quarta-feira, 23 de setembro de 2020

OS OLHOS E AS COISAS

As coisas falam aos olhos.
Compartilham segredos 
Sobre a existência,
O tempo e imanência,
Além de toda possibilidade 
Da linguagem e do pensamento.

Tudo é  dito como imagem e presença.
Tudo são as coisas
Inventando o olhar
Como lugar do outro, 
Do multiplo e do incerto
Das sensações mais concretas.

As coisas habitam os olhos.
Mas não  são o que diz a visão. 
Elas ensinam o informe, 
A indeterminação dos espaços,
Dos corpos,
 Na intuição  de uma quarta dimensão.

As coisas são umas nas outras.
Estão  sempre em fluxo de composições,  de composições.
Elas ensinam aos olhos o primado da incerteza do ser é do estar.

Os olhos são  um apêndice das coisas.
Qualquer pintor sabe disso
Contra a objetividade da fotografia.







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