segunda-feira, 31 de outubro de 2016

AFORISMO SOBRE O INDETERMINADO DO MUNDO

Pouco importa o que penso sobre o mundo, ele irá continuar existindo na pluralidade de opiniões.  Permanecerá sendo a revelia de minhas apostas e certezas.
Na desmedida de todas as coisas possíveis prefiro  existir sem rumo e sem direções.


quarta-feira, 26 de outubro de 2016

REALIDADE VIRTUAL

O mínimo para viver hoje em dia, devido ás novas tecnologias, tornou-se dispendioso. Passamos a existir em nossas próteses eletrônicas, nos artificialismos do virtual, como uma nova dimensão ontológica. Ninguém vivencia plenamente a contemporaneidade sem estar conectado. A própria  consciência esta se tornando um simulacro de si mesma. Nada mais diz respeito aos fatos, mas a imagética do real, sua hiper realidade informacional. O limite entre a ficção e a realidade foi finalmente ultrapassado pela narrativa.  

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A MATÉRIA PRIMA DA VIDA

 O acontecer de uma vida humana não é objeto de qualquer ciência. É acima de tudo um ato de consciência na imediaticidade da experiência. Mesmo quando escrevemos uma autobiografia, o que ali se revela é apenas uma imagem de nossa própria existência. O essencial não pode ser compartilhado, nem mesmo cabe como objeto do pensamento.

O conjunto de fenômenos que define uma existência humana em suas diversas perspectivas, seja biológica, ontológica ou psicológica, personifica um somatório caótico de coisas. Algo dinâmico que, na falta de um termo mais preciso, denominamos  existência. Mas o existir só é um dado da experiência na medida em que a existência é em todos os sentidos aquilo que é exterior a si mesmo. Seu caráter é indeterminado. Existir não é um conceito ou uma conclusão, é simplesmente uma premissa. A existência é aquilo que escapa a linguagem. É o silencio que compartilhamos em nosso acontecer cotidiano.


INDIVIDUALISMO


O indivíduo se faz em sociedade oscilando entre autonomia e controle,
Entre o silêncio e o ato
Que define o abstrato do social.
É preciso que alguém esteja sempre inventando o futuro
Enquanto o tempo passa .
Não importa o passado que nos alimenta
E fica cada vez mais escasso.
Apenas existem indivíduos...

O individuo é seu próprio mundo.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O OFICIO DE PENSAR NA CONTEMPORANEIDADE

O lugar do pensamento na cultura contemporânea já não comporta o discurso da verdade, do universal. A sociedade ocidental Já não acredita mais no intelectual como aquele que “desvenda” a realidade e  receita o  futuro a partir de uma pretensa racionalidade histórica. Tal intelectual pós iluminista se defrontaria hoje com um mundo onde a pluralidade de verdades tornou impossível sua pretensão a qualquer discurso, mesmo que apenas consensualmente, universal.


Hoje, aqueles que ainda se dedicam a aventura do pensamento e da reflexão, já não tem a pretensão ingênua de transformar o mundo, de apontar para a  verdade como meta .Cabe, ao contrario,  problematizar o efêmero, produzir narrativas através das quais o pensamento se debruça sobre si mesmo.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

BAUDRILLARD E A MORTE DO REAL

«Dissimular é fingir não ter ainda o que se tem. Simular é fingir ter o que não se tem. O primeiro refere-se a uma presença, o segundo a uma pura ausência. Mas é mais complicado pois simular não é fingir: " Aquele que finge uma doença pode simplesmente meter-se na cama e fazer crer que está doente. Aquele que simula uma doença determina em si próprio alguns dos respectivos sintomas.» (Littré). Logo, fingir ou dissimular deixam intacto o princípio da realidade: a diferença continua a ser clara, está apenas disfarçada, enquanto que a simulação põe em causa a diferença do "verdadeiro" e do "falso", do "real" e do "imaginário". O simulador está ou não doente, se produz "verdadeiros" sintomas? Objectivamente não se pode tratá-lo nem como doente nem como não doente» (Jean Baudrillard,Simulacros e Simulação, páginas 9-10, Relógio d´Água).


Para Baudrillard vivemos em um tempo de hiper realidade e simulacros  após a morte do real. Nossas meta narrativas quebradas, nosso subjetivismo incerto, sofrem as estratégias fatais do objeto.
Como em nenhuma outra época a ideia de verdade e as certezas pareceram tão frágeis em nossas imaginações do real.
Nossos enunciados estão finalmente a deriva...


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

POEMA QUASE DADAISTA

Preciso de um tempo para o nada,
Para o absurdo e a desconstrução.
Preciso quebrar o relógio,
A rotina e o efêmero cotidiano.

Preciso da vertigem,
De Apolo  através de Dionísio,
para que todos escutem
meu canto de Orfeu.

Escutem os silêncios
Que dentro de mim gritam
O céu noturno,
Enfeitem com sonho a existência do nada.
Transvalorizem todas as imaginações.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

FOTOGRAFIA E ESQUECIMENTO ICONOGRÁFICO

Fotografias antigas parecem agora o registro de mundos perdidos dos quais a existência quase duvidamos. Tamanha a mudança do registro, do realismo e da banalidade das fotos que ainda nos são contemporâneas. As fotografias envelheceram junto com nossas sensibilidades e não nos reconhecemos mais no passado relativamente próximo. O tempo não se tornou apenas elástico, mas muito facilmente descartável no efêmero de nossa memoria.

O esquecimento iconográfico é a grande novidade da era digital... rememoramos muito pouco através de fotografias, pois o instante se tornou  demasiadamente banal.


A MORTE DO SOCIAL SEGUNDO BAUDRILLARD

O social tornou-se um grande deserto depois do advento da sociedade de massas. Segundo Baudrillard,

“Tal é a massa, um conjunto no vácuo de partículas individuais, de resíduos do social e de impulsos indiretos: opaca nebulosa cuja densidade crescente absorve todas as energias e os feixes luminosos circundantes, para finalmente desabar sob seu próprio peso”

“Exatamente o inverso, portanto, de uma acepção “sociológica”. A sociologia só pode descrever a expansão do social e suas peripécias. Ela vive apenas da hipótese positiva e definitiva do social. A assimilação, a implosão do social lhe escapam. A hipótese da morte do social é também a da sua própria morte”.

“A massa é sem atributo, sem predicado, sem qualidade, sem referência. Aí está sua definição, ou sua indefinição radical”.

“Massa sem palavra que existe para todos os porta-vozes sem história. Admirável conjunção dos que nada têm a dizer e das massas que não falam. Nada que contém todos os discursos. Nada de histeria nem de fascismo potencial, mas simulação por precipitação de todos os referenciais”.

“Caixa preta de todos os referenciais, de todos os sentidos que não admitiu, da história impossível, dos sistemas de representação inencontráveis, a massa é o que resta quando se esqueceu tudo do social” .

“As massas são o “espelho do social”? Não, elas não refletem o social, nem se refletem no social - é o espelho do social que nelas se despedaça”.

 BAUDRILLARD,Jean.À sombra das maiorias silenciosas: o fim do social e o surgimento das massas.São Paulo:Brasiliense,1985.Trad.Suely Bastos.


Em poucas palavras o social já não pode ser mensurado no amorfo da massa. Pelo contrário. Ele simplesmente deixou de fazer sentido....

URGENTE

Enquanto a vida segue quebrada,
Sem grandes  verdades
Invento mundos de ponta cabeça,
Brinco com o cisco no olho
Enquanto o tempo rasga
Todas as minhas expectativas.
Verdade alguma  não me serve mais.
Prefiro minhas incertezas.
O dia demora demais...

Enquanto noites me chamam urgentes.