Me surpreendo mais lucido na
exata medida em que a realidade me parece cada vez menos legível. A precariedade das estratégias ainda vigentes
de codificações de mundo revela-se assim
uma virtude para a possibilidade do conhecimento. Perdidos entre os objetos
aprendemos a flertar com o absurdo e
tecer considerações extremas. Tudo existe como símbolo e o signo... o resto é simples
estranhamento da existência.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
terça-feira, 8 de março de 2016
segunda-feira, 7 de março de 2016
ESTRATÉGIAS DE SUBJETIVIDADE
Enquanto a vida passa
de um dia ao outro
vou me relendo ao longo do tempo.
Não me reconheço hoje
naquilo que acreditava ontem.
Não quero mais ser na ilusão
de qualquer outro.
Prefiro viver livre
dos pressupostos,
dos cálculos e objetivos
de um futuro que nunca será.
a vida está apenas passando
e o tempo já não me diz
coisa alguma.
Preciso respirar em espaços
abertos,
provar o vento
e reinventar distâncias.
AS ESTRATÉGIAS DA INDIVIDUALIDADE
Existe um paradoxal dialogo entre
o improvável e o inevitável que obscurece o alcance de nossas opções
subjetivas. Nossas escolhas estão
condicionadas a representações coletivas e jogos intersubjetivos. Não somos livres
das convenções e circunstancias interpessoais. No exercício de nossa autoconsciência
e posicionamentos mais irracionais e circunscritos em nossas configurações
privadas de mundo e realidade, apenas em nossa desfuncionalidade podemos nos
considerar relativamente autônomos diante da existência coletiva.
O exercício da individualidade, suas
estratégias de construção, a operacionalidade privada inspirada em alguma não muito clara noção de
interioridade, não é um problema muito simples. Mas precisa ser enfrentado.
Na sociedade ocidental /contemporânea cada individuo tende a apostar no improvável contra o inevitável do curso de uma trama de acontecimentos. Somos inspirados pelo desejável de um arranjo feliz das coisas vividas. Mas isso nos conduz normalmente a decepção e a frustração.
Na sociedade ocidental /contemporânea cada individuo tende a apostar no improvável contra o inevitável do curso de uma trama de acontecimentos. Somos inspirados pelo desejável de um arranjo feliz das coisas vividas. Mas isso nos conduz normalmente a decepção e a frustração.
sexta-feira, 4 de março de 2016
ELOGIO A JEAN BAUDRILLARD
Enxergamos o mundo através dos objetos,
da sua sedução e capacidade de formatar a realidade. Movidos pela necessidade que se produz e se
reproduz continuamente através dos nossos corpos, vivemos no fluxo das coisas,
no intimo acontecer dos signos e símbolos que estruturam abstratamente a
própria vida.
Em grande medida, viver é apenas
um ato de imaginação. Inventamos o mundo
através das coisas que criamos e, cada vez mais, as coisas se justapõem ao
humano na orgia dos objetos.
quinta-feira, 3 de março de 2016
TRANSVALORAÇÃO
Falta a palavra agora
a possibilidade da novidade,
a capacidade de redizer o mundo
através de uma única frase
antes que o cotidiano
definitivamente nos mate.
Talvez seja tarde
para dizer o que transcende
a verdade.
terça-feira, 1 de março de 2016
EU E OS OUTROS
Não importa o que eu faça,
minha existência apenas acontece
sob o olhar dos outros.
Os outros tem sempre a palavra,
a realidade na ponta da língua
enquanto o mundo me aperta a cabeça
no dizer do meu próprio
pensamento.
Preciso ir embora,
fechar a porta e abrir a janela.
Nada será diferente depois de
amanhã.
Só preciso dormir um pouco
na contramão dos outros.
REALIDADE ILEGIVEL
Todos os discursos me parecem
vazios e limitados
no opaco de todo significado e
possibilidades de enunciados.
Estamos saturados de palavras,
afogados em frases feitas,
conceitos, valores
e filosofias.
Já estamos fartos de verdades.
O que ainda pode ser escrito,
fazer sentido e não ser banal?
As palavras não mudam o mundo,
não transformam a vida.
Nada esta acontecendo agora...
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
VIVER PARA SI MESMO
A personalidade consciente é uma
espécie de satélite da consciência coletiva personificado pelo arquetípico da
persona. O ego, entretanto, pode romper a tendência a identificar-se com ela na
medida em que se conecta a conteúdos de fantasia que sob certas circunstancias
emergem do inconsciente e, contrariando as formatações culturais e sociais em
que se inscreve determinado indivíduo, joga
luz sobre possibilidades novas e
afetivas que transformam a consciência que ele tem de si mesmo. Assim,
individuar-se é um viver “para- si”
diante de todas as imposições do gênero humano.
LEMBRANÇAS DE VIDA
Minha memória pessoal extrapola acontecimentos através da
experiência radical dos objetos midiáticos. Assim, minha sensibilidade, a lembrança de determinada época, confunde-se com a experiência de series
televisivas, consoles de vídeo games, musicas e toda sorte de impessoalidade
artificial. Quase já não lembro mais de mim mesmo.
Nossa existência é rala, como
provam os lugares de nossa memória pessoal.
Não vivemos em uma cultura na qual a lembrança é de fato valorizada
enquanto estratégia de individuação.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
O TEXTO ABERTO
O texto aberto,
sem fim ou começo
cresce em direção ao horizonte.
Não diz nada de importante,
apenas cresce a cada palavra,
a cada equivoco, angustia
e duvida.
O texto aberto lê minha
existência,
contempla minha falência
e de ante mão sabe
que eu não existo.
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