sexta-feira, 25 de outubro de 2019

TEMPO PRESENTE E PÓS HISTÓRIA


O tempo presente sempre nos escapa como vivência plena através da experiência precária de cada momento. Ele se confunde, assim, com a permanente erosão de  seu próprio esboço.

Este presente colapsado e inconstante, que vinculamos a vivência concreta do imediato de um agora, não é linear, nem cíclico, mas  heterogêneo e múltiplo em sua fugacidade. Ele não comporta, ainda, interpretações ou significados. Pois simplesmente acontece a margem de todo sentido possível e do simulacro de qualquer memória. Ele é puro esquecimento em sua unicidade , mas, simultaneamente, é  sequência replicante de um outro de si sempre atualizado.

É a partir deste incerto agora que o tempo presente ganha forma e conteúdo enquanto território de ação e durabilidade, como lugar do acontecimento e da memória, como fato escrito em nossos corpos como ato e palavra.    

Este presente não é o efeito de qualquer passado, não semeia futuros possíveis. Ele é a eternidade de seu próprio momento cujas fronteiras indefinidas configuram uma experiência fluida do real. Trata-se de um tempo que é espaço, estado e matéria, e não uma percepção abstrata do simples fluir das coisas.

Podemos dizer também que ele é próprio a cada singularidade. Não é um tempo universal e objetivo. Cada um vive seu próprio presente definido por sua trajetória especifica no tempo e no espaço de sua existência.



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