quinta-feira, 13 de outubro de 2016

EU E A ESCOLA




"A função da escola é ensinar às crianças como o 


mundo é, e não instrui-las na arte de viver."


Hannah Harendt




Qual o meu  lugar na escola?
 Nela sou sujeito ou objeto?
O que aprendo de fato é conhecimento
Ou simples adestramento vazio
Para  me conformar com o mundo?
Afinal,  quem serei eu
Apesar da escola?

O que a vida irá me ensinar?

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

LEMBRANDO ALÉM DA MEMÓRIA

Estamos a um passo do passado absoluto,
Do império da nostalgia onipresente
Onde o tempo presente sintetizará todas as épocas.
Assim tem sido desde que perdemos
A capacidade de acreditar no futuro.
O próprio presentismo sucumbiu diante do passadismo.
Reinventaremos todas as memorias perdidas e inventadas
Para que, definitivamente,
Nos tornemos incapazes de lembrar.


SOBRE A PLURALIDADE DO DIZER

O  poder dizer a vida através de um texto se tornou uma arte duvidosa depois de que todos os discursos, por convenção,  se fizeram possíveis. Diante da polifonia dos significados, a verdade se perdeu da palavra. Tornou-se um fantasma dos tempos antigos onde se acreditava que elas correspondiam as coisas.


Estamos agora restritos ao incerto domínio das interpretações e opiniões. O próprio real converteu-se em uma construção complexa  formatada pela linguagem e estratégias discursivas  que adotamos. Já não é mais possível nos atermos aos fatos, na medida  em que somos inventados, enquanto sujeitos cognoscentes, pelo próprio objeto que construímos.

MEMÓRIA E FANTASIA

O passado é sempre mais agradável do que o tempo presente. Temos a impressão de que, em épocas anteriores, os códigos sociais de vida e existência, por sua maior simplicidade, proporcionavam mais facilmente um viver mais intenso. Colorido pelas lentes de nossas idealizações nostálgicas, o passado exibe cores intensas em contraste com o desbotado do tempo presente. Lembrar o passado é sempre mais interessante do que viver ou sofrer as circunstâncias de nossa própria época, que sofrer seus impasses e incertezas. 

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

IMEDIATISMO

Neste exato momento
Nada acontece na minha vida.
As horas passam mansamente
Enquanto administro o ócio
Simplesmente existindo.
Nenhuma finalidade,
Reflexão, saudade ou angustia...
Apenas o aqui e agora
Despido de qualquer sentido.


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O NÃO SENTIDO DA HISTORIA

Como diziam os antigos, a História é como um grande teatro onde a Sorte (Fortuna) se diverte em atrapalhar nossos planos, nossas teleologias cotidianas ou sublimes idealizações éticas e intencionais. Dai a importância do não factual, pois a construção da realidade é um desafio diário ao qual cada indivíduo em sua privacidade ou no espaço publico da coexistência  responde com as possibilidades oferecidas por sua imaginação. No plano social nossas codificações e imagéticas cognitivas estão sempre em processo de construção e reconstrução ou, simplesmente, adaptação e readaptação as circunstancias.

Em termos históricos o social não está condicionado ao horizonte da previsibilidade, pois os desdobramentos de determinado evento não é prefigurado por suas supostas causas, como erroneamente pode sugerir a visão retrospectiva, mas pelas variáveis que interferem em seus desdobramentos produzindo novos contextos e conjunturas que contrariam sua natural tendência a inercia a permanência simples de uma situação ou condição anterior de dado estado de coisas.
O que se diz aqui é que a História não faz sentido, não é dotada de um proposito, como , por exemplo, o progresso da humanidade ou qualquer coisa que o valha. Não existe um processo histórico dotado de uma racionalidade intrínseca ou um “fim da história”.


A aleatoriedade dos acontecimentos e as sincronicidades estabelecidas entre diversos eventos em um determinado contexto é o que nos leva  socialmente a situações novas e mais imprevisíveis do que gostaríamos que fossem.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

PENSAMENTO NÔMADE






Vivemos o desafio de uma filosofia antiteoretica onde o conhecimento revela-se um jogo, um envolvimento cada vez mais profundo com a ilusão de verdade. As palavras precisam trair ao seu próprio significado, ser transfiguradas em cada frase. O intelecto mascara-se, inventa disfarces, na busca pela afirmação de seu dizer o mundo. Tudo por mera vaidade ou simples necessidade de “saber”. Mas já não há mais  verossimilhança que nos atraia para o dizer da razão ou ao conformismo da estreiteza dos dogmas científicos. Somos cotidianamente confrontados com o nonsense, com os limites de todos os discursos.

Isso é o mesmo que dizer que a existência já não é passível de leituras serenas, que já não podemos nos abrigar a sombra de nenhuma verdade gnosiológica e nos conformar as interdições das convenções. Temos fome de novidades, justamente agora que todas as possibilidades de mudança parecem diluídas pelas metamorfoses do sempre igual epstemológico.
   
O pensamento tornou-se nômade...


terça-feira, 27 de setembro de 2016

SOBRE LEMBRAR E ESQUECER

Atualmente o viver coletivo ou compartilhado entre outros indivíduos é feito mais de esquecimentos do que de lembranças. A informação ultrapassa nossa capacidade de fixar memórias de longo prazo. Precisamos de uma arqueologia das coisas perdidas. Não para resgata-las, mas para compreender o esquecimento como modalidade de significação. Por outro lado, nem sempre o mais importante é o que foi lembrado. Não escolhemos nossas memorias. Ela nos serve como um filtro que seleciona arbitrariamente aquilo que se perpetua.

O ACONTECIMENTO E O FATO

O essencial da representação ficcional esta na impossibilidade do momento. Mas tal impossibilidade pode acontecer não apenas em função de sua condição de não acontecimento, mas também por sua conversão a memória e a vestígio.


Quanto mais distante um acontecimento se faz na linealidade cronológica da modernidade, mais nítido ele se torna enquanto ocorrência  imagética, um re-vivenciar daquilo que jamais foi vivido, mas permanece no caminho de todos nós como uma pegada. É preciso mostrar aquilo  que não vimos, reinventa-lo como experiência  presente. O que só é possível mediante a transcendência do fato bruto.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

NOTA SOBRE A SIGNIFICAÇÃO DA REALIDADE

Broquear o sujeito como fluxo de expressão e instancia de significação. Eis um objetivo no mínimo inusitado, mas urgente do ponto de vista de uma experiência mais crua do ato de cognição e codificação do mundo pela consciência/autoconsciência.

Existir é viver do significado das coisas menos do que de sua experiência imediata. Sabemos ou inventamos a realidade através do filtro de dada configuração cultural específica, o que significa que não compartilhamos a mesma imagem de mundo, mas existimos naquela que nos foi possível dentro daquele lugar especifico onde vivemos.


Quando a significação leva em conta a experiência direta do devir dos fenômenos, sem prefigura-lo em demasia, de acordo com nosso arcabouço cultural, estranhamos o familiar e redimensionamos nossa percepção do real.