Dentre todas as possibilidades da minha cotidiana gramática da
existência, escolhi os vácuos entre os silêncios para dizer quase nada. Melhor
ser econômico com os pensamentos e não carrega-los com conceitos, teses,
premissas ou conclusões fáceis e sistemáticas. Melhor passear a deriva entre
uma e outra incerteza. Nenhuma verdade há de mudar o mundo. Então, por que me
preocupar com o rigor do texto e o poder das minhas formulações? Pensar dever
ser antes de tudo uma recreação, um esquecer de si mesmo. Não uma prisão ou o
pathos de um intelecto que já não se reconhece nas pequenas e gratuitas coisas
do mundo.
A realidade não faz sentido. É puro entrelaçamento de acasos e erros
que contrariam toda intencionalidade possível. Por isso não devemos ser
escravos de nossas convicções. Tenho muito pouco a dizer que vale realmente a pena
ser ouvido.