O que define nossos mínimos consensos
humanos? O que nos permite a convivência apesar de todas as nossas diferenças?
Por mais que tendamos a um comportamento pré- moldado em uma sociedade de massas e aos encantos quase
totalitários de uma vida de consumismo simbólico, ainda nos confrontamos com a angustia diante
do efêmero e o insignificante de nossas existências. Mas na luta contra esta insignificância, nos
distanciamos cada vez mais uns dos outros na inflação de nossos egos.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
ELOGIO AO INDIVÍDUO
A irracionalidade da
individualidade pressupõe o desvio, a recusa do padrão e dos lugares comuns do
coletivo, como estratégia de realização
de si mesmo além das metas e pressupostos da sociedade. Tornar-se um indivíduo
é recusar-se como opaca mimese social,
uma arte elitista que depende exclusivamente de nossa capacidade de reinventar o cotidiano na
contramão do mundo.
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
O VAZIO DAS VIRTUDES
Não são poucas as pessoas
caricatas que circulam por ai afirmando
o imperativo de seus egos, de suas vontades pequenas e banais, contra qualquer
realidade do mundo.
Não vale a pena muito falar sobre
elas. Afinal, são apenas a sombra da humanidade ou aquelas que revelam o que de
pior existe dentro de todos nós.
O mundo seria melhor sem elas.
Mas nem por isso mais verdadeiro. Pode-se até dizer que elas revelam o que de
fato anima e define a humanidade.
Não vivemos no melhor dos tempos.
Mas este jamais será o melhor do mundo possíveis, pois a virtude e a coerência são
meros ideias vazios.
HIPER INFORMAÇÃO
Há tantos livros por ai que já
não sei mais sobre o que ainda é possível escrever. É cada vez mais difícil
dizer alguma coisa realmente original e que não remeta a algum texto já
consagrado. A banalização do significado desertificou as palavras através da
hiper informação. Mas isso também já foi dito e se converteu em mais um entre
tantos outros clichês e não nos conduz a lugar algum.
O leitor agora não passa de uma
referencia virtual e abstrata para um
autor que apenas sofre de tédio.
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
SOBRE LEMBRANÇA E ESQUECIMENTO
A memória é amiga do esquecimento. Lembrar é sempre esquecer de alguma
coisa...
A memória flerta com a morte. Assim tem sido através dos tempos. Pois
os fatos só existem quando recordados, reinventados e apropriados por
significados, por agora e instantes inventados.
A memória dos fatos desaparece em silêncios na fragilidade de nossos
atos...
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
PÓS IDENTIDADE
Quem eu sou? Talvez esta seja a
mais inútil de todas as perguntas. Daqui
a cem anos não fará qualquer diferença quem eu fui ou qualquer coisa que vivi.
Irei desaparecer na paisagem do tempo como um indigente qualquer.
Então, quem eu sou é este momento que não se sustenta como fato
concreto. Sou apenas aleatório caos de sentidos, sentimentos e sensações, entre
a dúvida e o tédio...
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
GUY DEBORD: CONTRA CULTURA E BIOGRAFIA
Guy Debord, co-fundador da Internacional Situacionista em 1957 e autor
de A Sociedade do Espetáculo, foi um dos grandes expoentes da contra cultura da
segunda metade do século XX e do pensamento revolucionário pós 68.
Um pouco antes de se suicidar em 1994 nas montanhas de Auvergne (
França) ele nos legou uma breve biografia onde faz um melancólico balanço de
sua existência. Em seu Panegírico Debord se define como um homem das ruas e das
cidades, um agitador de tempo integral.
Seu texto é recheado de citações e referências históricas, mas tem um
tom profundamente subjetivo e pessoal. Como ele próprio esclarece, certas
personalidades muitos distantes entre si, ainda comunicam algo precioso sobre o
significado das condutas e inclinações humanas. Nas próprias palavras do autor,
“ As citações são úteis nos períodos de ignorância ou de crenças
obscurantistas.”
Debord se recusa a utilizar em sua narrativa biográfica a linguagem
efetivamente falada nas modernas condições de vida e que se reduz, em ultima
instância, ao imediato da representação, não passando de uma imposição
midiática. Assim, o estilo do enunciado torna-se também um meio de recusa da “dominação
moderna”, uma audácia.
Diferente de seus textos teóricos e políticos, Panegírico é um texto sereno
onde, de modo bastante comedido, Debord se propõe a contar sua “verdadeira
história” como um velho general experimentado no campo de batalha refletindo
sobre uma guerra ainda em curso.
Sua conclusão é que no capitalismo tardio o valor de uso impôs seu domínio
autônomo, mobilizando todo costume humano e estabelecendo o monopólio de sua
satisfação, inaugurando, assim, a franca decadência da civilização ocidental.
Tal leitura remete a dicotomia situacionista entre a vida falsificada do
espetáculo e a vida autentica da contra mão cultural.
Creio que é justamente esta autenticidade de ser que o autor procura
comunicar em seu panegírico , em seu discurso de louvor a verdadeira vida.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
LINGUAGEM E CONDIÇÃO HUMANA
Vivemos enterrados em redes linguísticas de crenças e significados que
nos desenham abstratamente os contornos de tudo aquilo que nos é possível
conceber.
Somos definidos por interações mentais. Não é tão evidente a premissa
de um sujeito abstrato e introspectivo que demarque a fronteira entre “o que
está fora” e “o que esta dentro”. Ainda não é possível determinar o que somos
ou, simplesmente, como acontecemos. Mas o velho binário sujeito X objeto já não
grande apelo cognitivo. A linguagem pode ser tudo aquilo que nos permite,
através de enunciados, inventar o mundo. Mas já não é mais suficiente inventar
o mundo...
O PASSADO COMO EVASÃO
É sempre suspeito interpretar o passado a luz do presente. O agora não
pode ser um dogma ou uma prisão. Pelo contrário, o passado deve nos servir como
uma estratégia de evasão, um espelho que torna circunstancial tudo aquilo que
hoje nos parece confiável e digno de valoração. O conhecimento de outras épocas
ou culturas deve nos conduzir a um questionamento de nossa própria identidade
através do reconhecimento de sua perenidade. Aquilo que chamamos de
história não é um processo linear, mas
um acervo de ruinas que inventariamos enquanto sofremos o arruinar-se de nossa
própria época.
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
TEMPO E INTROSPECÇÃO
Sinto as ruas e os carros lá fora
dentro do vazio deste apartamento
onde não existem flores
e a TV já não funciona.
O tempo quebrou no relógio.
Não tenho sinal de internet.
Sé me resta o desconforto da cama.
Mas sei que tudo é indiferente
a minha patética experiência das coisas.
Só preciso ser paciente.
Aguardar as novidades
que se perderam pelo caminho
em algum tropeço da existência,
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