O que é dito pode ser apenas silêncio onde os ouvidos são mudos. Eis o limite de toda expressão, de toda confissão de verdade. O que entre nos circula como signo e símbolo possui sempre múltiplos significados, pois transcende o plano da representação. O maior desafio é esclarecer como uma palavra nos afeta, como ela acontece como consciência... e não como um saber formal.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 29 de outubro de 2018
DO DIZER A ESCUTA
O que é dito pode ser apenas silêncio onde os ouvidos são mudos. Eis o limite de toda expressão, de toda confissão de verdade. O que entre nos circula como signo e símbolo possui sempre múltiplos significados, pois transcende o plano da representação. O maior desafio é esclarecer como uma palavra nos afeta, como ela acontece como consciência... e não como um saber formal.
sexta-feira, 26 de outubro de 2018
FOUCAULT À SOMBRA DE JUNG: UM RABISCO
Na entrevista "Lacan , o 'libertador' da
psicanálise" concedida em 1981 a J.Nobecourt e reunida no primeiro volume
da edição brasileira de Ditos & Escritos, há uma frase de Foucault sobre
Lacan que é singularmente luminosa:
" A influência que exercemos não pode nunca ser um poder
que impomos.".
Poderíamos recontextualizar esta frase e
afirma-la como
uma premissa para pratica de si e de uma ética do
cuidado. Assim,
ultrapassamos os dispositivos de
poderque nos assujeitam, que nos acomodam a
uma
subjetividade estreita, condicionada a uma racionalidade
torta, que visa
sempre a instrumentalização do outro, o
ego como medida de todas as coisas e os
complexos
culturais como matriz de um comportamento de manada.
É isso que
produz singularidade, individuação, e nos
irmana no cultivo de uma vida
significativa ou simbólica.
quinta-feira, 25 de outubro de 2018
A ÉTICA DA PRODUÇÃO DE SI MESMO
Produzir vida,
Ser o corpo,
O ato e o objeto,
Em um só afeto,
Movimento,
Sentimento e pensamento.
Ser é um acontecimento complexo,
Um acoplamento de corpos/coisas
Para produzir desejo, sentido e subjetividade.
Ser é algo mais do que existir....
quinta-feira, 18 de outubro de 2018
ESCUTAR COM OS OLHOS, FALAR COM AS MÃOS
Algumas pessoas escutam com os
olhos e falam com as mãos. É uma questão
de sensibilidade para as curvas e nuanças da comunicação, para o que há de verbal e não verbal no ato de expressão. É sempre
preciso estar atento para o que é dito em silencio e a margem das palavras. Raramente
nos damos da múltipla dimensão do ato de comunicação que depende não apenas do
tido, mas fundamentalmente da escuta. Ou mais precisamente, das diversas formas
de escuta e apreensão de uma mensagem. De outra forma, comunicar-se não passa
de um monologo.
Escutar com os olhos e falar com
as mãos é aqui apenas um exemplo do
quanto podemos ser versáteis em nossa
forma de dizer e ouvir ampliando as estratégias de ser visto. Antes de
tudo somos seres simbólicos, e a circulação de signos obedece a um fluxo de
imagens que definem tudo aquilo que é visível em uma sociedade. Mas é
surpreendente o quanto aquilo que contradiz as normativas de expressão nos
excita. O que se convencionou no plano das artes como modernismo é juntamente a
personificação deste exercício de experimentação.
quarta-feira, 17 de outubro de 2018
AS ESPIRAIS DO TEXTO
Dentro de um texto existem frases
que constituem ilhas de sentido, que destoam da narrativa, e servem de porta
para outros textos, para fugas da intencionalidade da totalidade do discurso.
Assim se fazem interpretações, apropriações e reinvenções. O texto lido é
sempre diverso daquele que foi escrito.
O excerto é sempre uma
reduplicação mutante do original. Ele é o texto que estala, que se espalha e
escapa ao autor e ao leitor como figuras comunicantes do ato de linguagem. É fácil entender a incompreensão de um texto,
o labirinto da hermenêutica que multiplica os interpretes, os leitores infiéis,
os detratores e críticos literários que em longas resenhas vivem as custas das
pseudo copias do original.
Todo texto esta condenado a
perder-se em interpretações e releituras infinitas, multiplicar-se,
neutralizar-se.
SOBRE A IGNORÂNCIA METÓDICA
Só lida como o inesperado quem
confia mais do que deveria nas próprias expectativas. Quando nos convencemos de
alguma coisa é por que desconsideramos uma serie de outras possibilidades
formuladas e não formuladas. Lidamos com uma estreita e pequena via em um
grande labirinto de possibilidades. O melhor que pode nos acontecer é sermos surpreendidos
pelo inesperado e ter que começar tudo
de novo. O conhecimento é um trabalho de Sísifo, um meio de administrar o caos
através da linguagem. Não é seu objetivo a serenidade de qualquer resposta, mas
a multiplicação das questões ao infinito.
A ignorância é a chave do
conhecimento. Mesmo que isso pareça um clichê dos mais ordinários.
terça-feira, 16 de outubro de 2018
AFORISMOS SOBRE PERSPECTIVISMO
As evidências são ditadas pelo
adestramento do olhar. Apenas enxergamos aquilo que estamos condicionados a
enxergar.
O mundo tem sempre o tamanho do
nosso conhecimento e a forma de nossas certezas. Tudo se resume a uma questão
de perspectiva.
No fundo estamos sempre buscando
solução para falsos problemas, pois as respostas sempre são dadas pela própria
pergunta.
O mais importante é perceber o
mundo sem tomar a si mesmo como medida de todas as coisas.
ECO SISTEMA
O ego é como uma bela e
movimentada cidade circundada por densa vegetação e uma praia. A topografia
existencial sempre pressupõe natureza e
cultura como opostos complementares. È assim que afetos semeiam os jardins da
imanência. Mas o que há de mais interessante nesta paisagem viva são as vias
abertas em todas as direções formando um confuso labirinto através do qual todos os cantos são interligados. É ele quem
mantem pulsante o eco sistema.
segunda-feira, 15 de outubro de 2018
OLHAR ESTRANGEIRO
Há tantas versões
de mim mesmo atravessando o tempo naquele que sou através da composição do
olhar estrangeiro, que não arrisco qualquer autodefinição. Existo nesta miragem
que se apresenta como representação, que nasce da alteridade, do encontro do eu
e do outro, mas que não esgota ou define aquele que sou.
Sou apenas um
viajante, um naufrago. Nunca importa onde estou, nem guardo a meta de qualquer possível destino. Tudo
é aleatório e provisório, como o próprio olhar do outro que me define.
O QUE É FOUCAULT?
Afinal, o que é
Foucault? Penso que já não nos é possível falar de um individuo historicamente
determinado, muito menos de uma obra, livros ou da persona de um determinado
autor.
Como sugeriu
Deleuze, Foucault se apresenta agora como uma caixa de ferramentas, uma multidão
ou, simplesmente, utilizando um de seus conceitos, como um intercessor. Foucault
é também um acontecimento e um devir. Ele é o intempestivo, uma provocação que
nos atravessa no tempo presente como um relâmpago.
O que nos afeta
e agencia é um “dispositivo Foucault”, algo que o ultrapassa como corpo sujeito
e como teoria, estabelecendo disibilidades e visibilidades na produção de
subjetividades.
Pensar e fazer
Foucault, utiliza-lo como caixa de ferramentas, é evitar intimidades e
fidelidades, é buscar técnicas de cuidado de si, a marginalidade de uma escrita
delinquente e descontinua que sempre desafia os limites do tempo presente.
Mas é claro que
o “dispositivo Foucault” possui também suas estratificações e homogeneidades totalizantes,
suas lógicas de arquivo, suas especificidades ético políticas, mesmo que
predomine suas configurações heterotópicas na produção de contra estratégias de
saber poder a partir de uma ética do cuidado.
De modo geral
Foucault é uma inquietação, um modo de não ser sempre o mesmo, buscando sempre
a dobra do mundo, as vertigens de pensamento, a exterioridade da linguagem. É
questionar-se sobre o que ainda pode ser a filosofia depois de Kant, sobre o
que estamos nos tornando. Abrigar-se sob seus Ditos & Escritos é sempre
pensar a vida como obra de arte.
Assinar:
Postagens (Atom)