É sempre suspeito interpretar o passado a luz do presente. O agora não
pode ser um dogma ou uma prisão. Pelo contrário, o passado deve nos servir como
uma estratégia de evasão, um espelho que torna circunstancial tudo aquilo que
hoje nos parece confiável e digno de valoração. O conhecimento de outras épocas
ou culturas deve nos conduzir a um questionamento de nossa própria identidade
através do reconhecimento de sua perenidade. Aquilo que chamamos de
história não é um processo linear, mas
um acervo de ruinas que inventariamos enquanto sofremos o arruinar-se de nossa
própria época.
Este Blog é destinado ao exercicio ludico de construção da minima moralia da individualidade humana; é expressão da individuação como meta e finalidade ontológica que se faz no dialogo entre o complexo outro que é o mundo e a multiplicidade de eus que nos define no micro cosmos de cada individualidade. Em poucas palavras, ele é um esforço de consciência e alma em movimento...entre o virtual, o real, o simbolo e o sonho.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
TEMPO E INTROSPECÇÃO
Sinto as ruas e os carros lá fora
dentro do vazio deste apartamento
onde não existem flores
e a TV já não funciona.
O tempo quebrou no relógio.
Não tenho sinal de internet.
Sé me resta o desconforto da cama.
Mas sei que tudo é indiferente
a minha patética experiência das coisas.
Só preciso ser paciente.
Aguardar as novidades
que se perderam pelo caminho
em algum tropeço da existência,
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
O DESTINO DAS MINHAS PALAVRAS
Tinha por incerto
o destino das minhas palavras.
Talvez, o vento as conduzissem
ao silêncio do oceano.
Pois o possível de ser dito
não cabe no pensar alheio,
aquilo que tenho em mim
é incomunicável .
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
OS LIMITES DA FORÇA DE VONTADE
Na cultura ocidental a dita “força de vontade” para superar situações
adversas goza de um status quase metafísico. Mas, no fundo, “força de vontade”
não passa de uma equação simplista composta por variáveis como dor , prazer, recompensa e castigo, tendo como resultado algum tipo de
autodisciplina que visa alcançar uma meta pré determinada. Há algo de
autoritário nisso. Até porque entre nossas promessas e o que nos tornamos há sempre uma certa distância . Geralmente o
reconhecimento do próprio sucesso é uma questão de miopia, pois desconsidera
todas as contradições que o tornam sempre relativo. Podemos sacrificar tantas
coisas em nome da realização de um sonho ou proposito que não não atentamos
para hipótese de que, sob muitos aspectos, ele pode ser considerado um
pesadelo.
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
A MAGIA DAS PALAVRAS
As palavras formatam o corpo,
os hábitos e a realidade.
O mundo existe nos discursos,
que abstratamente nos condenam
a experiência de alguma duvidosa verdade.
É assim que existimos,
que nos fazemos no tempo,
provisórios e rarefeitos,
como nossas gramaticas.
Somos o que dizemos,
não o irracional que nos corre
por dentro.
A VIRTUDE DAS IMPERFEIÇÕES
Sou feito de bons e maus defeitos.
Tudo depende da ocasião
e das interrogações.
Não me preocupo em estar certo
ou errado,
em dar conta das coisas.
sei que sou falho e limitado
e o que hoje parece certo
amanhã pode me surpreender
errado.
Então prefiro agir
segundo meus defeitos.
AUTÊNTICIDADE
Desabrigado de mim mesmo
e a ermo no mundo
tento conter em meu pensamento
toda a minha existência.
Quero vencer o tempo,
transcender pessoas e coisas
para respirar a vida
em estado puro,
meus sentimentos em estado bruto.
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016
VIVER É MOVIMENTO
A vida precisa ser reinventada todos os dias,
redefinida a cada banal iniciativa
através da qual acontecemos no mundo.
Mesmo que tudo seja incerto e provisório,
quase silêncio, na maioria das vezes.
Nossa visibilidade enquanto indivíduos
é relativa.
Por isso, essencial se faz a persistência,
a teimosia de correr contra o tempo
no acontecer dos atos,
na afirmação da vontade
contra os imperativos das circunstâncias.
Viver é movimento...
sexta-feira, 29 de janeiro de 2016
O TEMPO, AS COISAS E A SUBJETIVIDADE
É por intermédio do tempo que nossos atos se encadeiam na construção de
uma biografia que, despida de
linealidade temporal , é definida pela consciência que temos de nós mesmos
através das coisas.
Assim, um determinado lugar, uma música, filme, e tantas outras
pequenas coisas que em algum momento serviram a nossa experiência de estar no
tempo e espaço, convertem-se em memória e vinculo com o mundo vivido.
O encontro do eu e do mundo é mediado pelos objetos que, tal como nós
mesmos, caracterizam-se pela sua finitude e se convertem em extensão de nosso
ser através da consciência. Estar
consciente é sempre um ser consciente de alguma coisa.
Morar em uma determinada casa, participar cotidianamente das rotinas de
um determinado bairro ou cidade, utilizar
determinados objetos, é o que define nossa consciência do mundo. Não do mundo
objetivo e diverso que nos circula, mas
do mundo particular e limitado de nossa experiência singular.
O que quero aqui afirmar é que somos compostos por uma articulação de
micro- realidades socioculturais que interagem para definir as configurações de
nossa consciência diferenciada.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2016
FERIDAS DE UM DIA
O dia deixou algumas feridas,
alguns vazios e melancolias,
que não me cabem mais
por dentro.
Talvez nem saiba mais de mim,
dos meus restos ,
dos meus gritos,
das minhas vontades despedaçadas.
Tudo é quase nada.
O dia deixou algumas feridas,
no corpo do tempo
e na carne da vida.
Já quase não sei da existência,
neste acontecer que não cabe mais
dentro de mim.
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