A escrita é uma estratégia de "outramento de si", de produção do outro da palavra como portador da errância. Este outro que nos habita como uma passageiro misterioso, está sempre em movimento através do desregramento dos modos cotidianos de existir, de se deixar entre os outros. Ele personifica toda estratégia de devaneio, de saudade viva do não acontecido, do desconhecido, ou, simplesmente, nossa auto representação aberrante que transcende o limite da persona e do social.
O exercício do "outramento de si" é um cultivo de desconhecidas infâncias, uma técnica de alteridade através da qual o eu, vazio de si, confronta-se com o mundo no além de suas normativas e codificações. Trata-se de um esquecimento, de um desaparecimento, como processo de ser e viver em diálogo, em exteriorização e composição de si através dos outros.