“Como o próprio Deleuze mencionará no corpo de um outro texto, o de sua
entrevista com Claire Parnet, inttulada “Um retrato de Foucault”(1986)- a
história não seria aquilo que nos esgota na sua teia de causalidade, no seu
corpo irremovível de possibilidades já delimitadas. Isto fosse, e tal como vimos naquele caustro
desenhado e no funcionamento do poder sem fora, estaríamos subsumidos desde logo nos seus limites
fechados. Ela não coincidiria com o próprio da experimentação. O que ela nos
oferece é apenas “o conjunto das condições quase negativas que possibilitam a
experimentação de algo que escapa à história. Se a tarefa do pensamento, tal
como mencionamos, implica no vazio do homem, o desmembrar das formatações históricas nas quais se encontra fundado/arregimentado- é pois porque
pensar não pode remeter ao dentro, a uma
interioridade do sujeito que pensa, ao limite datado e histórico em que se
funda a razão no Ocidente. Ele, o pensar do pensamento, o seu trabalho critico
sobre nós mesmos naquilo que somos,pensamos e fazemos, implica o evidenciar,
cada vez mais, desta fresta depositada no entre do histórico e do atual( nos
termos de Deleuze), no interstício carregado de incompletude que separa o que já
não somos daquilo que ainda não somos. ( o não mais de ontem e o ainda não do
porvir)- o pensar o presente.”
ANDRE QUEIROZ Foucault e a História do
presente.RJ: 7 letras, 2004, pg. 190
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