Um acontecimento não se reduz a sua materialização como evento concreto. Pode-se dizer que é um processo em grande parte virtual. Mesmo que não definido por qualquer causalidade, mas pela simultaneidade de determinados eventos.
Como, afinal, poderia uma coisa acontecer fora da simultaneidade de tantos outros acontecimentos? A multiplicidade é sua característica mais elementar. Por isso pouco entendemos um acontecimento, pois geralmente não estabelecemos sua rede de relações, não percebemos que um acontecimento só é pleno na medida em que estabelece uma descontinuidade dentro de uma cadeia de eventos, criando uma situação inédita. Assim, um fato não é necessariamente um acontecimento, mas a continuidade de uma cadeia de eventos.
Um acontecimento não tem sujeito, é devir que liga um passado e um presente saltando para o futuro. Ele é uma singularidade que personifica o desdobramento da própria vida como movimento que nos ultrapassa, como algo que não se curva a nossa previsibilidade e muito menos a nossas apostas e certezas teleológicas. Fatos criam continuidades, acontecimentos inventam o inédito através da acausalidade.
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