O acontecer de uma vida humana não é objeto de
qualquer ciência. É acima de tudo um ato de consciência na imediaticidade da
experiência. Mesmo quando escrevemos uma autobiografia, o que ali se revela é
apenas uma imagem de nossa própria existência. O essencial não pode ser
compartilhado, nem mesmo cabe como objeto do pensamento.
O conjunto de fenômenos que
define uma existência humana em suas diversas perspectivas, seja biológica, ontológica
ou psicológica, personifica um somatório caótico de coisas. Algo dinâmico que,
na falta de um termo mais preciso, denominamos existência. Mas o existir só é um dado da
experiência na medida em que a existência é em todos os sentidos aquilo que é
exterior a si mesmo. Seu caráter é indeterminado. Existir não é um conceito ou
uma conclusão, é simplesmente uma premissa. A existência é aquilo que escapa a
linguagem. É o silencio que compartilhamos em nosso acontecer cotidiano.