Encontrar
minha própria forma de dizer o mundo é o único propósito que vejo no sem
sentido da vida. Por outro lado há uma pluralidade irredutível a qualquer
enunciado neste meu processo de dizer. Isso o torna inultrapassável como meta. É no próprio movimento de dizer que digo o mundo
a minha maneira sem nunca esgotar meu modo de dizer o mundo. O dizer é sempre
um vazio rasurado pelo provisório da
narrativa. Ele é um trabalho inacabado, inconclusivo, como a própria existência.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
segunda-feira, 4 de novembro de 2019
O PENSAMENTO QUE SENTE
transvalorizar
palavras,
até
o limite do inteligível.
Não
falo do pensar banal
de
ensaios e tratados abstratos,
Refiro-me ao pensar
que promove o ajuntamento
do
diverso,
reunindo
frases pelo sabor,
textura,
volume, afetos,
estabelecendo
conexões e sentidos inusitados
que
reinventam as coisas,
que
produz a vida
como
um texto sempre aberto.
Falo
do pensar que sente,
que
relaciona tudo e nada,
que
inventa a realidade
como
experiência complexa,
como
imagem mosaico
irredutível
a si mesma
e
em constante mudança.
Trata-se
do pensar da pele,
dos
olhos,
das
mãos e da boca....
um
pensar com o corpo.
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
A PAISAGEM
Ela
nos envolve e nos consome
como
geografia viva de signos.
Ela
existe na medida em que somos
no
sentir das coisas,
através de percepções e ambiências.
Nossos
olhos inventam pinturas
na
imaginação que expressa o corpo
como
um ponto contido
na
imensidão de um lugar.
terça-feira, 29 de outubro de 2019
TEMPO, NATUREZA E NÃO SER
O presente se estende ao dia seguinte,
Inventa seu próprio duplo,
Na multiplicidade de um agora inumano
Entranhado na paisagem viva
De uma terra em transe.
Já não faz sentido o tempo
Ou a eternidade.
O instante é a persistência da paisagem
Além da presença do humano.
A natureza , indiferente a si mesma,
Persiste sem tempo
No devir do espaço.
A vida transcende todas as suas formas e fórmulas
Na composição mutante do orgânico e do inorgânico.
sexta-feira, 25 de outubro de 2019
TEMPO PRESENTE E PÓS HISTÓRIA
O
tempo presente sempre nos escapa como vivência plena através da experiência precária
de cada momento. Ele se confunde, assim, com a permanente erosão de seu próprio esboço.
Este
presente colapsado e inconstante, que vinculamos a vivência concreta do
imediato de um agora, não é linear, nem cíclico, mas heterogêneo e múltiplo em sua fugacidade. Ele
não comporta, ainda, interpretações ou significados. Pois simplesmente acontece
a margem de todo sentido possível e do simulacro de qualquer memória. Ele é puro
esquecimento em sua unicidade , mas, simultaneamente, é sequência replicante de um outro de si sempre
atualizado.
É
a partir deste incerto agora que o tempo presente ganha forma e conteúdo
enquanto território de ação e durabilidade, como lugar do acontecimento e da
memória, como fato escrito em nossos corpos como ato e palavra.
Este
presente não é o efeito de qualquer passado, não semeia futuros possíveis. Ele é
a eternidade de seu próprio momento cujas fronteiras indefinidas configuram uma
experiência fluida do real. Trata-se de um tempo que é espaço, estado e matéria,
e não uma percepção abstrata do simples fluir das coisas.
Podemos
dizer também que ele é próprio a cada singularidade. Não é um tempo universal e
objetivo. Cada um vive seu próprio presente definido por sua trajetória especifica
no tempo e no espaço de sua existência.
quarta-feira, 23 de outubro de 2019
A NUDEZ DA REALIDADE CONTRA OS PUDORES DO PENSAMENTO
Se
quer se se aproxima deles.
Busca
em sua própria superfície
Os fios de significações profundas.
Ele inventa o corpo
Na
paisagem gramatical dos conceitos
como um passageiro clandestino
da realidade,
Contamina, assim, os sentidos,
Os gestos e sentimentos,
imprimindo verdades a pele.
Depois, veste a realidade
com os trajes rotos da lógica
negando a nudez o mundo.
Mas a realidade é esperta.
Sempre foge as palavras que lhe vestem
e zomba graciosa dos raciocinados pudores do pensamento.
Sempre foge as palavras que lhe vestem
e zomba graciosa dos raciocinados pudores do pensamento.
MICRO FÍSICA
Ainda hoje,
a imensidões de uma gota d’água
acorda
em mim
o
arcaico das imaginações
de
proto infância.
Nos
tempos de pré consciência
as
coisas pequenas
continham
universos.
Podia
explora-los
com
olhos
nas
pontas dos dedos
Com
mais precisão
do
que a de qualquer microscópio.
terça-feira, 22 de outubro de 2019
PÓS HISTÓRIA
Nossa
consciência define-se entre o fluir de um imediato agora e o estruturante de um
perpétuo tempo presente, indiferente ao passado e distante de qualquer futuro.
Nossas
paisagens existenciais tem por horizonte o imediatismo, a superficialidade e a
incerteza dos simulacros de múltiplas narrativas possíveis. Elas tornam
impossível a miragem de um mundo comum na experiência d e um quase infinita
diversidade semiológica. Os signos e símbolos circulam em uma meta realidade
virtual onde tudo foge e transmuta.
Em
contra partida, nos conformamos a finitude, a linguagem e ao corpo. Nenhuma
metafisica discursiva que arremede sistemas e universalismos nos encanta os
ouvidos em tempos de imersões no simples cotidiano.
Tudo
é transitório e nos inventa livres e
vazios de sentido.
O
tempo já não nos apavora. Buscamos a natureza e seu eterno retorno no resgate
do mais recuado arcaísmo onde o humano não se distingue do mundo na dualidade
de ser e não ser.
O QUASE SER DO HUMANO
Antes de habitamos cidades, culturas,
E sociedades,
Habitamos a natureza,
Somos afeto, corpo
E desejo.
Habitamos a terra,
Como animais selvagens
Em qualquer floresta.
Como animais selvagens
Em qualquer floresta.
Presos ao chão
Invejamos a liberdade dos pássaros.
Invejamos a liberdade dos pássaros.
Somos angústias,
Diante da imensidão do mar,
Da violência da tempestade,
E somos quase nada
Sob o céu estrelado.
Diante da imensidão do mar,
Da violência da tempestade,
E somos quase nada
Sob o céu estrelado.
segunda-feira, 21 de outubro de 2019
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