As molduras do
meus pensamentos estão gastas. Nem mesmo sei dizer se ainda penso, no sentido
de qualquer reflexão nômade, ou se apenas insisto em repetir velhas receitas
pseudo acadêmicas que já não me definem, que não dão mais conta de minhas tantas
inquietações.
Hoje sofro o
peso do tanto que ignorei, do pouco que considerei, e lamento a impertinente
tendência a me considerar alto suficiente, senhor dos meus próprios enunciados,
quando apenas me fartava de cultura livresca e requentada.
O tempo passa indiferente
aos quadros de pensamentos que decoram
nossas praticas cotidianas. Não é por acaso que a grande maioria não se ocupa
dos jogos do pensamento, não os pendura nas paredes da alma.
A verdade não
nos leva a nada além do inútil vicio da verdade. Mas aquilo que nos faz livres
são as dúvidas e inquietações que não se intimidam com a autoridade de qualquer
livro, que ignoram as molduras do pensamento, mas buscam a sua essência na
folha em branco.