Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 30 de agosto de 2021
CONSCIÊNCIA
A consciência é, de alguma forma estranha, uma experiência coletiva do humano e do inumano, onde o eu só existe como outro, através da memória e da linguagem. A consciência é um fora si. Pois autoconsciência não existe. Consciência é sempre consciência de alguma coisa, entre a imagem e a matéria, entre o orgânico e o inorgânico. Consciência é natureza, participação e não uma forma de narcisismo cognitivo.
domingo, 29 de agosto de 2021
POSSIBILIDADES PERDIDAS
Procuro saber a rua em seus detalhes,
na eternidade de alguns segundos,
registrando futuros
perdidos
ou interrompidos
pela precariedade do agora.
As vezes a gente se perde
no que poderia ter sido,
sonhando a intimidade
de um rosto desconhecido.
terça-feira, 24 de agosto de 2021
VIDA
Ouvi dizer que estamos vivos,
Como se a vida
fosse uma coisa biologicamente dada,
e não uma potência ou latência,
entre a consciência e a imanência,
das palavras e dos atos
de um corpo em movimento.
sexta-feira, 20 de agosto de 2021
PALAVRAS E COISAS
Vemos através das palavras,
entre os enunciados,
ou no buraco dos versos e das frases,
aquilo que escutamos das coisas.
A realidade pulsa,
é movimento e jogo de forças,
indeterminação e tensão,
ou uma quase alucinação.
Nada é o que parece.
Nada está definido.
A vida é um ato de rebelião permanente das identidades,
significações e verdades.
Vêr é saber-se outro,
é escutar as coisas
e se tornar ninguém
através das palavras.
Apenas as coisas falam.
A linguagem lhes pertence
na contramão das representações.
QUANDO AMANHECE O POENTE
Quando amanhece o poente,
o céu treme no chão,
os sonhos movem montanhas,
e a vida transborda como um rio
que reinventa suas margens,
expandindo mágoas e aflições.
O céu rasgado pelo poente invertido
inaugura o noturno explendor das diurnas imaginações estrelares.
Já não é dia ou noite,
o tempo torna-se um vento de liberdade,
uma tempestade de vontades.
Quando amanhece o poente...
quinta-feira, 19 de agosto de 2021
O POR VIR DA MEMÓRIA
A memória não dá conta do existido.
Não esclarece o passado,
e muito menos explica o presente.
Ela é a potência do tempo,
o virtual dos atos no simulacro de imagens intempestivas
em perpétuo movimento.
É sempre fragmento,
narrativa acontecimento,
que não resolve a vida,
mas que realiza o inventário de suas ausências.
A memória é maior que a lembrança,
é sentimento de mundo,
que nos enterra vivos
entre a eternidade de um encanto e um momento de perda e de espanto
contra toda esperança.
A memória é sempre futura
e guarda um gosto de morte,
no eterno retorno da vida,
na impessoalidade do por vir
que nos reduz a silêncios.
Tudo passa....
terça-feira, 17 de agosto de 2021
A MISÉRIA DO SER
Ser se tornou consumo.
O ego nos assujeita
na sedução absoluta
do objeto que nos devora a alma.
Ser é o que se come
ou o que define sua fome,
concreta e abstrata,
sua necessidade
ou precariedade,
seu modo de vida
e de morte.
Ser é desver-se no mundo,
desinventar subjetividades,
devir outros mundos,
multiplicar-se nos rostos,
fragmentar-se,
perder-se,
saber-se um fora
dentro da cidade abismo.
Ousar imaginar imanentes metafísicas
de um corpo que afeta
afetado por um devir inumano.
Ser é saber-se mato, água,
terra e ar,
trair a realidade
antes que ela nos traia
calando a loucura,
transmutando a matéria,
como um insano alquimista.
Ser é viver como coisa,
É consumir,
consumir-se,
misturar-se,
Desaparecer,
gritar,
onde nada existe
além do simulacro
no fluxo das formas,
dos signos e dos limites do sentido e do não sentido.
Ser é o não valor de tudo que existe,
é dizer o que não pode ser dito
na inconsciência de nossos atos
e na inutililidade de nossas certezas, emoções e conquistas.
Ser é contemplar o próprio cadáver
no anonimato de um crânio
exposto em qualquer vitrine.
MELANCOLIA CLIMÁTICA
As mudanças das estações já não me alteram o Ser.
Dentro de mim está sempre chovendo
e a Terra não me vê.
Apenas gira,
enquanto a agonia do sol
permanece espetacular,
sempre insinuando o fim do mundo,
esclarecendo a melancolia climática.
domingo, 15 de agosto de 2021
SENTIDO E NÃO SENTIDO
É comum saber em nós mesmos o sentido e o não sentido da vida como dois impulsos contrários e complementares: enquanto o afeto do não sentido nos dissolve na intuição do vazio da eternidade, o afeto do sentido nos lança a indeterminação e a mudança como forma de criação de si mesmo através do vago infinito do instante. Ambos os sentimentos são movimento e imanência, modos de des-subjetivar -se , fragmentar-se, diluir-e na totalidade do sensível, na composição de encontros, onde tudo é corpo composto de corpos na afirmação de uma potência da existência.
O não sentido é a afirmação da vida levada as suas últimas consequências. Mas o sentido é a própria vida em movimento na realização do multiplo e do singular. Bem querer a vida, afinal, não nos impede de morrer entre os infinitos do instante e da eternidade.
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
NAUFRÁGIOS
A precariedade imaterial de uma consciência ferida pelos enunciados dominantes, pela organização material de uma vida danificada, define nossa herança comum, nossos passados presentes, como um grande naufrágio.
A civilização, este velho mito iluminista, é como um luxuoso transatrântico perdido no mar aberto do silêncio da eternidade.
Somos todos náufragos em um presente a deriva que não nos sagrará sobreviventes. Não importa se a sombra funebre do nosso navio fantasma rememore como funestra paródia, o Titanic, o Príncipe de Austurias, o Wilhem Gustloff ou um navio negreiro. Estamos todos condenados ao mar como devir inconsciente e ancestralidade de abusmos.
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