Em nosso contemporâneo cenário de existência coletiva o fantasma de catástrofes naturais, mais do que sua realidade, inspira um certo vislumbre de fim de mundo , um sentimento de insegurança e fragilidade da vida humana que já não se confunde mais com a clássica fantasia de juízo final inspirado pelo folclore religioso.
Hoje é o puro e simples desaparecimento da humanidade, vitimada por alguma tragédia ecológica provocada pelas mazelas ambientais ocasionadas pelo nosso modelo de civilização pós industrial, que alimenta os “adeptos” do fim do mundo. Em outros termos, até mesmo o fim do mundo secularizou-se passando das mãos divinas para humanas. O que não é novidade desde os anos da guerra fria em que a iminência de uma terceira guerra mundial e uma conseqüente hecatombe nuclear atormentava as consciências.
Um texto que se insere nesta discussão de forma precisa é um artigo de Kelvin Delaney originalmente publica na edição de 29 de dezembro de 2010 do New York Time que tem como sugestivo titulo “) FIM DE TUDO ( OU NÃO). Vale a pena reproduzi-lo aqui:
“Vamos todos morrer! Mas não todos ao mesmo tempo. Espero. Isto é, se sobrevivermos a enxurrada mais recente de previsões apocalípticas.
A humanidade pode ter se esquivado do buraco negro que alguns temiam que fosse engolir a Terra ou um pedaço da Suíça, quando este ano, o Grande Colisor de Hádrons iniciou sua busca por “partículas divinas” que teriam sobrado desde os primeiros momentos do universo. Mesmo assim, contudo, o universo continua repleto de perigos capazes de nos tirar o sono.
Especialmente quando iniciamos a contagem regressiva para 2012, ano em que, acreditam alguns profetas do fim do mundo e roteiristas de wollywood, foi previsto no calendário maia como sendo o fim de tudo. Há os suspeitos de praxe, é claro; asteróides assassinos, pestes, vulcões, guerra nuclear e mudanças climáticas. E alguns menos conhecidos que estariam se aproximando, como uma colisão com o planeta Nirbiru e uma virada no eixo da Terra que a colocaria de cabeça para baixo. Por sorte, alguns paranóicos já estão buscando soluções.
Cientistas dizem que um grande asteróide exterminou os dinossauros há 65 milhões de anos, e que um asteróide pequeno achatou uma floresta na Sibéria em 1908.
Mas uma colisão com praticamente qualquer asteróide poderia significar o fim da civilização moderna. É por isso que o ex-astronauta Russel Schweickhart, escrevendo no “New York Times”, exortou o governo dos Estados Unidos a financiar um “programa de detecção de desvio” da Nasa no valor de US$ 250 milhões e US$ 300 milhões.
Se um asteróide atingisse a Terra, os sobreviventes ao impacto inicial poderiam enfrentar uma interrupção letal no abastecimento de alimentos, já que imensas nuvens de cinzas broqueariam a chegada dos raios solares. É claro que um extermínio maciço de vegetação também poderia acontecer em decorrência de guerra nuclear, mudanças climáticas ou os vulcões que se escondem sob Montana ou os Açores. Mas é possível que a prevenção e a previdência prevaleçam. Na gelada Longyearbyen, que fica na Noruega, cientistas já criaram o Depósito Global de Sementes. Milhares de variedades de sementes estão estocadas de baixo do “permafrost”, o subsolo permanentemente congelado.
Quanto à guerra nuclear, o documentário “Countdown to Zero” nos incentiva a ter pesadelos sobre a aniquilação atômica. O “Times” resumiu sua mensagem assim: “ a ascensão do terrorismo global, a expansão do clube nuclear, a disponibilidade maior de materiais físseis no mercado negro, tudo isso aponta para uma probabilidade maior que nunca de um ataque nuclear”.
O filme oferece um plano para as armas nucleares que é ingênuo ou utópico: simplesmente livrar-se delas. De todas. Lucy Walker, a Diretora, falando ao “Times”, ressaltou que as armas atômicas não tem lugar em um mundo pós-Guerra-Fria volátil.”Não importa o que se pensava antes- a única solução estável hoje é o zero”, disse ela.
Outras ameaças apocalípticas podem ser descontadas com um pouco de pensamento racional. O site DiscoveryNews fez uma lista das dez maiores razões pelas quais o mundo não vai acabar em 2012. Entre seus pronunciamentos: a gravidade da Lua vai continuar a impedir o eixo da Terra de virar de cabeça para baixo, e o planeta Nibiru não vai se aproximar da Terra. Porque? Segundo o site, “este planeta não existe, não mais do que o planeta Naboo, da triologia “Guerra nas Estrelas”.”