quarta-feira, 28 de abril de 2021

ESCOLA

A escola não  ensina o mundo.
Nela não aprendemos a vida. 
Apenas  ilusões e metafisicas,
conformismos e normalidades.

A escola  nos conforma
a contramão da liberdade,
ao silêncio  da poesia.



domingo, 25 de abril de 2021

A ANGUSTIA DA FALA

Através do exercicio da fala
o silêncio me abraça em palavras,
 me afogo em signos,
metáforas e memórias.

Minha fala da voz ao interdito,
 ao não sentido,
ao incomunicável onde existo
como  avesso da palavra
que me inventa um rosto e significa.

Falar é escapar a si mesmo
na ilusão do legivel.
Sou um silêncio que fala,
uma falta que transcende a ausência. 

Falar me sufoca
na agonia da boca.


quarta-feira, 21 de abril de 2021

VITALISMO

Não  quero ser gente.
A humanidade é  uma falácia,
uma falência  da existência. 
Já que a vida é terra,
animal e planta,
composição e mistura
do diverso
em Unus Mundus.
A vida não  é  humana,
mas devir e imanência,
multiplicidade , encontro
e alquimia.
 

sexta-feira, 16 de abril de 2021

A ARTE DE OLHAR

Olho o hoje
com os olhos de ontem.
Quase não  vejo  novidades
no precario horizonte
que desenha o amanhã. 

Meus olhos recusam o caos,
as insurgências dos detalhes.
O olho não  pensa
no corpo que inventa a razão. 

Olhar é uma arte abstrata 
além da concretude da representação
e a realidade
não  passa de um quadro surrealista.


terça-feira, 13 de abril de 2021

MUNDO E EXISTÊNCIA

O mundo é a geografia existencial a qual somos lançados pelo nascimento. Ele é  composto por tudo que nos  circunda ou participa de nossa consciencia de si e das coisas. Desta forma, é  no mínimo suspeita a noção "positivista" da objetidade de um mundo comum e independente de nossas percepções é afetações. Somos parte do mundo tando quanto ele é  parte de nós. 
O mundo é  um acontecer vivo da natureza, é a  ambiência de um meio vivente.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

INFÂNCIA SELVAGEM

Onde respirar o ar de fadas,
saber o vento de outroras
e reinventar a selvageria,
a agressividade lúdica,
do inominável da infância?

Nunca fui a criança que que queriam os adultos.
Nunca  fui inocente,
mas expressão fisica da vontade,
Da natereza crua
e estranha a toda  cultura.

 Fui corpo de muitos sonhos  despertos.
Pois o que é  um infante
além de uma ponte
entre o animal e homem?





quinta-feira, 8 de abril de 2021

VIDA E NATUREZA


Vida é  acaso e imanência,
composição  entre vontade e matéria, 
onde a natureza e o corpo
Transcendem o homem
como medida de todas as coisas.
Somos filhos do desejo telúrico,
do virtual e da potência
de todos os modos de existência.
A terra é  o ser que nos atravessa,
indiferente e intenso
em seus devires, encantos e caos.
Viver é  um ato intempestivo
na persistência das mutações
Do ser e do não  ser
que negam qualquer substância ao tempo.




domingo, 4 de abril de 2021

TARDE DEMAIS

É sempre tarde o meu hoje.
Nunca é amanhã quando acordo.
O agora tem 
gosto de morte e passado.

Estou sempre vestido
com memórias rotas e rasgadas
exibindo um rosto de assombração.

O tempo passa contra o presente
enquanto permaneço agarrado a um galho de lembranças secas. 
Para mim agora é sempre tarde demais. 


sábado, 3 de abril de 2021

NATUREZA VIVA

Gerar ou lançar de si...
As plantas brotam,
os animais nascem.
Mas a vida é  a mesma natureza,
entre animais e plantas,
produzindo o tempo e a morte,
a busca do sol e a consciência,
afirmando indiferença e silêncio,
até  o limite da banalidade
do acaso de toda existência. 

quinta-feira, 1 de abril de 2021

LINHAS DE FUGA PARA FLORESTA LABIBIRINTO


 

  Todas as tecnologias, dispositivos, táticas, estratégias e instituições de saber poder que moldam a subjetividade moderna em sua dimensão não discursiva, extrapolando o sujeito jurídico, confundindo-se com o cotidiano exercício de si mesmo, como corpo e consciência, expressam que não há um lado de fora das relações de poder ou do ordenamento social. Estamos presos a um campo restrito de possibilidades de experimentar e saber a realidade.

Lembrando Deleuze e Guattari, em Mil Platôs, poderíamos ainda dizer que,

(...) “somos feitos de linhas. Não queremos apenas falar de linhas de escrita; estas se conjugam com outras linhas, linhas de vida, linhas de sorte ou de infortúnio, linhas que criam a variação da própria linha de escrita, linhas que estão entre as linhas escritas.” (1)

Mas há sempre entre as segmentações duras a suavidade de tênues linhas de fuga ( outros modos de vida e experimentação), através das quais os pés fogem da terra no sopro de algum devir, de um viver outro no vislumbre do assignificante de alguma experimentação outra de pele e aparência.

As linhas sempre são outras em suas velocidades, espessuras, enquanto desorganizam o espaço-corpo, enquanto escrevem o mundo dizível e visível.

É preciso, portanto, passear pelo ponto até que se faça a curva, o risco, um riso, nas conversões de uma linha em outra.

É preciso antever o desenho, imaginar, no encadeamento dos signos… des-pensar o pensamento para pensar o impensado.

É assim que a vida acontece, que tudo se mistura em infinitas composições de formas e afeccções no se fazer de um labirinto onde não existe centro ou saída possível, pois nada nunca é idêntico a si mesmo e todo lugar é o meio de tudo.

(1) Deleuze, G. & Guattari, F. (2012). Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia 2, v. 3. São Paulo: Editora 34, p. 72)