“Essa falta de significado não é um problema
inventado. É um fato real que experimentaríamos todos os dias se nos déssemos
ao trabalho de não apenas ler o jornal, mas também, por indignação com a
balbúrdia em que se transformaram todos os problemas políticos, de levantar a
questão de como, dada essa situação, as coisas poderiam ser feitas de forma
melhor.”
ARENDT, Hannah. A Promessa da
Política. Rio de Janeiro: DIFEL, 2008.
Qualquer intervenção em um mundo
comprometido em suas significações deve recusar o terreno das idealizações e
utopias sociais. Mais do que isso, deve partir do banal, da micro realidade do
existir cotidiano, para recodificar o mundo que existe em cada indivíduo. Pois
a simples manutenção da existência privada e o consumo de bens aprisionou o eu
a suas próprias imagens, o afastou do plano da ação politica ao colocar-se no
centro de nossas preocupações coletivas.
Quando o ciclo produtivo se tornou a
suprema preocupação da sociedade moderna a politica deixa de garantir a vida em seu
sentido mais amplo, parou de se ocupar do mundo e se degenerou na simples
consideração da produção e reprodução material da existência, afastando-se de
qualquer ideal de liberdade.