quinta-feira, 5 de maio de 2016

O QUE PODEMOS NOS TORNAR E FAZER?

Um dos mais relevantes questionamentos filosóficos que podemos fazer nos dias de hoje, quando vivemos  em função  de nossa finitude e despidos de qualquer confiança  na eternidade, é  o que podemos nos tornar e fazer durante o curto tempo de nossa existência.  "Quem somos nós?"  revelou-se uma interrogação  vazia, pois não  possibilita qualquer conclusão. Vivemos em um mundo onde o não  ser, o acontecer, é  um imperativo ontológico  e onde o espaço  do nosso "ser" foi reduzido à abstração  da linguagem. 

O ser é  um atributo do dizer  e não  da existência  nua e concreta de todos  os dias, onde  precisamos comer, respirar e realizar a vida socialmente compartilhada através  de enfadonhas rotinas.

Então , o que no final das contas, nos tornamos ao longo dos anos e da capacidade de construir uma consciência cada vez mais complexa sobre a incerta realidade das coisas sensíveis? 
Objetivar a subjetividade é  Uma tarefa para a vida inteira e , "o que podemos nos tornar e fazer?"  é  uma resposta que cada um deve construir para si mesmo.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

DEFININDO A CONTEMPORANEIDADE

A obliterada sensibilidade  dos meus contemporâneos desfez todas as minhas apostas no gênero humano.
Existo como indivíduo  e, ao mesmo tempo, como uma abstração coletiva. Sou apenas mais um entre milhões  tentando levar a vida em tempos de incertezas e dúvidas sobre o significado vigente de todas as possibilidades.
Estou  condenado a não  fazer  o menor sentido. Ouso dizer que tenho medo daquelas que arrotam razões  e boas intenções,  que idealizam o mundo e a existência. Também  não  confio muito em mim mesmo. Como todo mundo acredito em meus próprios enganos. Mas sem nossos defeitos individualmente e coletivamente vividos, simplesmente não  seríamos possíveis.

ESCOMBROS


Enquanto a vida passa
Sigo o tempo que se esvai
No superficial de cada momento
Até o limite da minha circunstancial imaginação.
Pode ser que eu me inscreva
No céu dos teus olhos
Ouvindo suas palavras a céu aberto.
Ou talvez eu me perca em um sonho antigo
E me reinvente futuro
Entre os escombros do meu passado.

Quem pode saber?

terça-feira, 3 de maio de 2016

RELATIVIDADE

Enquanto as frases e versos acontecem
A vida segue em silêncio aqui dentro
E toda existência se transforma
Em uma questão sem resposta.
Pode ser que os sonhos rasguem o dia,
O silêncio e sorte.
O amanhã é mais que o futuro,
É minha imaginação aberta
Nas infinitas possibilidades
De uma intimidade nova.
Sei que tudo que existe
É uma questão de ponto de vista.


segunda-feira, 2 de maio de 2016

TEMPO DE POESIA

Atualmente me preocupo apenas
Com o tempo, o espaço,  o sentir do corpo
E com os infinitos das imaginações.
Sou feito da intimidade das aventuras
Do meu pensar nômade  e incerto
Que busca a vida em todas as possíveis  e aleatórias
Direções  da existência.
Pouco me importa o certo, o errado
E a certeza de pensamento.
Me surpreendo um feliz náufrago  de mim mesmo
Nas invenções  das minhas precárias subjetividades.
Serei tudo aquilo que me for possível ser,
Apesar de todos os limites do dia a dia.
Fora isso, existo no tempo incerto da poesia.

IMAGENS, SÍMBOLOS E HIPER INFORMAÇÃO

A partir de uma leitura simbólica analógica do imaginário contemporâneo podemos traçar um panorama dos grandes temas arquetípicos hoje constelados na cultura ocidental. Imagens universais como a grande mãe, a criança e o mito do herói, mais claramente do que outras, aparecem em nossas narrativas simbólicas.  Coisa que facilmente podemos constatar através do cinema, na literatura ou, até mesmo da propaganda, só para citar alguns exemplos mais corriqueiros expressos recorrentemente em nossa cultura imagética.  

O que questiono é se em tempos de hiper informação não ocorre uma banalização das formas conscientes e já estabelecidas dos conteúdos arquetípicos através das  imagens consteladas na consciência coletiva.

Assim, haveria uma surpreende conversão de alguns símbolos tradicionais à condição de signos já que seus conteúdos, de tão degradados, teriam perdido sua capacidade de “dizer” com a mínima fidelidade qualquer expressão do inconsciente coletivo.  Na consideração do imaginário contemporâneo vale a pena questionar tal fenômeno.

Evidentemente não me cabe aqui dizer nada de conclusivo a respeito.


O DILEMA DA IMAGINAÇÃO

O mundo anda se tornando um lugar hostil aqueles que apostam nas virtudes da imaginação. Entretanto , a imaginação  é  hoje tudo que nos resta contra a fantasia da realidade. Como dizia Baudrillard, vivemos em tempos de hiper realidade. Todas as meta narrativas estão  mortas. Assim como o passado....

sexta-feira, 29 de abril de 2016

FILOSOFIA E IMAGINÁRIO

A filosofia sempre foi o jogo do não  sentido e não  uma busca da verdade. Apesar de Platão , Aristóteles e toda escolástica. 

A razão  nunca ultrapassou o mito, o devir e a falta de significado do sensível. Ela sempre se ocupou do imaginário como fundamento do humano. 

Somos nossos enunciados. E eles possuem uma vida própria que nos transcende.

ALÉM DA VERDADE

"A verdade não  representa mais uma solução. Mas talvez possamos almejar uma resolução poética do mundo, do tipo prometido pela História ou pela linguagem."
Jean Baudrillard in A Ilusão  Virtual


O desaparecimento da verdade é  a consequência natural da morte de deus e do colapso de toda razão  em seus fundamentos metafísicos. A consciência é  a medida de tudo que é  humano.

Mas tudo que é  humano  existe como inconsciente. Levar as últimas consequências nossa singular capacidade de imaginar o mundo ainda é  uma tarefa futura.

IDENTIDADE E ENUNCIADO

A realidade é construída através de nossa capacidade de representação e codificação linguística da existência. A performática linguística estabelece o dizer como um fazer constante da consciência. O que me permite associar o habitar de um discurso a construção da identidade do sujeito. Daquilo que digo deduzo quem eu sou. È assim que o discurso se torna significante através daquele que o enuncia, que encadeia enunciados e é ultrapassado por sua própria narrativa. Somos de certa forma pensados pelo que pensamos. Esta autonomia dos discursos me parece ser o pressuposto do acontecer humano.