra. Se ela for compreendida concretamente, é carente de valor. Se for compreendida, como queria Freud, semanticamente, é interessante do ponto de vista científico; mas se a compreendermos como verdadeiro símbolo hermeneutico, então ela nos apontará a direção necessária para conduzir nossa vida em harmonia com nosso ser mais profundo.”
( C.G.JUNG. O Eu e o Inconsciente; tradução de Dora Ferreira da Silva. Petropolis; Vozes, 1985. ( Obras Completas de C.G. JUNG, v.7,t.2), p.145.
DESLOCAMENTO NACIONAL E IMPERIO NAS ILHAS BRITÂNICAS
A união das três coroas que ela representa origina-se dos atos de União de 1707, que fundiu o parlamento da Inglaterra e da Escócia, e o de 1800 que incorporou por sua vez o reino da Irlanda.
Pode-se dizer que o Reino Unido compreende um capítulo a parte na história política contemporânea européia a ponto de não ser incorreto falar de uma europa peninsular em contraponto a uma europa continental...
Mas a natureza tripice deste curioso reino não é livre de contradições ou complexidades. A historia majoris britanneae não exclui, por exempro a coexistência de um discurso ingles, escorces e irlandes relativamente autônomos, complementares e excludentes. Neste sentido, o chamado Reino Unido é uma entidade, um espectro complexo, condicionado a uma estrutura política indeterminada e fundada em uma universalidade instável a pairar sobre as ilhas britânicas.
Temos aqui um caso, até onde eu sei, único de deslocamento da centralidade das identidades nacionais ocorrido muito antes dos intensos debates sobre Pós modernidade dos anos 80 e 90 do último século. Não é difícil mensurar a dificuldade do tema para todos nós que aprendemos em caducos manuais de história os caminhos de formação do Estado Moderno a partir do tipo ideal do modelo Estado Nação, centralizado e incarnado por um dado ideal republicano, como um desdobramento natural e simples da “dupla revolução” representada pelas “revoluções” industrial e francesa.
Se o Reino Unido existe ainda hoje, mesmo que mais como um símbolo, um espectro, do que uma bem definida e consolidada realidade social e política, isso não o faz menos real e nem menos influente no imaginário contemporâneo. Certas ideias, afinal, são tão atraentes ao espirito que não precisam ganhar o rude corpo de uma constituição escrtita ou um altar entre os homens, elas se quer exigem perfeição.
SER E CONHECECER
Sei o infinito
mas não o conheço.
Como não me conheço
Sendo, entretanto,
Eu mesmo.
Tenho pouco a dizer sobre tudo.
Quase nada me permite
O pensamento...
Tão pouco é possível viver
No saber das coisas
Que me definem o mundo
Que chego a pensar
Que não existo
Ou que o mundo é outro
Longe de mim.
Que importa isso
Se eu mesmo
As vezes sou outro,
As vezes morro
E renasço em uma
Variação qualquer do meu rosto?
Nenhuma razão nos sustenta
Entre o céu e o chão.
segunda-feira, 20 de agosto de 2007
CRÔNICA RELÂMPAGO IV
domingo, 19 de agosto de 2007
ÍNTIMO DIA
Quem sabe o fundo louco
do caos da vida cotidiana,
o despropósito que rege
todas as coisas
e nos realiza?
Toda eternidade pode estar contida
no finito de um dia,
toda possibilidade de mim mesmo
pode explodir repentinamente
na aventura de uma noite qualquer
onde nada acontece...
Basta um dia
para saber o mundo,
um intenso e único dia
dentro de mim mesmo
espalhado em ventos
e existências errantes
na metafisica
de um momento qualquer.