sexta-feira, 16 de abril de 2021

A ARTE DE OLHAR

Olho o hoje
com os olhos de ontem.
Quase não  vejo  novidades
no precario horizonte
que desenha o amanhã. 

Meus olhos recusam o caos,
as insurgências dos detalhes.
O olho não  pensa
no corpo que inventa a razão. 

Olhar é uma arte abstrata 
além da concretude da representação
e a realidade
não  passa de um quadro surrealista.


terça-feira, 13 de abril de 2021

MUNDO E EXISTÊNCIA

O mundo é a geografia existencial a qual somos lançados pelo nascimento. Ele é  composto por tudo que nos  circunda ou participa de nossa consciencia de si e das coisas. Desta forma, é  no mínimo suspeita a noção "positivista" da objetidade de um mundo comum e independente de nossas percepções é afetações. Somos parte do mundo tando quanto ele é  parte de nós. 
O mundo é  um acontecer vivo da natureza, é a  ambiência de um meio vivente.

sexta-feira, 9 de abril de 2021

INFÂNCIA SELVAGEM

Onde respirar o ar de fadas,
saber o vento de outroras
e reinventar a selvageria,
a agressividade lúdica,
do inominável da infância?

Nunca fui a criança que que queriam os adultos.
Nunca  fui inocente,
mas expressão fisica da vontade,
Da natereza crua
e estranha a toda  cultura.

 Fui corpo de muitos sonhos  despertos.
Pois o que é  um infante
além de uma ponte
entre o animal e homem?





quinta-feira, 8 de abril de 2021

VIDA E NATUREZA


Vida é  acaso e imanência,
composição  entre vontade e matéria, 
onde a natureza e o corpo
Transcendem o homem
como medida de todas as coisas.
Somos filhos do desejo telúrico,
do virtual e da potência
de todos os modos de existência.
A terra é  o ser que nos atravessa,
indiferente e intenso
em seus devires, encantos e caos.
Viver é  um ato intempestivo
na persistência das mutações
Do ser e do não  ser
que negam qualquer substância ao tempo.




domingo, 4 de abril de 2021

TARDE DEMAIS

É sempre tarde o meu hoje.
Nunca é amanhã quando acordo.
O agora tem 
gosto de morte e passado.

Estou sempre vestido
com memórias rotas e rasgadas
exibindo um rosto de assombração.

O tempo passa contra o presente
enquanto permaneço agarrado a um galho de lembranças secas. 
Para mim agora é sempre tarde demais. 


sábado, 3 de abril de 2021

NATUREZA VIVA

Gerar ou lançar de si...
As plantas brotam,
os animais nascem.
Mas a vida é  a mesma natureza,
entre animais e plantas,
produzindo o tempo e a morte,
a busca do sol e a consciência,
afirmando indiferença e silêncio,
até  o limite da banalidade
do acaso de toda existência. 

quinta-feira, 1 de abril de 2021

LINHAS DE FUGA PARA FLORESTA LABIBIRINTO


 

  Todas as tecnologias, dispositivos, táticas, estratégias e instituições de saber poder que moldam a subjetividade moderna em sua dimensão não discursiva, extrapolando o sujeito jurídico, confundindo-se com o cotidiano exercício de si mesmo, como corpo e consciência, expressam que não há um lado de fora das relações de poder ou do ordenamento social. Estamos presos a um campo restrito de possibilidades de experimentar e saber a realidade.

Lembrando Deleuze e Guattari, em Mil Platôs, poderíamos ainda dizer que,

(...) “somos feitos de linhas. Não queremos apenas falar de linhas de escrita; estas se conjugam com outras linhas, linhas de vida, linhas de sorte ou de infortúnio, linhas que criam a variação da própria linha de escrita, linhas que estão entre as linhas escritas.” (1)

Mas há sempre entre as segmentações duras a suavidade de tênues linhas de fuga ( outros modos de vida e experimentação), através das quais os pés fogem da terra no sopro de algum devir, de um viver outro no vislumbre do assignificante de alguma experimentação outra de pele e aparência.

As linhas sempre são outras em suas velocidades, espessuras, enquanto desorganizam o espaço-corpo, enquanto escrevem o mundo dizível e visível.

É preciso, portanto, passear pelo ponto até que se faça a curva, o risco, um riso, nas conversões de uma linha em outra.

É preciso antever o desenho, imaginar, no encadeamento dos signos… des-pensar o pensamento para pensar o impensado.

É assim que a vida acontece, que tudo se mistura em infinitas composições de formas e afeccções no se fazer de um labirinto onde não existe centro ou saída possível, pois nada nunca é idêntico a si mesmo e todo lugar é o meio de tudo.

(1) Deleuze, G. & Guattari, F. (2012). Mil Platôs: capitalismo e esquizofrenia 2, v. 3. São Paulo: Editora 34, p. 72)


TEMPO VERBAL

 

O tempo do quando

é o agora.

É a urgência da sobrevivência,

a invenção clandestina

de um outro dia,

de uma outra chave de existência.

A vida é ação, VERBO,

dizer-movimento,

transformAÇÃO.


terça-feira, 30 de março de 2021

ATEMPORAL

 

Tenho me tornado o indeterminado,

o que não cabe em qualquer canto de mundo

ou que caiu em algum momento

de um passado que nunca aconteceu.


Não sou deste instante.

Sou do tempo das estrelas mortas

que ainda vejo brilhando no céu.


Meu corpo tem a idade dos sonhos

e é composto de imaginações

da matéria.

Meus pensamentos tem o perfume e cores

das flores.

sábado, 27 de março de 2021

A PERDA DO MUNDO

Exploramos o território do vazio,
nossa ausência  de mundo,
desenhando um mapa de angustias,
que se confunde com a sombra
de nossos próprios corpos.

 Aprendemos o tempo dos mortos
através  da geografia do caos primevo 
que ainda nos habita
intempestivo.

Nossos pés  não tem mais alma.
Não encontram chão. 
Escapamos a natureza e a vida
embriagados por tecnologias,
ambições doentias de dominação. 

Agora estamos fora de tudo,
desespacializados e enganados pelo absurdo de uma razão celeste.

Mas se viver se fez nosso lado de fora, 
é  porque buscamos nossa propria ausência,
inventamos em nós
um avesso de natureza,
um vazio de mundo,
um sem futuro dos pés,
através  da utopia do pensar verdade.