As coisas falam aos olhos.
Compartilham segredos
Sobre a existência,
O tempo e imanência,
Além de toda possibilidade
Da linguagem e do pensamento.
Tudo é dito como imagem e presença.
Tudo são as coisas
Inventando o olhar
Como lugar do outro,
Do multiplo e do incerto
Das sensações mais concretas.
As coisas habitam os olhos.
Mas não são o que diz a visão.
Elas ensinam o informe,
A indeterminação dos espaços,
Dos corpos,
Na intuição de uma quarta dimensão.
As coisas são umas nas outras.
Estão sempre em fluxo de composições, de composições.
Elas ensinam aos olhos o primado da incerteza do ser é do estar.
Os olhos são um apêndice das coisas.
Qualquer pintor sabe disso
Contra a objetividade da fotografia.