sexta-feira, 22 de julho de 2016

CONVITE A HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE

A História do tempo presente nos desafia a reflexão sobre quem somos e sobre o que estamos vivendo. Toma para si a responsabilidade do agora na problematização dos seus impasses e possibilidades.

Cabe aqui considerar a seguinte ponderação a fim de inspirar uma consideração do tema:

 “Sobre os motivos que teriam levado ao desabrochar deste campo historiográfico, comentam Agnès Chauveau e Philippe Tétart que seriam a história renovada do político, o impacto de geração e o fenômeno concomitante de demanda social.4 Para estes dois autores, esta modalidade historiográfica seria tributária dos anos 1950, quando a sociedade demandava esclarecimentos a respeito dos traumas que vivera. Essa produção histórica, simétrica à demanda social, teria como raízes ainda o “aumento e a aceleração da comunicação, a renovação progressiva da imprensa e da edição, a elevação do nível de estudo e a força dos engajamentos ideológicos, morais, dos anos 50-60”.5 Agnès Chauveau e Philippe Tétart comentam que este campo se ampara no pressuposto metodológico de que a história não é somente o estudo do passado, mas também, “com um menor recuo e métodos particulares, o estudo do presente.”6 Meu objetivo aqui é identificar algumas medidas metodológicas para uma possibilidade – apenas uma dentre outras tantas – de um fazer histórico deste campo.”


Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Filho. Para uma História do Tempo Presente: o ensaio de nós mesmos. For a Present Time History: the essay of ourselves. In Fronteiras: Revista Catarinense de História, Florianópolis, n.17, 2009 p.137

quarta-feira, 20 de julho de 2016

PARMÊNIDES: A RAZÃO COMO PATHOS

Segundo Parmênides de Eleia, apenas o ser (positivo) é digno do pensamento. Pois o não ser (negativo), na medida em que não é, não pode ser pensado. Parmênides ignora o mundo sensível onde impera o devir e a contingência e estabelece o ser como uno e imutável.  

Para Parmênides  só o ser é e o não-ser não é”. Através de uma cosmologia abstrata ele afirma o primado do pensamento sobre a existência, estabelecendo a razão como caminho da verdade em termos metafísicos.

Sua filosofia afirma a unidade eterna de um ser absoluto. O que nos permite identifica-lo como o fundador da “metafísica”, precursor da afirmação da unilateraridade do intelecto diante do corpo e da experiência sensível. Em outras palavras, sua filosofia estabelece a razão como pathos do intelecto.



terça-feira, 19 de julho de 2016

INDIVÍDUO E PERCEPÇÃO

Percebemos o mundo de modo limitado. Não somos capaz de captar todos eventos e fenômenos ao mesmo tempo. A equação entre sensação, percepção e pensamento é complexa.

Para inicio de conversa é preciso que se diga que percepção é diferente de realidade e que não podemos reduzir o real a nossa codificação da experiência de mundo. Justamente por isso, pode-se dizer que a consciência humana tem  uma história, não é algo dado, e que através do contexto social e  cultural na qual existimos  estabelecemos formatações da realidade condicionadas as ferramentas cognitivas disponíveis.

Desde Kant sabemos que a percepção não é um fenômeno passivo ou um simples acontecer de experiências sensoriais fisiologicamente estabelecidas, mas uma estruturação do real através de significados e codificações simbólicas.


Por isso a percepção é essencialmente um fenômeno empírico e individual . Cada um formata o mundo compartilhado a partir de uma configuração específica.  

segunda-feira, 18 de julho de 2016

NOTA SOBRE O EU , OS OUTROS E O MUNDO

O acumulo de vivências é o que faz de cada personalidade um quebra cabeça, um arranjo irracional de afetos, sentimentos e convicções, definem o modo próprio de cada um apreender o mundo situando-se no lugar comum do acontecer dos outros.


Isso estabelece uma presentificação da existência singular em um dado contexto social ou impessoal. Existimos como um corpo que se auto representa e assim requalifica suas ações no plano das representações de sua própria existência. Neste contexto, consciência deve ser entendida como intencionalidade voltada para  o aqui e agora de uma totalidade inscrita na dualidade do eu e do mundo.

INDIVIDUALIDADE E SOCIEDADE DE MASSAS

A incapacidade de se autodeterminar frente o outro e a realidade, de ser plenamente um eu no mundo, é o grande pathos da consciência diferenciada do indivíduo contemporâneo.

Tendemos a um estado de inautenticidade coletiva, a experiência da multidão onde a singularidade é reduzida a um dado estatístico definido pela homogeneização crescente das sensibilidades e  praticas comportamentais. A esfera da intimidade e da privacidade, premissa do acontecer da singularidade humana, torna-se cada vez mais uma questão pública, um acontecer socialmente estabelecido e descaracterizado como estratégia de construção de subjetividade. 

quarta-feira, 13 de julho de 2016

QUASE UM SONHO

Gosto de dias vastos,
De manhãs que parecem deslocadas do tempo
Amanhecendo para o estático
De qualquer eternidade.

É como se o agora fosse sempre
E vitoriosa minha esperança de vida e constância.
Nada de perdas, danos e barganhas com o futuro.
Apenas a vida radiante e serena

Dançando no horizonte do efêmero.

terça-feira, 12 de julho de 2016

NOTA SOBRE HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE

O tempo onde concretamente nos inserimos como indivíduos, não é um amalgama informe destinado ao domínio das circunstâncias e da opinião. Pode, ao contrario, fomentar reflexões e analises através do qual nos beneficiamos de nosso próprio testemunho para caracterizar e entender uma determinada época histórica. É uma premissa tola supor que a historiografia pressupõe distanciamento e que o vivido só pode se reduzir a fórmulas efêmeras de analise.


O testemunho ocular e a reflexão critica permitem, ao contrario, uma consideração mais apurada dos fatos que, longe de conduzir a construção de verdades, busca uma tomada de posição diante das circunstancias inspirada por uma apropriação não superficial dos fatos, seus desdobramentos e efeitos sobre as sensibilidades e sociabilidades individuais e  coletivas.  

IMPROVISO

Estou habituado a viver
De improvisos,
De piruetas e peripécias.
Não levo a sério o mundo,
As pessoas e as certezas cotidianas.

Tenho um universo inteiro
A ser inventado
Entre os abismos e imensidões
De mim mesmo.

Não me perguntem o que penso
Sobre qualquer tema,
Pois minha reflexão é livre
E incerta.

Amanhã não acordarei novamente
Para o hoje,
Mas sempre para o improvável
De um passado redescoberto.


segunda-feira, 11 de julho de 2016

CONHECIMENTO E SUBJETIVIDADE

As pessoas, de modo geral, acreditam demasiadamente em suas configurações egoicas e nas verdades objetivas como premissa de todo conhecimento. Tal “positividade” da capacidade de conhecer, em certa medida, apenas seculariza a metafisica, perpetuando o conhecimento como um acreditar ingênuo na possibilidade de formatar o real a partir de determinadas fórmulas conceituais e matemáticas.

Na contramão desta necessidade  de segurança simbólica e domínio conceitual da realidade, pode-se dizer que as novas tecnologias digitais, cada vez mais presentes no mero cotidiano,  criam a expectativa de  uma reconfiguração de nossos padrões cognitivos e mentais que, privilegiando o irracional do fluxo de imagens de pensamento, sobrepõem sob os fatos camadas de entendimento subjetivo de modo que, cada vez mais,  o real se faça um artifício ou uma simples questão de ponto de vista sobre os fatos.


sexta-feira, 8 de julho de 2016

GRAMÁTICA DE MIM MESMO

Não tenho tempo para escutar todos  os discursos.
A totalidade de vozes que povoam o mundo me escapa.
Mas sei que o que realmente importa
É escutar minhas próprias palavras,
Esclarecer meus medos, confusões
E emoções.
As pessoas falam demais
E na maioria das vezes
Não dizem nada  que o valha.
Eu, ao contrário,
Sei apenas falar sobre mim mesmo

Até quando falo dos outros.