O mundo é o outro
que me inventa e transcende.
É o objeto que se revela sujeito
no inventar-se da realidade.
Ele é o falso absoluto
que me define efêmero,
irrelevante e incerto.
O mundo é essencialmente
tudo aquilo que não sou
quando só posso ser
através dele.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 11 de abril de 2017
sábado, 8 de abril de 2017
A MÁSCARA DO AUTOR
"No ato de escrever, o momento mais cativante é o da condensação, da elipse, da rarefação. Recriar núcleos cada vez mais densos, em torno dos quais a luz fica desorientada, e o pensamento também, já que perde o sentido da sua origem. "
Jean Baudrillard in COOL MEMORIES II Crônicas 1987-1990Um texto transcende seus enunciados.
É pouco evidente naquilo que diz
na construção de imagens
que extrapolam meta linguagens.
Quem escreve não domina o texto,
é seu escravo,
que através da máscara autoral
inventa significados
que não cabem em qualquer palavra.
O dito é a superfície do escrito,
o quase invisível através do indisíivel
do que foi pensado.
sexta-feira, 7 de abril de 2017
O SENTIMENTO DA PAISAGEM
Embora a paisagem seja composta pelo somatório de uma diversidade de objetos individualizados, seus detalhes me escapam. Apenas posso apreende-la como totalidade aberta, em movimento, onde cada detalhe se relaciona ao outro como peças de um quebra cabeça.
Percebo ritmos e movimentos que fazem do espaço povoado de coisas uma especie de atmosfera que me envolve e reduz a mais um objeto entre tantos outros. O que vejo é parte de mim mesmo através da consciência do que me circunda. Sou um ponto dentro da paisagem e, portanto, a própria paisagem.
O tempo e espaço ofusca o devir... Mas a paisagem é atemporal como um quadro em seu estático movimento de acontecer.
segunda-feira, 3 de abril de 2017
SOBRE LER E ESCREVER
"O hábito de escrever é mais importante do que a prática da leitura. O que já foi dito por Schopenhauer em Parerga e Paraliponema (1951) . Em dado momento de seus aforismos ele nos remete nesta obra a um epigrama curioso de A.W. Schelegel:
"Leiam com afinco os antigos, os verdadeiros
e autênticos antigos: O que os modernos dizem
sobre eles não significa muito."
Aquilo que se escreve ao sabor das tendencias contemporâneas esta normalmente fadado ao efêmero ou a prisão de sua época. É preciso buscar no atemporal as referências para o bem escrever e, assim, apreender o "espirito humano" sem se deixar contaminar pelas urgências do simples agora. Desta forma, nos qualificamos a pensar e escrever por nossa própria conta, dizendo o mundo e as coisas, segundo nossa mais intima e autentica sensibilidade. Não há maior contradição do que ler em demasia sem cultivar o habito de inventar suas próprias linhas. Todo bom leitor é também um escrevinhador, uma vez que a leitura não é um ato passivo.
sexta-feira, 31 de março de 2017
A REALIDADE AINDA FAZ SENTIDO?
Caminhar em um solo cognitivo minimamente seguro é um objetivo ingenuo na contemporaneidade. Vivemos em tempos de incertezas existenciais, sociais, politicas e epistemológicas. Substituímos o bem estar das metanarrativas e a pretensão a grandes verdades totalizantes pelo franco reconhecimento dos limites de nossas praticas discursivas.
O antídoto para a metafisica das palavras-verdades, sustentáculo dos enunciados de um sujeito cogniscente introspectivo que se impõe como medida do próprio conhecimento, tão característico da modernidade desde Descartes, foi substituído pela pluralidade de discursos e de perspectivas cognitivas, que se voltam para uma reflexão sobre a possibilidade do próprio conhecimento positivo da realidade. Em muitos casos, sem constituir um discurso com pretensões à Verdade.
Já não é o sentido da História ou um desvelamento da natureza que buscamos significar ou representar, mas a própria experiencia de domesticar o real através de codificações e símbolos, o próprio entendimento das coisas, é que parece questionável. O que hoje nos perguntamos é se o mundo que socialmente inventamos todos os dias ainda precisa fazer algum sentido.
Talvez os outros animais sejam mais felizes do que nós humanos.
quinta-feira, 30 de março de 2017
EM TEMPOS DE INCERTEZAS
Não adianta buscar uma estruturação pragmática do real quando nossas representações de mundo e significações da existência ignoram o desenraizamento ontológico que nos define a contemporaneidade.
A vida anda cada vez mais opaca e indiferente às teleologias totalizantes e a existência torna-se nômade em meio a vastidão de nossas incertezas.
INDIVIDUALIDADE E VIDA PRIVADA
Em grande medida participamos de atitudes mentais que transcendem e contem nossas configurações individuais,que nos confrontam o tempo todo com conteúdos impessoais. Mas é justamente a constante tendência a transgressão destas atitudes, nossa inadequação aos papéis sociais que nos são impostos, seja pela época ou pela cultura, que condiciona a grau de singularidade e autenticidade que cada um é capaz de alcançar.
Nossa auto imagem depende de certa recusa dos códigos sociais em nome de nossos impulsos e tendencias mais pessoais. Estamos condenados a nossa vontade. É isso que basicamente nos define como indivíduos , o instável relacionamento que mantemos com a realidade social e coletiva. Tendemos a diferenciação, mesmo em sociedades massificadas onde a padronização comportamental, mediante a universalização de um padrão de consumo minimo de bens simbólicos, condicionam a reprodução de nossa existência.
Aqueles que tendem a individuação percebem de modo mais intenso as fronteiras entre as ações inerentes ao espaço público da vida social e aqueles destinados a vida privada. Considera-se aqui o espaço privado, não como aquele domínio da existência consagrado a família ou a administração domestica, mas como o campo existencial definido por nossas inquietações, angustias, sonhos, fantasias, medos e desejos.
O cultivo de si mesmo é o que define o hedonismo do viver privado. O que lhe proporciona um caráter irracional, não planejado e não pragmático, mas essencialmente lúdico, confessional e deliberado.
segunda-feira, 27 de março de 2017
SEJA VOCE MESMO
A consciência de existir me obriga a me tornar quem eu sou.
Assim me faço no tempo e no espaço.
Sou em meus
vazios, faltas e possibilidades,
Estou sempre
inacabado,
em
movimento....
Contra e através
do mundo
Simplesmente existo
Aprendendo a ser
o que sou
buscando saber quem eu sou.
buscando saber quem eu sou.
quarta-feira, 22 de março de 2017
RELATIVISMO X FUNDAMENTALISMO COGNITIVO
Hoje em dia a
pluralidade tornou-se praticamente uma artifício cognitivo fundamental contra
os unilateralismos ideológicos. A aceitação da possibilidade de olhares
múltiplos sobre qualquer tema, em um mundo onde afloram fundamentalismos, pode
ser tomada como uma premissa importante para qualquer codificação sensata do
real ou consideração de qualquer tema.
Não é novidade
que qualquer filtro ideológico, e até mesmo metodológico, sempre induz a
teleologias. A perspectiva relativista, por outro lado, não nivela ao mesmo nível todas as leituras
possíveis de um dado fenômeno, mas estabelece que um único ponto de vista não é
suficiente para apreende-lo em sua totalidade.
Discursos com
pretensão à legitimação a partir do paradigma da Verdade são aparentemente
incompatíveis com tal tese. Mas apenas aparentemente se considerarmos que não
se defende aqui nada diferente de uma abordagem multidisciplinar onde diversas
ordens de discurso dialogam para enriquecer uma narrativa aberta.
Cada um de nós
produz enunciados inspirados em algum discurso de realidade que condiciona
nossas conclusões subjetivas. O fato de reconhecermos outras possibilidades de
enunciados não nos torna menos convictos de nossas conclusão, mas apenas
cientes de sua incontornável parcialidade.
ACONTECIMENTOS: BREVE ROTEIRO DE EXPERIENCIA
Gostaria de
poder falar intimamente dos fatos, descreve-los como quem faz boa literatura.
Pode-se explorar
um acontecimento em sua singularidade, ignorando seus contextos e condicionantes.
Um acontecimento é um labirinto. Pouco adianta lhe impor causalidades. É
preciso, em lugar de explica-lo, percorre-lo como fato multifacetado em suas dinâmicas
efêmeras.
Vivemos perdidos
em meio a nossas estratégias de significação das coisas fazendo de conta de que
tudo faz sentido. Mas só existem acontecimentos amontoados e desarticulados se
acumulando como degradada experiência perdida de um momento de realidade. Uma realidade que deixou de
dizer uma ordem de mundo ou qualquer iminência de continuidade e futuro
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