sábado, 12 de junho de 2021

SILÊNCIOS REBELDES

Há sempre silêncios 
gritando em nossas palavras,
desdizendo enunciados banais,
certezas midiaticas,
e conformismos.
Há dentro de nós uma raiva muda,
uma vingança adiada,
uma revolta oculta,
contra o tempo e o mundo.

Há sempre um monstro no espelho...




sexta-feira, 11 de junho de 2021

ESTRANHAMENTO

Ontem acordei diferente.
Mas nada havia mudado.
Apenas qualquer coisa,
no dentro do fora de mim,
tinha se quebrado.

Surprendia- me no instante
um vento novo 
que escapava ao momento. 

Já não  era antes ou depois.
Apenas me sentia longe,
despido da vida 
que me vestia todos os dias.


segunda-feira, 31 de maio de 2021

O SILÊNCIO DA VIDA

Hoje em dia as palavras governam a vida,
mas a vida não  inventa as palavras.
A vida segue perigosa ,selvagem 
& insensata
nos subterrâneos de nossos silêncios.
A vida se insinua em tudo que é  obscura sombra
e ainda carece de nome
no mais profundo e fundo
do corpo dentro do mundo.
A vida é o intempestivo do caos e da revolta.


LIMITE

Não há vagas.
Não é justo.
Não faz sentido.
Não afeto.

Acabou a esperança.
Resta gritar.
Arrombar a porta do sonho.
Enfim, delirar.

terça-feira, 25 de maio de 2021

O FILHO DO VENTO

Tudo é  tarde demais.
Seja agora,
ontem,
ou amanhã. 

Meu momento é  a superfície  profunda
do indeterminado finito do sempre,
do urgente,
que foge ao mundo,
ao transcendente,
e brinca com o tempo.

Há em mim um sempre sem esperança ou eternidades,
niilista,
impertinente.


Tudo é  tão  intenso
enquanto dura
que ignoro a intuição  do nada
e a verdade do silêncio. 

Sou imagem e semelhança  do vento,
livre e selvagem,
nas vertigens do pensamento
como corpo e matéria  em movimento.



segunda-feira, 24 de maio de 2021

INCONSTÂNCIA

Vou te contar um segredo:
Amanhã,  pela manhã,
o mundo não será o mesmo.

Mesmo que ninguém perceba,
a vida muda o tempo todo.
Há mortes e nascimentos
como existem dias e noites.

Amanhã seremos outros,
mesmo persistindo em nós mesmos,
através de um hoje que não existe.

Jamais seremos felizes.
Vivemos no incerto do rosto
que contradiz o reflexo no espelho. 





sábado, 22 de maio de 2021

CONSCIÊNCIA NEGRA

Não  quero um rosto decorando minhas palavras.
quero meu corpo negro, 
urgente e vidente,
no presente da fala,
no texto e nos silêncios, 
que me tornam um segredo
contra o ouvido de todos em qualquer movimento de mandala,
de si mesmo quebrado e espalhado
em pesadelos  de antigas senzalas.

sexta-feira, 21 de maio de 2021

ESCRITA DE SI

As palavras que desenham meu corpo
em uma escrita de si
estão sempre fugindo
no traço do meu desaparecimento.

O subjetivo em mim
é  impessoal e íntimo.
Ele é intenso movimento inerte.

Tenho edificado com letras duras
um caminho sem rumo
na geografia do pensamento.

Pouco me importa a ordem do discurso,
a prisão dos enunciados.
Gagejo, uivo,
no hermetismo da ficção.
Sei que só há  ciência 
na literatura
e que a verdade dança 
no ritmo do irrazoável,
do inclassificável. 


quarta-feira, 19 de maio de 2021

DEVANEIO EM JANEIRO

 Bom seria poder dançar no vento

e fazer sumir o dia

na mais profunda superfície

invisível do mundo.

 

Queria embriagar versos e prosas

na lua cheia,

redescobrir 

a imaginação de criança,

Reinventar a vida 

antes que seja tarde demais

para saber minha existência insana.

sábado, 15 de maio de 2021

A MORTE DO DEUS SOL ( Guaraci)

A luz do sol é ausente
em um mundo opaco,
quase um filme em preto e branco,
Onde a vida é simulacro
no cotidiano exercício 
de um existir impossivel.

Tudo em nós é precario.
Artificio e espetáculo 
de fins e meios
onde o consumo é medida de sobrevivência. 

O sol e as cores nos escapam
na rotina do emprego.
Escutamos atônicos as mentiras dos governos
embriagados de novas midias
e intorpecentes tecnologias so vurtual.

O sol não cabe na tela fo telemóvel ou da TV 4K.