Todo esforço do pensamento toma
por meta produzir uma indiferença, um distanciamento em relação as coisas
vividas. É preciso domesticar a realidade. Mas isso só é possível na medida em
que nos apartamos dela. Pensar é uma forma de distanciamento das coisas que se
estabelece através da abstração. Existe um hiato entre o mundo vivido e o mundo
pensado que preenchemos através d subjetivação do real, da imersão da consciência
na experiência do mundo através do
corpo.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017
EU, MUNDO E PERCEPÇÃO
Minha existência é imprecisa. Pois
não sou este eu que pensa. Nem me identifico com minhas próprias palavras. Ser é
um não lugar que extrapola a consciência, um vazio preenchido por signos e símbolos.
A vida é gramática e a realidade é este corpo que sou. Assim, sou o meu próprio
objeto através de cada pensamento onde o eu e o não eu se realizam como imersão
na percepção daquilo que existe, como realidade mundo.
Lembrando Merleau Ponty,
“A percepção não é uma ciência do
mundo, não é nem mesmo um ato, uma tomada de posição deliberada; ela é o fundo
sobre o qual todos os atos se destacam e ela é pressuposta por eles. O mundo
não é um objeto do qual possuo comigo a lei de constituição; ele é o meio
natural e o campo de todos os meus pensamentos e de todas as minhas percepções
explícitas. A verdade não “habita” apenas o "homem interior", ou,
antes, não existe homem interior, o homem está no mundo, e é no mundo que ele
se conhece.”.
(MERLEAU-PONTY.In Fenomenologia da percepção , 2006 p.6
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
PÂNICO CONTEMPORÂNEO
A crise das representações,
as incertezas e vazios
da nossa existência,
afirmam o indivíduo
contra as codificações coletivas,
contra as mimesis, adaptações
e contradições universais.
Mas o que somos presos a estes vazio,
a esta ausência de mundo
apesar de nossa lucidez pessoal?
Perplexos ,
desconstruímos futuros,
inventamos estéticas,
na aventura de viver em pânico,
singulares e autônomos,
através da arte e contra a sociedade.
Somos todos nômodas.
as incertezas e vazios
da nossa existência,
afirmam o indivíduo
contra as codificações coletivas,
contra as mimesis, adaptações
e contradições universais.
Mas o que somos presos a estes vazio,
a esta ausência de mundo
apesar de nossa lucidez pessoal?
Perplexos ,
desconstruímos futuros,
inventamos estéticas,
na aventura de viver em pânico,
singulares e autônomos,
através da arte e contra a sociedade.
Somos todos nômodas.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017
EXPERIENCIA E SUBJETIVIDADE
Enterrado no tempo que passa,
procuro encontrar um momento em que todas as coisas ganhem sentido ou simples
plenitude no frágil fato de estar vivo. Falo de um vago sentimento de realização
com as coisas vividas que normalmente escapa ao simples dia a dia. O extraordinário
é sempre algo simples e quase banal, um resgate da experiência das coisas através
da subjetivação dos fatos objetivos. Tudo depende de nossa percepção e capacidade
de estabelecer camadas de significado sobre os pequenos detalhes dos
acontecimentos.
SOBRE A REALIDADE
Escolha alguns fatos,
Organize-os aleatoriamente
E invente a realidade a seu
gosto.
Não existe um real objetivamente
dado,
Mas o realmente vivido
Que se reduz a experiência.
Isso é tudo que temos:
Nosso ser no mundo
Como representação e vontade.
Nenhuma narrativa esgota a
realidade...
Tudo é questão de hiper- informação
Gramaticalmente organizada.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017
SOBRE O DEVIR E A VIDA
A recusa do mundo do devir é
personificada não apenas pela metafísica religiosa e seu desdém pela realidade
sensível, mas também pela valoração do bem estar e da saúde. O culto ao corpo e
a vida saudável representa muito mais do que a busca pela longevidade, mas a
afirmação de uma moral que toma por referencia a felicidade, uma estética da
existência onde não há lugar para o imperfeito, o defeituoso ou, simplesmente,
o contraditório. Assim, a ideia substitui o real ou é tomada como sua
substancia. O ethos de uma felicidade
concreta, o mito de uma positividade absoluta, por mais ingênuo que seja, anima
a imaginação de muitos.
Mas o devir, a incerteza e a
finitude, permanecem condições incontornáveis da condição humana que não podem
ser substituídas por qualquer ideal de saúde, por qualquer representação de
felicidade. Nenhum bem estar é constante e a vitalidade não é uma regra. O
mundo e a existência permanecem imperfeitos, contraditórios. Apenas o
pensamento nômade, sujeito a indeterminação ontológica e a incerteza, é capaz
de dar conta do viver em sua totalidade.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017
O LIMITE DAS AUTO DEFINIÇÕES
Somos finitos em nossas auto definições
e não em nossas potencialidades. Entretanto, nossas auto definições são abertas,
pois não somos idênticos as nossas gramáticas de realidade. Assim, elas
coincidem com nossas potencialidades, pois, virtualmente, estamos sempre em
processo de ser, jamais fixos em qualquer ponto, em qualquer determinação. Não
podemos escapar totalmente ao indeterminado, a imprecisão, não importa o quanto
aderimos a conceitos fechados e ao limitado de nossas auto definições. Em poucas
palavras, não somos inteiramente em nada de que acreditamos, nas personas as quais aderimos.
O IDEAL DE SER
Sofro o vago desejo de ser abstrato,
Sem carne e osso,
Como um pensamento puro e inocente de mundo...
Esta seria a condição ideal da existência.
Mesmo que não fosse real,
Que não fosse humana,
Que não fosse intensa.
Não é este, afinal, o sonho de todas as filosofias?
A superação das contradições,
O ser pelo ser através do não ser!
Não é este vazio que agradaria a todos?
Este existir sem tempo
Feito de mais destilado significado?!
Sabem todos que o pensamento
é o mais franco inimigo da vida.
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