Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
NOTA SOBRE JUNG E A MODERNIDADE
Ao pensar todo o desenvolvimento da cultura ocidental a partir de sua configuração pelo mito cristão, Jung estabeleceu uma leitura original da modernidade. Para ele o tema central da época moderna era o deslocamento do homem, enquanto imagem arquetipa, para o centro da consciência. Assim, o homem sentiu sua autoconsciência e seu envolvimento com o mundo material como uma experiência mais forte do que sua dependência de uma divindade onipotente. Tal processo encontra-se representado pelo drama alquímico que, de muitas maneiras, abriu o caminho para conversão do homem a demiurgo de seu próprio mundo social através de uma natureza sacralizada e, ao mesmo tempo, passível de sua intervenção. Confrontado com seu próprio deus, o homem surpreende-se capaz de intervir na criação substituindo este mesmo deus transformando a natureza. Emerge, assim, gradativamente o Homo Faber como imagem de um domínio da natureza e antropomorfização do mundo.
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
DELINQUÊNCIA LINGUISTICA
Onde quer que estejam meus trapos verbais
Serei sempre este miserável
Que polui a face da escrita.
Sempre este provocador,
Destilando ódio e humor
Contra as cenas cotidianas
Das palavras abertas da ordem.
Aos amantes do bom dizer
E de boas ideias de mundo,
Ofereço meu mais franco desprezo
Pelas regras gramaticais,
Pela ordem de todos os discursos.
Não me engana qualquer
disciplina,
Nenhum conceito ou verdade.
A linguagem selvagem, fechada
sobre si mesma
Contra a normativa do sentido,
É minha trincheira de significação.POR UMA ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA?
Em seu Ensaio sobre o Homem, ao
definir o Homem como animal symbolicum,
Ernest Cassirer lança as bases de uma antropologia filosófica fundado na individualidade
humana como lugar de criação do próprio homem em sua universalidade. É como
indivíduo que o ser humano configura sua própria experiência como espécie e,
consequentemente, também com a constante incerteza sobre seu próprio futuro
através do devir do tempo.
A linguagem, a
técnica/instrumentos e as artes plásticas, inscrevem materialmente os símbolos
nas praticas culturais. Isto é, a produção de artefatos cria a realidade
através do qual o homem se inventa ou revela como animal symbolicum.
O imperativo da obra, do ato de
criação produz seu criador. É expressão de uma rede de relações complexas entre
o eu e o mundo, que conduz do signo ao símbolo, da natureza ao humano, do
sensível ao abstrato.
O homem, esta questão
demasiadamente tardia, como nos faz pensar Foucault em As Palavras e as Coisas,
é um devir, uma sombra projetada pela imaginação, pela cultura como artificio
da consciência através de suas formas simbólicas.
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
FUGA
O dispositivo panóptico organiza unidades espaciais que permitem ver sem parar e reconhecer imediatamente […] A plena luz e o olhar de um vigia captam melhor que a sombra, que finalmente protegia. A visibilidade é uma armadilha” – Foucault, Vigiar e Punir
A indeterminação e o devir é tudo que saberão de mim.
Guardo o isolamento como premissa do meu nomadismo,
das minhas rotas de fuga...
Dialogo com o aleatório e o inesperado
A indeterminação e o devir é tudo que saberão de mim.
Guardo o isolamento como premissa do meu nomadismo,
das minhas rotas de fuga...
Dialogo com o aleatório e o inesperado
em um processo constante de desconstrução
de mim mesmo.
Nem mesmo sou idêntico a um eu
nas tantas variantes de um rosto
que me assombra no espelho.
ETERNO RETORNO
Tenho vontade de voltar no tempo
E repetir tudo aquilo que fiz de
mim mesmo.
Reescrever com as mesmas linhas
tortas
Antigos erros,
Reviver acertos e vitórias
Na mais imperfeita imperfeição de
ser.
Assim, seria feliz, sempre de
novo,
Na perene eternidade do mesmo
Em gratuito e franco existir.
Sem propósitos e sem soluções
Seria inteiramente eu
Na profundidade rasa do meu
querer.
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
TEATRO SIMBÓLICO
Sou responsável pelo bem estar de
um gato.
Isso é tudo que penso quando
volto para casa,
Depois do trabalho, engasgado com
o dia
E sujo de cotidiano.
Tenho um compromisso com a existência
do meu gato.
Por isso não posso desistir deste
existir artificial
E do fardo da civilização.
Preciso garantir a alegria do meu
gato.
Este é todo o proposito que move
agora
Meu mundo.
Tudo que faço é pelo meu gato....
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
LINGUAGEM E SINGULARIDADE
O indivíduo se define como tal
através de sua interação com outros indivíduos, da co-habitação em uma
realidade social onde as trocas humanas acontecem mediante a replicação de
signos e símbolos que personificam experiências concretas.
É através das praticas
discursivas que se estabelece nosso sentimento de realidade e a própria existência
enquanto construção social e cotidiana. Como seres singulares somos quase apêndices
desta experiência coletiva que nos envolve, que nos subordina a relacionamentos.
A inserção de um indivíduo no
ambiente cultural formatado pelas praticas discursivas pode se dá de forma passiva,
quando o indivíduo limita-se a reprodução mimética e normativa no uso dos
signos e símbolos, ou ativa, quando o indivíduo é capaz de ressignificar estes
mesmos signos e símbolos em suas práticas discursivas.
A literatura, e especialmente a
poesia, formatam tais práticas não pragmáticas de forma privilegiada. Mas esta
singularização do dizer é corrente em nosso cotidiano mais elementar. Cada um elabora
espontaneamente um modo próprio de se expressar e selecionar temas e questões
que passam a mediar sua relação com o mundo e com os outros.
Quando o individuo se dedica a
desenvolver ou levar as ultimas consequências seu mais intimo discurso de mundo
ele se torna psicologicamente mais ciente de sua singularidade, menos dado a
reprodução acrítica do dizer de todo mundo. A linguagem se torna para ele uma
força viva.
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