domingo, 13 de novembro de 2016

NIILISMO E VIDA COTIDIANA

Qualquer experiência da felicidade é uma ilusão ingênua e pressupõe a negação unilateral das contradições inerentes a qualquer representação ou consciência da realidade. O chamado "realismo pragmático", por outro lado, é uma questão de má vontade com a vida.

somente o niilismo faz sentido em seu franco desprezo pelo mito do significado e desconfiança das precárias certezas que nos sustentam a afirmação da  existência.

A mais eficiente resposta a vida permanece sendo o hedonismo discreto dos indiferentes. Viver é uma questão de comedida embriaguez contra toda filosofia estoica ou ideário moral de uma vida reta.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

EGO E CONSCIENCIA

A consciência moderna identifica-se com um ego abstrato e autoconsciente que reduz tudo aquilo percebe a condição de objeto. Mas o próprio ego é uma espécie de máscara que falseia à consciência, que a cancela como um campo de representações onde o real se apresenta como co-existencia dos fenômenos e coisas que são a própria consciência projetada como exterioridade. Ém lugar de uma realidade objetivamente dada, quando pulamos sobre nossos próprios egos, intuímos a consciência como um participar de tudo aquilo que existe. Estamos imersos na realidade. Mas vivemos do pensa-la como algo diferenciado da consciência.

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

CONTRA A IDEIA DE VERDADE

Não acredito  em verdades...
valorizo em demasia minhas duvidas,
minhas incertezas
e incapacidade de viver de convicções.
Não gosto de ser muito coerente,
de fazer muito sentido.
Sou inapto a crença ou a fé.
Duvido, as vezes, até mesmo
da minha consciência.
Talvez alguém sonhe minha vida
e este mundo inteiro.
Sei que a realidade não tem garantias.
tudo não passa de uma ilusão realista.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

SER E DIZER

Dividido entre o sentido e o espanto
Invento o que sei
Através do dizer que me pensa
No encadeamento das palavras.
Sou apenas aquilo que o texto
Fez de mim
Contra todas as interpretações possíveis.
Ser é também

Uma questão de  hermenêutica.

DEFININDO O PÓS ESTRUTURARISMO


As generalizações abusivas e as narrativa inspiradas pelo herança de uma racionalidade iluminista, ou simplesmente, orientadas por uma filosofia do progresso e aperfeiçoamento do gênero humano, já não encontram eco nas labirínticas paisagens do mundo contemporâneo. Já não buscamos explicações ou respostas “objetivas”, “causalidades” ou conexões sistêmicas para domesticar o real e a História. 

Apenas escrevemos nossa literatura das coisas vividas e imaginadas sob a erosão de toda a tradição. Pensamos sobre ruínas e nos inventamos  além de qualquer futuro. Creio ser esta a melhor forma de descrever o campo do chamado Pós Estruturarismo inspirado pela filosofia de Niethzsche  que reune autores diversos como Foucault, Deleuze, Lyotard, Baudrillard, Paul Ricoeu, dentre outros.

NOTA SOBRE O TEMPO PRESENTE

Compartilhamos todos uma mesma época histórica, Mas vivemos  em tempos e lugares diferentes e em uma relação diversa com o passado imediato.  Nunca somos  plenamente contemporâneos de nosso próprio tempo, pois ele é múltiplo em suas possibilidades, processos  e significados. Por isso é muito difícil definir o atual período histórico. Ele só existe em nossas interpretações diversas como um ato linguístico e não identidario. O tempo do agora é virtual, fluido e plural em um agora cada vez mais estendido.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

SUPERANDO A HERANÇA ILUMINISTA: POR UMA HISTORIOGRAFIA DESCONSTRUCIONISTA

A História não é sinônimo de progresso e mudança social tal como protagonizado pelos  herdeiros do Iluminismo. Desde as duas grandes guerras  mundiais do ultimo século , tornou-se no mínimo constrangedor insistir em tal afirmação.

A história não é um processo orientado por um propósito que faz dos fatos históricos portadores de um significado racional. Tal ato teleológico é mero fato narrativo e diz respeito ao tipo de escrita que usamos para qualificar e escrever a história.
A ideia de totalidade não nos faz falta...


O fragmento, a quebra dos conceitos demasiadamente abstratos e racionalizantes já não despertam o mesmo entusiasmo. Não há como acreditar na racionalidade dos acontecimentos e nas virtudes da causalidade. Pelo menos não sem reconhecer nisso certa dose inflexível de crença objetivista e reducionista das realidades do  ser humano no tempo.

REALIDADE EM TEMPOS PÓS MODERNOS

Desrealizando a realidade e transmutando o mundo em fabula. Assim seguimos em frente neste dilatado tempo presente, fugindo ao niilismo reativo, as ruínas do iluminismo e ao vazio do autoritarismo utópico.


A única herança que nos legou os últimos séculos são as ruínas da teleologia e projeto iluminista de sociedade. Os juízos e a realidade já não formam um binômio a mercê das nossas intencionalidades.  A representação define o ser como mera simulação, como ato de linguagem. 

A EXISTÊNCIA SE INVENTA CONTRA CADA UM DE NÓS

Atualmente a produção de sentido e significado se tornou uma tarefa coletivamente ingrata. Já não há ideal de sociedade que nos sustente personas, hábitos sociais e memórias coletivas que definam um inequívoco mundo comum. Estamos condenados ao assombro de existir enterrados em nossas vidas individuais cuja privacidade é cada vez mais uma questão publica através das redes sociais.

Não há mais onde se esconder...


A existência socialmente se inventa contra cada um de  nós.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

DESCENTRAMENTO PÓS MODERNO

O descentramento do sujeito reside na desconsideração de um mundo significativo, pleno de sentido, na consciência de que os papeis sociais tradicionais e nossas personas sociais se diluíram. Tudo que  hoje nos define como sujeito é efêmero, provisório e complexo. É a diferença que se insinua em nossa consciência coletiva e não mais a identidade, seja ela qual for. 

Nos surpreendemos múltiplos, lidando com uma pluralidade interna e externa onde não é mais possível inequivocamente saber a realidade. Somos de certa forma estrangeiros em nossa própria realidade, pois ela se faz cada vez mais instável e definida pela ideia de crise.