terça-feira, 7 de maio de 2013

RETORNO

Tudo que  espero
É um silêncio de ossos,
Um ocaso de frio,
E um brilho de ilusão
Que me permita
Um passo seguinte,
Um movimento de futuro
Que não me leve além
Do lugar  nenhum
De um simples sorriso
De me perceber aqui
De novo....

sexta-feira, 3 de maio de 2013

NOTA SOBRE AS NOVAS DIMENSÕES DA INITIMIDADE

As maiores distâncias entre uma pessoa e outra não são físicas, mas psíquicas. Afinal, é justamente quando fisicamente próximas que o distanciamento entre duas pessoas  torna-se mais evidente enquanto um condicionante de nosso próprio sentimento de unicidade ou individualidade.
Via de regra, somos realmente íntimos e próximos de poucos ao longo da vida. A maior parte do tempo apenas interagimos formalmente com os outros no compartilhar de vazias rotinas.
A franca interação intersubjetiva, o compartilhar de nosso mundo pessoal e de nossas afetos, limites, frustações, vontades, carências, etc...,   é via de regra um acontecimento raro. Pois somos condicionados a nunca sermos demasiadamente francos nos artificialismos do trato social.
Tal constatação deve parecer demasiadamente obvia. Mas o que importa aqui são suas consequências contemporâneas para o status de individuo. Se tal introspecção é natural a qualquer relacionamento humano, hoje ela aponta para um esvaziamento da própria individualidade. Já não mais compartilhamos pelo pudor natural de fazê-lo,  mas pela simples ausência de qualquer “experiência” ou “interioridade” a ser partilhada.
Estamos vazios de nós mesmos, cada vez mais decompostos no mecânico acontecer de nossas rotinas.

domingo, 28 de abril de 2013

GRAMATICA E CONTEMPORANEIDADE



“Se há algum valor na idéia que a melhor  posição intelectual é equidistante da direita e da  esquerda, então estou indo muito bem. Eu sou sempre  citado por guerreiros da cultura conservadora como um desses intelectuais relativistas, irracionalistas, desconstrutores,  escarnecedores e sarcásticos, cujos os escritos estão enfraquecendo  a fibra moral da juventude.”
RICHARD RORTY in TROTSKY E AS ORQUIDIAS SELVAGENS. ( PRAGMATISMO: A FILOSOFIA DA CRIAÇÃO E DA MUDANÇA

Vivemos tempos de incertezas, onde o futuro cotidianamente desaparece do horizonte diante de um tempo presente que não para de se expandir. Em todas as direções da cultura cotidiana nos afogamos no raso dos fatos.


Nossa gramática da realidade já não pressupõe qualquer correspondência entre as palavras e as coisas.Até mesmo a condição humana tornou-se atualmente uma verdade duvidosa. Somos apenas animais estranhos, poder-se-ia dizer após a teoria da evolução.


O mais importante é que a idéia de vedarde e de qualquer forma de “essencialismo” ,seja metafísico ou filosófico, já não passa de uma hipótese fantasmagórica para a consciência contemporânea. Vivemos sobre as ruínas de nossa razão triunfante, sobre os abismos das certezas convencionais, perdidos a céu aberto no deserto do real vivendo des gramaticas.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

MANHÃ TRISTE

A manhã acordou vazia,
Sem antes ou depois
De agora.
Acordou pendente,
Em suspense,
Enquanto reaprendia
A estar viva e  ativa

Sofrendo preguiças
Entre a bagunça
Dos fatos

domingo, 21 de abril de 2013

AFORISMAS CONTRA O LIVRE ARBITRIO



O mundo é o grande brinquedo quebrado de nossas imaginações.
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A maioria das pessoas vive dos lugares comuns do mundo e nunca conhecem seu próprio lugar na vida.
@
Não é aquilo que conquistamos que nos transforma, mas aquilo que jamais teremos.
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A existência é sempre deficiente.
@
Nossas opções são objetivamente limitadas.
Nunca escolhemos aquilo que queremos
Mas aquilo que já nos foi imposto
Pelas premissas da própria escolha.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

VIRTUAL

Algumas vezes perdi-me do rumo da vida,
Do sentido das coisas,
Para me recolher ao brando silêncio
De estar em mim mesmo.
Nunca me encontrei em parte alguma.
Duvidei, perplexo,
Da minha própria condição
De vivente
Provando de toda
Minha pouca realidade
No abrigo da consciência
Até o ponto de sentir
Que de tão real
O mundo não existe.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

CITAÇÃO DE O PRESENTE, O INTOLERÁVEL... Focault e a História do Presente. by Andre Queiroz

“Como o próprio Deleuze mencionará  no corpo de um outro texto, o de sua entrevista com Claire Parnet, inttulada “Um retrato de Foucault”(1986)- a história não seria aquilo que nos esgota na sua teia de causalidade, no seu corpo irremovível de possibilidades já delimitadas. Isto  fosse, e tal como vimos naquele caustro desenhado e no funcionamento do poder sem fora, estaríamos  subsumidos desde logo nos seus limites fechados. Ela não coincidiria com o próprio da experimentação. O que ela nos oferece é apenas “o conjunto das condições quase negativas que possibilitam a experimentação de algo que escapa à história. Se a tarefa do pensamento, tal como mencionamos, implica no vazio do homem, o desmembrar das formatações  históricas nas quais se encontra  fundado/arregimentado- é pois porque pensar  não pode remeter ao dentro, a uma interioridade do sujeito que pensa, ao limite datado e histórico em que se funda a razão no Ocidente. Ele, o pensar do pensamento, o seu trabalho critico sobre nós mesmos naquilo que somos,pensamos e fazemos, implica o evidenciar, cada vez mais, desta fresta depositada no entre do histórico e do atual( nos termos de Deleuze), no interstício carregado de incompletude que separa o que já não somos daquilo que ainda não somos. ( o não mais de ontem e o ainda não do porvir)- o pensar o presente.”
ANDRE QUEIROZ Foucault e a História do presente.RJ: 7 letras, 2004, pg. 190


quarta-feira, 17 de abril de 2013

INDIFERENÇA

O avesso do meu sentimento
É a essência do meu pensamento.
Pois o tempo todo
Caminho ao contrário
Do que sinto,
Zigzagueando sem rumo
E sem emoção
Pelos lugares comuns
Do nublado do dia. 


Sinto exatamente
Como penso.
Nada no fundo
Me importa...

segunda-feira, 15 de abril de 2013

LEMBRANDO O FUTURO

A lembrança empalidecida
De um dia qualquer  e perdido
Acompanha-me
Na incerta aventura
Do meu futuro.
É como se todo
Amanhã
Fosse um retalho
De passado
Preso na lapela.
Minhas opções
Pouco importam...

sábado, 13 de abril de 2013

O EREMITA



Estive ausente
Enquanto os sonhos
Se tornavam reais
E a realidade transcendia atônica
O vazio dos fatos.
Não vivi primaveras
Ou soube do meu outro
No espelho esquecido
Naquela rua ao lado.
Tive da existência
Tão pouco
Que nunca  vi a vida.