O indivíduo se define como tal
através de sua interação com outros indivíduos, da co-habitação em uma
realidade social onde as trocas humanas acontecem mediante a replicação de
signos e símbolos que personificam experiências concretas.
É através das praticas
discursivas que se estabelece nosso sentimento de realidade e a própria existência
enquanto construção social e cotidiana. Como seres singulares somos quase apêndices
desta experiência coletiva que nos envolve, que nos subordina a relacionamentos.
A inserção de um indivíduo no
ambiente cultural formatado pelas praticas discursivas pode se dá de forma passiva,
quando o indivíduo limita-se a reprodução mimética e normativa no uso dos
signos e símbolos, ou ativa, quando o indivíduo é capaz de ressignificar estes
mesmos signos e símbolos em suas práticas discursivas.
A literatura, e especialmente a
poesia, formatam tais práticas não pragmáticas de forma privilegiada. Mas esta
singularização do dizer é corrente em nosso cotidiano mais elementar. Cada um elabora
espontaneamente um modo próprio de se expressar e selecionar temas e questões
que passam a mediar sua relação com o mundo e com os outros.
Quando o individuo se dedica a
desenvolver ou levar as ultimas consequências seu mais intimo discurso de mundo
ele se torna psicologicamente mais ciente de sua singularidade, menos dado a
reprodução acrítica do dizer de todo mundo. A linguagem se torna para ele uma
força viva.