O mínimo para viver hoje em dia,
devido ás novas tecnologias, tornou-se dispendioso. Passamos a existir em
nossas próteses eletrônicas, nos artificialismos do virtual, como uma nova
dimensão ontológica. Ninguém vivencia plenamente a contemporaneidade sem estar
conectado. A própria consciência esta se
tornando um simulacro de si mesma. Nada mais diz respeito aos fatos, mas a imagética
do real, sua hiper realidade informacional. O limite entre a ficção e a
realidade foi finalmente ultrapassado pela narrativa.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quarta-feira, 26 de outubro de 2016
terça-feira, 25 de outubro de 2016
A MATÉRIA PRIMA DA VIDA
O acontecer de uma vida humana não é objeto de
qualquer ciência. É acima de tudo um ato de consciência na imediaticidade da
experiência. Mesmo quando escrevemos uma autobiografia, o que ali se revela é
apenas uma imagem de nossa própria existência. O essencial não pode ser
compartilhado, nem mesmo cabe como objeto do pensamento.
O conjunto de fenômenos que
define uma existência humana em suas diversas perspectivas, seja biológica, ontológica
ou psicológica, personifica um somatório caótico de coisas. Algo dinâmico que,
na falta de um termo mais preciso, denominamos existência. Mas o existir só é um dado da
experiência na medida em que a existência é em todos os sentidos aquilo que é
exterior a si mesmo. Seu caráter é indeterminado. Existir não é um conceito ou
uma conclusão, é simplesmente uma premissa. A existência é aquilo que escapa a
linguagem. É o silencio que compartilhamos em nosso acontecer cotidiano.
INDIVIDUALISMO
O indivíduo se faz em sociedade oscilando entre autonomia e
controle,
Entre o silêncio e o ato
Que define o abstrato do social.
É preciso que alguém esteja sempre inventando o futuro
Enquanto o tempo passa .
Não importa o passado que nos alimenta
E fica cada vez mais escasso.
Apenas existem indivíduos...
Apenas existem indivíduos...
O individuo é seu próprio mundo.
segunda-feira, 24 de outubro de 2016
O OFICIO DE PENSAR NA CONTEMPORANEIDADE
O lugar do pensamento na cultura
contemporânea já não comporta o discurso da verdade, do universal. A sociedade
ocidental Já não acredita mais no intelectual como aquele que “desvenda” a
realidade e receita o futuro a partir de uma pretensa racionalidade
histórica. Tal intelectual pós iluminista se defrontaria hoje com um mundo onde
a pluralidade de verdades tornou impossível sua pretensão a qualquer discurso,
mesmo que apenas consensualmente, universal.
Hoje, aqueles que ainda se
dedicam a aventura do pensamento e da reflexão, já não tem a pretensão ingênua
de transformar o mundo, de apontar para a
verdade como meta .Cabe, ao contrario,
problematizar o efêmero, produzir narrativas através das quais o
pensamento se debruça sobre si mesmo.
quinta-feira, 20 de outubro de 2016
BAUDRILLARD E A MORTE DO REAL
«Dissimular é fingir não ter ainda o que se tem. Simular é fingir ter o que não se tem. O
primeiro refere-se a uma presença, o segundo a uma pura ausência. Mas é mais
complicado pois simular não é fingir: " Aquele que finge uma doença pode
simplesmente meter-se na cama e fazer crer que está doente. Aquele que simula
uma doença determina em si próprio alguns dos respectivos sintomas.» (Littré).
Logo, fingir ou dissimular deixam intacto o princípio da realidade: a diferença
continua a ser clara, está apenas disfarçada, enquanto que a simulação põe em
causa a diferença do "verdadeiro" e do "falso", do
"real" e do "imaginário". O simulador está ou não doente,
se produz "verdadeiros" sintomas? Objectivamente não se pode tratá-lo
nem como doente nem como não doente» (Jean Baudrillard,Simulacros e Simulação,
páginas 9-10, Relógio d´Água).
Para Baudrillard vivemos em um tempo de hiper realidade e simulacros após a morte do real. Nossas meta narrativas
quebradas, nosso subjetivismo incerto, sofrem as estratégias fatais do objeto.
Como em nenhuma outra época a ideia de verdade e as certezas
pareceram tão frágeis em nossas imaginações do real.
Nossos enunciados estão finalmente a deriva...
quarta-feira, 19 de outubro de 2016
POEMA QUASE DADAISTA
Preciso de um tempo para o nada,
Para o absurdo e a desconstrução.
Preciso quebrar o relógio,
A rotina e o efêmero cotidiano.
Preciso da vertigem,
De Apolo através de Dionísio,
para que todos escutem
meu canto de Orfeu.
meu canto de Orfeu.
Escutem os silêncios
Que dentro de mim gritam
O céu noturno,
Enfeitem com sonho a existência do nada.
Transvalorizem todas as imaginações.terça-feira, 18 de outubro de 2016
FOTOGRAFIA E ESQUECIMENTO ICONOGRÁFICO
Fotografias antigas parecem agora
o registro de mundos perdidos dos quais a existência quase duvidamos. Tamanha a
mudança do registro, do realismo e da banalidade das fotos que ainda nos são contemporâneas.
As fotografias envelheceram junto com nossas sensibilidades e não nos
reconhecemos mais no passado relativamente próximo. O tempo não se tornou
apenas elástico, mas muito facilmente descartável no efêmero de nossa memoria.
O esquecimento iconográfico é a
grande novidade da era digital... rememoramos muito pouco através de
fotografias, pois o instante se tornou
demasiadamente banal.
A MORTE DO SOCIAL SEGUNDO BAUDRILLARD
O social tornou-se um grande deserto depois do advento da
sociedade de massas. Segundo Baudrillard,
“Tal é a massa, um conjunto no vácuo de partículas individuais, de
resíduos do social e de impulsos indiretos: opaca nebulosa cuja densidade
crescente absorve todas as energias e os feixes luminosos circundantes, para
finalmente desabar sob seu próprio peso”
“Exatamente o inverso, portanto, de uma acepção “sociológica”. A
sociologia só pode descrever a expansão do social e suas peripécias. Ela vive
apenas da hipótese positiva e definitiva do social. A assimilação, a implosão
do social lhe escapam. A hipótese da morte do social é também a da sua própria
morte”.
“A massa é sem atributo, sem predicado, sem qualidade, sem referência.
Aí está sua definição, ou sua indefinição radical”.
“Massa sem palavra que existe para todos os porta-vozes sem história.
Admirável conjunção dos que nada têm a dizer e das massas que não falam. Nada
que contém todos os discursos. Nada de histeria nem de fascismo potencial, mas
simulação por precipitação de todos os referenciais”.
“Caixa preta de todos os referenciais, de todos os sentidos que não
admitiu, da história impossível, dos sistemas de representação inencontráveis, a massa é o que resta quando se esqueceu tudo
do social” .
“As massas são o “espelho do social”? Não, elas não refletem o social,
nem se refletem no social - é o espelho do social que nelas se despedaça”.
BAUDRILLARD,Jean.À sombra das maiorias
silenciosas: o fim do social e o surgimento das massas.São
Paulo:Brasiliense,1985.Trad.Suely Bastos.
Em poucas palavras o social já não pode
ser mensurado no amorfo da massa. Pelo contrário. Ele simplesmente deixou de
fazer sentido....
URGENTE
Enquanto a vida segue quebrada,
Sem grandes verdades
Invento mundos de ponta cabeça,
Brinco com o cisco no olho
Enquanto o tempo rasga
Todas as minhas expectativas.
Verdade alguma não me
serve mais.
Prefiro minhas incertezas.
O dia demora demais...
Enquanto noites me chamam urgentes.
quinta-feira, 13 de outubro de 2016
A DERROTA DO PENSAMENTO
“Há livros escritos
para evitar espaços vazios na estante.”
Carlos Drummond de Andrade
O pensamento é contemplativo e
pressupõe inercias, silêncios e ausências. Por isso poucos se ocupam
sistematicamente de sua prática. As pessoas preferem viver a pensar. Normalmente
apenas buscam boa informação ou qualquer texto inútil que lhes distraia as
ideias.
Pessoalmente prefiro ficar aqui,
diante de uma folha em branco, esperando alguma coisa abstratamente ocorrer
para abstrair todos os acontecimentos que me perseguem. Sei que enquanto isso
as livrarias estão cheias de pessoas que leem como quem come um hambúrguer.
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