A ontologia do banal não merece
grandes reflexões ou discursos. Ao contrário, ela afirma justamente a
inutilidade deles diante de nosso tédio existencial. Tal ontologia expressa a
imediaticidade radical de viver, o fastio do encadeamento incessante dos
momentos em instantes ordinários onde a inércia de ser dá o ritmo da futilidade
de acontecer no mundo. A pratica efetiva de existir é assustadoramente simples,
um assombro, quando despida de nossas representações e valores socioculturais.
Reduzida ao seu exercício imediato e quase exclusivamente biológico e pratico,
a vida se resume ao tédio de estar vivo.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 24 de janeiro de 2017
A QUESTÃO DA ALTERIDADE
Tendemos a reduzir o outro aos
nossos próprios limites, a tomar como familiar tudo aquilo que nos é estranho.
É assim que domesticamos a realidade ou lhe impomos nossas precárias certezas e referencias simbólicas. Sempre recusamos o
desconhecido como principio. Nossos juízos são a priorísticos e normativos. Tendemos
a simplificações. Assim inventamos a realidade. Aceitar o outro é uma forma de auto
renuncia com a qual não nos comprometemos. Somos sempre ciosos de nossas
certezas e opiniões, o que torna duvidosa ou limitada nosso declarado
compromisso com a alteridade. Muitas vezes
a confundimos com empatia e tornamos a compreensão uma estratégia de controle.
INTENCIONALIDADE
Queria fazer um poema magro,
Discreto e equilibrado
Para dizer as urgências do dia a
dia.
Alguns versos de tédio e cansaço
Para erguer um consolo inútil
Contra a debilidade dos meus
atos.
Queria substituir com palavras
Tudo aquilo que falta na vida.
Mas as musas da poesia
Não aprovaram meu desespero,
Meu poema fraco....
segunda-feira, 16 de janeiro de 2017
AGUA CORRENTE
Escuto a agua correndo,
Suave e constante,
Como se não fosse a qualquer
parte.
Sempre passando,
Cristalina,
Inventando seu próprio caminho,
Vencendo qualquer resistência.
A agua não tem domínios,
Inventa-se em todos os cantos
Quase como se fosse um vento.
MUNDO E SUBJETIVIDADE
O mundo vivido é sempre o intimo
mundo percebido por cada um. Esta premissa fenomenológica significa que a realidade
do outro só pode ser por mim experimentada indiretamente a partir da minha
própria experiência do real. O outro só
é pensável na medida em que existe um eu, pressupõe co-existência e intencionalidade.
A realidade é, portanto experimentada como uma espécie de um multi eu que me
confronta com múltiplas intencionalidades com as quais sou obrigado a interagir
primeiro física e sensualmente e depois como representação e interpretação.
Não é fácil dizer o que é o mundo
vivido, pois suas fronteiras são elásticas e provisórias já que o mundo em sua
totalidade é uma abstração só possível através da experiência daquilo que é o
mundo para mim.
sexta-feira, 13 de janeiro de 2017
MEU MUNDO
Meu mundo era feito de quadros,
Livros e moveis antigos
Espalhados pelo pequeno espaço
desorganizado
Do meu apartamento de um quarto.
Nada ali tinha seu lugar
Ou funcionava direito.
Tudo era tão errado como minha
vida.
Todas as minhas certezas eram
provisórias
Na livre imaginação e delírio
De todas as coisas.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
INDIVIDUALISMO RADICAL
O mundo anda tão absurdo que me leva a supor normal o sentimento de vertigem dos fatos, dos dias, e minha quase insuportável vontade de liberdade de tudo aquilo que ainda me liga a humanidade.
Cada vez mais julgo indispensável os sussurros da minha melancolia, meus surtos de individualidade, meus protestos mudos contra um cotidiano imundo.
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