As origens do rock and roll remetem aos anos 30 do ultimo século quando observa-se o desgaste e declínio das grandes orquestras de swing ou big bands. É quando surgem as jump bands que nos anos cinqüenta passariam a ser chamadas de rhythm and blues. O primeiro destes grupos foi o Harlem Hamfarts, criado em 1936 na cidade de Chicago pelo empresário musical Ink Williams e formado pelos irmãos Joe e Charlie McCoy. Faziam um jazz bem humorado e despretencioso caracterizado por letras eróticas e temas como drogas e sexo. Explorando um pouco o contexto cultural em que eles surgiram é interessante a seguinte passagem do GUIA DO ROCK de Philippe Boouchey:
“Em 1938, um concerto importante, “From Spirituals to Sing”, organizado por John Hammond no Carnegie Hall, revelou o blues e deu-lhe direito de cidadania; é também nessa altura que começa a loucura do boggie woogie, a boogie woogie craze, muito importante para a compreensão do nascimento do rock.
Efetivamente, os pianistas Mead Lux Lewis, Albert Ammons e Pete Jonshon, assim como o cantor Joe Turner foram as sensações do momento, e influenciaram artistas de variedades ( Andrew Sisters) e artistas Country ( Delmore Brothers).
O boggie já existia desde o princípio do século e correspondia à expressão pianística do blues com tempo rápido ( nos trechos lentos o blues não é ligado a esse respeito a expressão primitiva jump-ups- era significativa). Clarence “Prinetop” Smith gravou o hit PINETOP’SBOGGIE WOOGIE em 1928.
O Boogie vinha em parte do ragtime, mas distinguia-se dele por uma simplificação nítida e por uma predominância das linhas de baixo: era necessário fazer-se ouvir nos bordeis e campos de lenhadores onde era tocado. O primeiro estilo era rude, em força, com a onipresença do walkin’bass, ou seja, o harpejo do acorde desenvolvido em oitavas e em colcheias ( eight to the bar).
Como disse tão bem o grande bluesman Sunnyland Slim: “ Já se tocava esse tipo de coisa, com o shuffle, para resultar, desde pelo menos 1923 ou 24. Todos aqueles tipos do Mississipi de quem vocês nunca ouviram falar, fizeram rock durante toda a puta da vida.”
(...)
Graças a eletrificação, os guitarristas de jazz, Lonnie Johnson com a Duck Ellington Orchestra, Eddie Durham com o Kansas City Five e Six ( a secção ritma de Cont Basie com Lester Young) e sobretudo Charlie Christian ( com Bennie Godman), desenvolvem a noção de solo, tocado nota a nota; caberá ao texano T. Bone Walker popularizar este estilo dentro da estrutura blues, no final dos anos quarenta.
Com ele abre-se uma nova era: a do guitarrista solista, apoiado por uma secção ritma que podia incluir uma segunda guitarra. É esta concepção que fará figura e será a base do rock.”
Philippe Boouchey. O guia do Rock, tradução de Ana Isabel Couto; Editora Pergaminho LDA: Portugal, p.26
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