terça-feira, 31 de maio de 2011

IN TIME



Ontem vivia
Em meu amanhã.

Hoje invejo os futuros
Que se perderam
No passado
Em alguns desvios
De inesperado presente.

Através deles          
O tempo se faz quimera
Em meus teimosos
Sonhos
De  amanhãs infinitos...

ABSTRAÇÃO DO EU E DO OUTRO


Meus pensamentos



Dormem


Em sua lembrança,


Falam teu rosto,


Inventam sonhos


Em cada encontro


No qual escapamos


Um ao outro


Ausentes dos futuros


Que nos adivinham


Em silêncio.



sábado, 28 de maio de 2011

PARA ALÉM DA EPISTEMOLOGIA DA MODERNIDADE



Desde Galilleu, Newton e Descartes a epistemologia moderna  sustentou-se sobre a premissa de uma realidade objetiva, na correspondência direta entre as palavras e as coisas em matemática formula linguistica, ou na frágil e utópica tese de ujma verdade em si mesma oculta passível de desvelamento embora independente das codificações humanas do real.

Foi apenas ao longo do ultimo século que o intelecto, através da fenomenologia, da filosofia da linguagem, do existencialismo  e do relativismo filosófico começou a desconstruir este positivismo racionalista recusando a falácia pós religiosa de um conhecimento objetivo das coisas, reduzindo a realidade a uma invenção humana.

Em outros termos, hoje já é possível transcender os fundamentos epistemológicos da modernidade formulando múltiplas gramáticas do real que já não pressupõe a verdade em seu sentido tradicional.

A objetividade da realidade não é mais um dogma universal     

terça-feira, 24 de maio de 2011

A ERA DOS INDIVIDUOS



“Mas nem uma pessoa, nem qualquer número de pessoas, tem permissão de dizer a outro ser humano de idade madura, que ele não deve fazer com sua vida para seu próprio benefício aquilo que escolhe fazer com ela.”

John Stuart Mill in ENSAIO SOBRE A LIBERDADE 

A mais crucial questão da contemporaneidade é a afirmação dos direitos individuais contra os arbítrios coletivos inspirados por princípios ou valores pretensamente universais ou de natureza “coletivista”.
Parto da premissa que em um cenário cultural definido pelo multiculturalismo e por uma pluralidade cada vez maior das escolhas e possibilidades de estratégias de construções biográficas, já não é mais aceitável que o individuo deva dar explicações “ a sociedade” sobre suas ações desde que estas não inviabilizem a fluidez latente  do jogo das sociabilidades que caracterizam o convívio humano.   
As “sociedades” pós industriais do sec. XXI alcançaram um estágio inédito civilizacional onde pela primeira vez tornou-se possível que a sociedade adéqüe-se ao individuo em vez do individuo adequar-se a “sociedade”... Nos encaminhamos cada vez mais para a transfiguração de todos os valores.     

domingo, 22 de maio de 2011

A GUITARRA COMO MITO NA CULTURA SOCIAL DO ROCK AND ROLL: APONTAMENTOS

UM DOS GRANDES ESTERIOTIPOS DO ROCK É SUA ASSOCIAÇÃO COM A GUITARRA COMO UM EMBLEMA. TAL REPRESENTAÇÃO É UMA CONSTRUÇÃO CULTURAL, UMA INVENÇÃO, PELO MENOS É O QUE SUPONHO PENSAM, PRINCIPALMENTE,  OS BAIXISTAS, QUE VALE A PENA INVESTIGAR.... 

Embora as primeiras guitarras elétricas tenham surgido nos USA nos anos 30 do último século, foi apenas nos anos 50, com a invenção  da guitarra de corpo solido e dos captadores, cujo grande marco foi  a comercialização em massa da Fender telecaster e  stratocater, que  se estabeleu um novo padrão para o instrumento que propiciou sua popularização.
Sem tal inovação técnica  Jimmy Hendrix ou Eric Clapton não teriam sido possíveis  como fundadores de uma nova codificação da cultura musical  do século XX que teria a guitarra como símbolo e expressão mais radical.

Neste contexto, pode-se dizer quer o CREAN foi a primeira banda a refletir esta nova tendência de afirmação da virtuosidade técnica em detrimento  dos conceitos e idéias personificados pela persona de uma banda ou seu caráter lúdico de mero enterterimento, significativamente, quase ao mesmo tempo que o lançamento do álbum  Are You Experienced? por Hendrix e uma banda significativamente bastante inorgânica.
 
Importante considerar também, que em fins dos anos 60 e inicio dos anos 70 o rock consolidou-se como uma sólida e lucrativa industria induzindo a uma maior profissionalização dos músicos e das rotinas de uma banda de rock em um contexto em que as questões políticas e ideológicas que marcaram o estilo principalmente na segunda metade dos anos 60 do sec. XX diluíam-se significativamente.  O próprio “poder jovem” e a estética psicodélica convertiam-se em uma linguagem de época ostentada em comerciais de TV e até personagens de desenhos animados como o até hoje famoso scobydoo. 

O fato é que a linguagem da guitarra elétrica, seus solos e outros recursos sonoros, ou nova "subjetividade estética", mesmo sem expressar toda riqueza da cultura musical e novo jeito de se fazer e viver musica introduzida pelo rock and roll, acabou se afirmando como seu mais perfeito símbolo. As razões disso não são tão obvias...

NOTA SOBRE A CONDIÇÃO ANIMAL HUMANA


AS PALAVRAS ATRAVÉS DAS QUAIS INVENTAMOS O MUNDO DISGASTAM-SE COM O TEMPO. 

TEMOS SEMPRE NECESSIDADE DE NOVAS GRAMATICAS E IMAGENS DE PENSAMENTO PARA REINVENTAR NOSSO SENTIMENTO DE MUNDO...

A ESSENCIA DA CONDIÇÃO HUMANA É, POR ISSO, UM LABIRINTO DE INCERTEZAS... 

UM DESAFIO CONSTANTE DE AFIRMAÇÃO DO LABOR E DOS ATOS DE NOSSA ESPÉCIE ANIMAL.   

terça-feira, 17 de maio de 2011

PREGUIÇA MATINAL


Os telhados ainda dormiam



Enquanto o sol se espregiçava


No escuro de uma relutante manhã.


Se quer ouivia-se o tempo


Sussurrando ao vento


o desbotar das horas


Entre os sonos.


Tudo ainda


Permanecia inerte


No mais silencioso


Dos tédios


E ocaso de existência…



domingo, 15 de maio de 2011

ex Astris, Scientia by STAR TREK


“Deixe-me fazer  o que sempre tentamos fazer em Star Trek. Espero diverti-los. Talvez até mesmo fazer com que  ria algumas vezes. E, quando sua guarda estiver  baixa, inserir uma e outra idéia  intensa.
Porque a ficção científica é um dispositivo notável para analisar a criatura humana e a condição humana. Na verdade, como Ray Bradbury disse, com freqüência, a ficção cientifica pode ser um dos últimos lugares em nossa sociedade em que o filósofo pode tão livremente ser errante, conforme optar por faze-lo.”

Do CD bônus Inside Star Trek with Gene Roddenberry ( Por dentro de Jornada nas Estrelas com Gene Roddenberry) incluído na 20ª edição de naiversário da trilha sonora para Jornada nas Estrelas: O filme ( Columbia/Legacy/1998) citado in Ex ASTRIS SCIENTIA in Jornada nas Estrelas e a Filosofia.  

NOBERT ELIAS E A DUALIDADE DO EU E DO NÓS


A coletânea A SOCIEDADE DOS INDIVÍDUOS é um clássico da literatura sociológica  cuja atualidade é cada vez mais evidente. Talvez nenhum autor mais do que ele abordou tão radicalmente o problema do “EU” e dos “NÓS” como essência do problema das sociabilidades humanas...  
   
“... o  homem singular depende agora muito mais de si próprio nas decisões  sobre a realização das relações,  a sua continuação ou o seu termino. No contexto duma permanência menor e de uma maior permutabilidade das relações, constituiu-se uma forma curiosa de hábito social. As estruturas das relações exige, das pessoas individuais, uma maior prudência, formas mais conscientes de auto-regulamentação, uma diminuição da expontaneidade no agir e no falar ao modelar as relações e lidar com elas.
Porém, esta determinação social das relações humanas não apagou a necessidade elementar, que cada um tem de calor irrefletido e de espontaneidade na relação com outras pessoas. Ela não fez desaparecer a necessidade de segurança e constância da afirmação afetiva da própria pessoa por outras pessoas,, nem o seu equivalente, o desejo de estar  junto das pessoas de quem gostamos. A elevada diferenciação social que está acompanhada duma  variabilidade  da pessoa singular igualmente elevada, por uma individualização igualmente elevada, acarreta uma grande heterogeneidade e variabilidade das relações pessoais. Uma de suas variantes com que não é raro deparamos-nos é caracterizada pelo conflito base já mencionado do EU, sem referência ao Nós: uma necessidade de calor afetivo, de afirmação afetiva de e por outras pessoas, associada à incapacidade de dar calor  espontâneo  de todo em todo. O hábito da prudência e do cuidado na concretização de relações, não sufocou, nestes casos, o desejo de dar  e de receber  calor afetivo  e estabilidade na relação com os outros,  mas sufocou a possibilidade tanto de dar como a de receber. Nestes casos os homens não estão a altura das exigências que uma forte afirmação afetiva  por uma outra pessoa implica. Eles procuram e desejam esta afirmação, mas perderam a capacidade de a retribuir com a mesma espontaneidade e o mesmo calor, quando se deparam com ela.
Revelou-se que o surto de individuação que podemos constatar, por exemplo nas transformações da associação  de parentes, e assim também da família no sentido mais  estreito da palavra, tem, em certos contextos, um caráter paradigmático, compreendemo-lo talvez melhor se nos lembrarmos que a associação familiar em fases anteriores  constituía a unidade de sobrevivência principal e totalmente indispensável. Ainda não perdeu  completamente esta função, nomeadamente no que se refere às crianças. Mas nos tempos modernos, o estado ( e, recentemente,assistência social) usurpou esta, como muitas outras funções da família. Primeiro sob a forma do principado absolutista, depois sob a forma do estado mono ou multipartidário, o nível de integração do estado tem  assumido, cada vez  para mais pessoas, o papel de unidade de sobrevivência principal, aparentemente indispensável e permanente.”

Nobert Elias. Transformação do Equilíbrio Nós e Eu ( 1987), in A SOCIEDADE DOS INDIVÍDUOS/ tradução Mario Matos. Portugal: Publicações Dom Quixote, 1993, pg. 1228-1229           

INDIVIDUALISMO E HEDONISMO NA CONTEMPORÂNEIDADE



Embora suas premissas remetam aos primórdios da época moderna, a individualização do individuo é um fenômeno essencialmente contemporâneo.

Só muito recentemente, com flexibilização do primado de um referencial social e universalista de realidade, tornou-se possível a singularidade humana apresentar-se como um lugar de invenção de significados,  portador de auto representações  ontológicas e detentor de certa autonomia  frente aos imperativos do existir compartilhado entre os outros.

A singularidade humana, entretanto, não coincide com estratégias de construção de significados, com a expectativa de um mundo significativo. Orienta-se, ao contrario, para o hedonismo de seu vir a ser prazeroso e sensível ,  para o efêmero e o imediatismo de um agora que se repete na gratuidade do tempo vivido.

Tal sentimento das coisas codificada pela autonomia do individuo singular tende gradativamente a modificar o modo como nos relacionamos uns com os outros ao permitir que as sociabilidades se estabeleçam mediante o mero intercâmbio de vontades e prazeres sem o imperativo de obediência as expectativas e moldes socialmente  estabelecidos em cada cultura para o intercambio entre os seres humanos.

Em poucas palavras, na contemporaneidade nos tornamos livres para não mais nos responsabilizarmos uns pelos outros a partir da acomodação a personas socialmente impostas, nos é agora facultado descobrir através uns dos outros o simples devir de nossa singularidade a partir de um infinito leque de possibilidades de invenção de nós mesmos....