que me perseguem, esquecem
ou nem me percebem
ali parado esperando um ônibus.
Sou um corpo, uma consciência,
um alguém entre os outros,
conectado a todos por uma rede de acasos e coincidências.
Sou, também, simplesmente, ninguém
ou apenas mais um alguém
perdido no anonimato de um ponto de ônibus.
Sou coisa, matéria, elemento,
e, como todo mundo, único
e irrelevante ser em movimento.
Sou nada , espera
sem esperança,
dentro do mundo
e fora da história.
Sou tempo,
efêmero momento.
Sou nada.
Já disse,
sou nada.
Apenas alguém que passa.
Discretamente, aguardo minha morte,
e que todos me esqueçam
depois que minha ausência
me desfaça de vez
nos outros ,
que como eu,
seguirão perambulando sem rosto
até o último e inútil suspiro,
até o último momento,
até que só fiquem os outros.