sexta-feira, 3 de maio de 2013

NOTA SOBRE AS NOVAS DIMENSÕES DA INITIMIDADE

As maiores distâncias entre uma pessoa e outra não são físicas, mas psíquicas. Afinal, é justamente quando fisicamente próximas que o distanciamento entre duas pessoas  torna-se mais evidente enquanto um condicionante de nosso próprio sentimento de unicidade ou individualidade.
Via de regra, somos realmente íntimos e próximos de poucos ao longo da vida. A maior parte do tempo apenas interagimos formalmente com os outros no compartilhar de vazias rotinas.
A franca interação intersubjetiva, o compartilhar de nosso mundo pessoal e de nossas afetos, limites, frustações, vontades, carências, etc...,   é via de regra um acontecimento raro. Pois somos condicionados a nunca sermos demasiadamente francos nos artificialismos do trato social.
Tal constatação deve parecer demasiadamente obvia. Mas o que importa aqui são suas consequências contemporâneas para o status de individuo. Se tal introspecção é natural a qualquer relacionamento humano, hoje ela aponta para um esvaziamento da própria individualidade. Já não mais compartilhamos pelo pudor natural de fazê-lo,  mas pela simples ausência de qualquer “experiência” ou “interioridade” a ser partilhada.
Estamos vazios de nós mesmos, cada vez mais decompostos no mecânico acontecer de nossas rotinas.

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