quinta-feira, 19 de julho de 2018

SOBRE A DUALIDADE DA CONSCIÊNCIA DO MUNDO


A consciência sensível e a consciência intelectual possuem o mesmo objeto: a exterioridade do mundo. Mas representam percepções e experiências diferentes deste objeto. O mundo é irredutível as duas. Apresenta-se como algo concreto através do corpo e ao mesmo tempo como uma abstração do pensamento. Em ambos os casos ele nos afeta como uma experiência interior que se reduz a um fora, que em sua multiplicidade permanece em alguma medida inconsciente. 

Mas toda forma de consciência é a percepção do exterior. Desta forma  não existe  consciência interior. Existe apenas expressão, movimento, de um fora que nos surpreende como um dentro, mas com o qual nos relacionamos através do filtro de determinadas configurações culturais ou simbólicas que definem o sensível e o intelectual. O sentir define o pensar e vice versa. Vemos apenas aquilo que podemos pensar. O próprio eu é exterioridade, o que inviabiliza  a subjetividade como um contraponto do mundo. Sujeito e objeto são uma coisa só.

quarta-feira, 18 de julho de 2018

O NÃO LUGAR DO EU

Quando me ponho diante de um espelho e tento me descrever, surpreendo diante de mim uma anônima versão de mim mesmo.

Não sou aquele que revela a visão. Não sou minha voz e nem mesmo meus pensamentos. Sou qualquer coisa indeterminada, sem substância, entre o corpo e o mundo. Mas também não sou este eu que se inventa através de um discurso.

Ser qualquer coisa é uma pretensão tola. Tudo que faz sentido é não fazer sentido.

ETERNO RETORNO



O limite do possível é onde as coisas sempre acontecem.
É a dobra que separa o inatual da atualidade sempre provisória e que nos lança cada vez mais longe. Não há um ponto a ser alcançado que não conduza a outro mais distante. Entretanto, todos os pontos são iguais considerados em seus respectivos momentos. Estamos sempre retornando a um estágio inicial que nunca é o mesmo. Viver é constantemente começar de novo, devorar-se neste eterno circulo vivo que nos ensina o tempo.

segunda-feira, 16 de julho de 2018

HISTORIOGRAFIA E ACONTECIMENTO

É aquilo que nunca mais se repete que interessa a historiografia na criação de memoria, na conversão em fato histórico daquilo que se perde na atualidade de cada novo momento. Mas não é apenas a individualidade e a singularidade que caracterizam os acontecimentos. Sua vulnerabilidade é o seu traço mais fundamental.

Afinal, tudo passa,  nos envolve e transcende. Estamos contidos no tempo, mas ele não nos contem. Ele nos atravessa. Todos os acontecimentos nos escapam, mas ganham materialidade quando coletivamente o inventamos no plano da experiência e da significação. Para tanto é preciso  transcender a imaginação do agora e apreender o devir que através deles nos surpreende  sempre. Em poucas palavras, o inatual nos habita e é exatamente isso que justifica a escrita da História.  

terça-feira, 10 de julho de 2018

HÁBITOS SEDENTÁRIOS E CONSCIÊNCIA


Uma metafísica da consciência busca a materialidade dos discursos como praticas e modo de ser, como um lugar dentro de um mundo. O discurso é onde se habita, onde a realidade se torna hábito. Mas a realidade não se reduz a práticas discursivas. Ela guarda sempre algo de indeterminado, de impertinente. Há sempre uma inquietude em relação ao real que engendra hiper realidades, ou que nos leva a o simulacro de palavras de ordem, de imagens de pensamento que reduzem o conhecimento a mera informação cotidiana ou, simplesmente, a uma performance discursiva.



sexta-feira, 6 de julho de 2018

SOBRE O DEVIR

O futuro, seja ele o que for, não será superior ao nosso presente, tanto quanto ele não é superior ao nosso passado. Apenas será outra coisa. O decisivo é sempre responder ao aqui e o agora buscando apreender o intempestivo, o incondicionada ou, simplesmente, o devir.  Seu movimento constante, sua durabilidade mutante, é o que sempre nos persegue através do tempo, das variações das formas históricas.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

NAUFRÁGIO



GEOGRAFIA EXISTENCIAL




Quem existe é o meio no qual me movimento.
É toda esta multiplicidade de objetos, processos,
Que transformam qualquer lugar em um acontecimento.

A singularidade é uma espacialidade dada que comporta o corpo.
Corpo onde o dentro e o fora inventam consciência das coisas.

Sou em todos os sentidos esta singularidade,
Este movimento que se transforma em lugar de existência.

Assim, a Terra inventa o universo como abstração
E duvido de tudo aquilo que me define a existência.