As manifestações
linguísticas de nossas vivências privadas são banais, mesmo quando pretendem
profundidade. Falo aqui da publicidade
cotidiana de um “eu” que não se realiza
no jogo semântico . Sempre guardamos
algum voluntário ou involuntário silêncio quando falamos sobre nós mesmos. Não há como fugir disso,
pois o próprio “eu” do discurso se edifica a partir de indeterminações e
fronteiras ontológicas. Entre o
biológico e o artifício cultural este eu se afirma a margem da natureza, revela
nossa incapacidade de codificar a realidade enquanto totalidade de fenômenos
abstratos inscritos em um corpo vivo inspirado por pulsões. Sempre nos movemos
no campo das idealizações abstratas e parciais.
Assim, é preciso que se diga, que a saúde física
é mais essencial do que qualquer
representação ideal de felicidade.
Mesmo quando infelizes, é essencial a manutenção de nossa integridade física,
pois dela sempre depende a possibilidade de nosso acontecer no mundo. Claro que
um corpo no pleno gozo de suas funções não nos torna mentalmente saudáveis ou
garante uma existência criativa e fecunda.
O corpo é a medida de tudo aquilo que
somos, o meio, o fim e o principio de nossa condição humana. Cada um é em todos
os sentidos seu corpo e, através dele, sua voz entre os outros como testemunho
de sua singularidade e ação. O próprio pensamento torna-se um fenômeno físico através
de nossos atos.