quinta-feira, 3 de novembro de 2016

A EXISTÊNCIA SE INVENTA CONTRA CADA UM DE NÓS

Atualmente a produção de sentido e significado se tornou uma tarefa coletivamente ingrata. Já não há ideal de sociedade que nos sustente personas, hábitos sociais e memórias coletivas que definam um inequívoco mundo comum. Estamos condenados ao assombro de existir enterrados em nossas vidas individuais cuja privacidade é cada vez mais uma questão publica através das redes sociais.

Não há mais onde se esconder...


A existência socialmente se inventa contra cada um de  nós.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

DESCENTRAMENTO PÓS MODERNO

O descentramento do sujeito reside na desconsideração de um mundo significativo, pleno de sentido, na consciência de que os papeis sociais tradicionais e nossas personas sociais se diluíram. Tudo que  hoje nos define como sujeito é efêmero, provisório e complexo. É a diferença que se insinua em nossa consciência coletiva e não mais a identidade, seja ela qual for. 

Nos surpreendemos múltiplos, lidando com uma pluralidade interna e externa onde não é mais possível inequivocamente saber a realidade. Somos de certa forma estrangeiros em nossa própria realidade, pois ela se faz cada vez mais instável e definida pela ideia de crise.

DIANTE DO FUTURO

O que espero agora do futuro
É o simples acontecer da vida privada,
De um existir onde ainda predomine
Significados e sentimentos de mundo
Contra todas as evidências.
Preciso respirar o mar,
Mergulhar na terra
E me tornar o ar
No aprendizado do vento.
Os dias passam
Enquanto tento inventar

O meu canto.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

AFORISMO SOBRE O INDETERMINADO DO MUNDO

Pouco importa o que penso sobre o mundo, ele irá continuar existindo na pluralidade de opiniões.  Permanecerá sendo a revelia de minhas apostas e certezas.
Na desmedida de todas as coisas possíveis prefiro  existir sem rumo e sem direções.


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

REALIDADE VIRTUAL

O mínimo para viver hoje em dia, devido ás novas tecnologias, tornou-se dispendioso. Passamos a existir em nossas próteses eletrônicas, nos artificialismos do virtual, como uma nova dimensão ontológica. Ninguém vivencia plenamente a contemporaneidade sem estar conectado. A própria  consciência esta se tornando um simulacro de si mesma. Nada mais diz respeito aos fatos, mas a imagética do real, sua hiper realidade informacional. O limite entre a ficção e a realidade foi finalmente ultrapassado pela narrativa.  

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A MATÉRIA PRIMA DA VIDA

 O acontecer de uma vida humana não é objeto de qualquer ciência. É acima de tudo um ato de consciência na imediaticidade da experiência. Mesmo quando escrevemos uma autobiografia, o que ali se revela é apenas uma imagem de nossa própria existência. O essencial não pode ser compartilhado, nem mesmo cabe como objeto do pensamento.

O conjunto de fenômenos que define uma existência humana em suas diversas perspectivas, seja biológica, ontológica ou psicológica, personifica um somatório caótico de coisas. Algo dinâmico que, na falta de um termo mais preciso, denominamos  existência. Mas o existir só é um dado da experiência na medida em que a existência é em todos os sentidos aquilo que é exterior a si mesmo. Seu caráter é indeterminado. Existir não é um conceito ou uma conclusão, é simplesmente uma premissa. A existência é aquilo que escapa a linguagem. É o silencio que compartilhamos em nosso acontecer cotidiano.


INDIVIDUALISMO


O indivíduo se faz em sociedade oscilando entre autonomia e controle,
Entre o silêncio e o ato
Que define o abstrato do social.
É preciso que alguém esteja sempre inventando o futuro
Enquanto o tempo passa .
Não importa o passado que nos alimenta
E fica cada vez mais escasso.
Apenas existem indivíduos...

O individuo é seu próprio mundo.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O OFICIO DE PENSAR NA CONTEMPORANEIDADE

O lugar do pensamento na cultura contemporânea já não comporta o discurso da verdade, do universal. A sociedade ocidental Já não acredita mais no intelectual como aquele que “desvenda” a realidade e  receita o  futuro a partir de uma pretensa racionalidade histórica. Tal intelectual pós iluminista se defrontaria hoje com um mundo onde a pluralidade de verdades tornou impossível sua pretensão a qualquer discurso, mesmo que apenas consensualmente, universal.


Hoje, aqueles que ainda se dedicam a aventura do pensamento e da reflexão, já não tem a pretensão ingênua de transformar o mundo, de apontar para a  verdade como meta .Cabe, ao contrario,  problematizar o efêmero, produzir narrativas através das quais o pensamento se debruça sobre si mesmo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

BAUDRILLARD E A MORTE DO REAL

«Dissimular é fingir não ter ainda o que se tem. Simular é fingir ter o que não se tem. O primeiro refere-se a uma presença, o segundo a uma pura ausência. Mas é mais complicado pois simular não é fingir: " Aquele que finge uma doença pode simplesmente meter-se na cama e fazer crer que está doente. Aquele que simula uma doença determina em si próprio alguns dos respectivos sintomas.» (Littré). Logo, fingir ou dissimular deixam intacto o princípio da realidade: a diferença continua a ser clara, está apenas disfarçada, enquanto que a simulação põe em causa a diferença do "verdadeiro" e do "falso", do "real" e do "imaginário". O simulador está ou não doente, se produz "verdadeiros" sintomas? Objectivamente não se pode tratá-lo nem como doente nem como não doente» (Jean Baudrillard,Simulacros e Simulação, páginas 9-10, Relógio d´Água).


Para Baudrillard vivemos em um tempo de hiper realidade e simulacros  após a morte do real. Nossas meta narrativas quebradas, nosso subjetivismo incerto, sofrem as estratégias fatais do objeto.
Como em nenhuma outra época a ideia de verdade e as certezas pareceram tão frágeis em nossas imaginações do real.
Nossos enunciados estão finalmente a deriva...


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

POEMA QUASE DADAISTA

Preciso de um tempo para o nada,
Para o absurdo e a desconstrução.
Preciso quebrar o relógio,
A rotina e o efêmero cotidiano.

Preciso da vertigem,
De Apolo  através de Dionísio,
para que todos escutem
meu canto de Orfeu.

Escutem os silêncios
Que dentro de mim gritam
O céu noturno,
Enfeitem com sonho a existência do nada.
Transvalorizem todas as imaginações.