quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A AUTONOMIA DO INDIVÍDUO

Podemos passar a existência inteira tentando nos adaptar a um mundo que nos foi socialmente dado, quando na realidade, o que realmente importa, é nos tornamos indivíduos na medida em que aprendemos a habitar nossas próprias fantasias de realidade, nossas apropriações subjetivas do mundo, transitando entre o interior e exterior de nós mesmos.


não é a sociedade a quem devemos pertencer, mas a própria sociedade deve ser habitada por indivíduos capazes de viver segundo os ditames de sua consciência diferenciada.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A INCERTEZA COMO MEDIDA DA CONSCIÊNCIA DO AGORA

O incontrolável, o inconstante e permanentemente desconhecido define o cotidiano pós moderno contra as certezas e identidades do passado. A felicidade e a plenitude não passam de imagens fantasmagóricas de um passado que nada mais diz ao futuro e muito menos ao cada vez mais impreciso  tempo de agora.

Vivemos cada vez mais de nossos medos, de nossas fragilidades e tensões. Somos, a todo momento, desafiados a continuar, a sustentar o próprio rosto, seja através do superficial da euforia dos sentidos, seja através da evasão dos sentimentos.

Apenas estamos condenados a continuar freneticamente em direção ao nada.


MATURIDADE E NIILISMO

“Não queremos mais suportar os pesos das “verdades”, continuar sendo suas vítimas ou seus cúmplices. Sonho com um mundo em que se morreria por uma vírgula.”

EMIL CIORAN in SILOGISMOS DA AMARGURA

a maturidade se confunde com uma gradual perda de interesse pelas pessoas e a realidade, por um voltar-se cada vez mais para o claro enigma de si mesmo.
É como tentar responder ao que não tem resposta,
reaprender a viver sem qualquer meta ou significado ultimo.
Por isso poucas pessoas realmente amadurecem. A maioria é incapaz de lidar com a verdade, com o vazio de nossas vidas.


sábado, 19 de setembro de 2015

ESCREVER É SER

Pouco me importa quantos livros você leu. Estou mais interessado em quantas coisas você escreveu e guardou na gaveta e si mesmo. O quanto escrever se tornou através da leitura uma necessidade vital, um desafio que se confunde com sua intima necessidade de saber a existência intensamente além dos lugares comuns da imanência e dos silêncios que nos definem socialmente.

A palavra não cabe no preenchimento do vazio de nossas falas cotidianas e pragmáticas. Ela nos define nas urgências da subjetividade. Somos aquilo que escrevemos. E ninguém realmente existe sem escrever.

Se você quer realmente conhecer um indivíduo, pergunte sobre as coisas que ele escreveu. Nem que seja uma coletânea de velhas epístolas... bilhetes ou recados inspirados de geladeira.

Um indivíduo se revela na capacidade de inventar a si mesmo através da palavra escrita e marcada no tempo para sempre como o instante aprisionado por uma fotografia.

UTOPIA TECNOLÓGICA

Cresci diante da tela de um aparelho de TV,
Vivo hoje diante de um computador
E amanhã, quem sabe,
Finalmente realize o sonho antigo
De escapar a toda realidade.
Talvez a tecnologia se torne
Nosso novo mundo,
Nossa mais perfeita definição
De verdade através dos simulacros.
No fundo, estamos todos fartos
De tudo aquilo que até agora

Tornou a vida possível.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

SOBRE OS DESENCONTROS ENTRE A VIDA E A REALIDADE

O dia foi diferente de tudo aquilo que eu pretendia ou queria.
As horas transcorreram vazias entre as fantasias de uma vida impossível e a impossibilidade de aceitar aquele cotidiano sem rumo ou significado que me definia as rotinas.

Quem era eu entre o desejado e o vivido?  O que  me definia entre os  fatos e  minhas intimas fantasias de outra realidade?
Entre minhas indagações duvida da realidade do mundo, do semblante e do olhar das pessoas. Elas nada tinham a me dizer e eu pouco me interessava pelos seus atos.

Minha principal ocupação era não fazer parte de coisa alguma. Ser livre em algum sentido negativo de liberdade, vivendo enterrado em meus devaneios e sonhos.

Infâncias me visitavam com frequência...

Eu era  novamente qualquer coisa que nunca fui em meu anos de formação.


terça-feira, 15 de setembro de 2015

SOBRE AS RUÍNAS DA REALIDADE

Eu não sei até que ponto a palavra, dita ou escrita não se confunde, as vezes, com alguma estranha modalidade barulhenta de silêncio. Em tempos de inflação da informação o dizer quase não é percebido como compartilhamento de experiências, como intimidade de individuações que através da palavra constroem socialmente um mundo de livre pensamento contra os lugares comuns vazios de todas as tradições.


Não são poucos os que ainda  se debruçam sobre o desafio de reinventar a realidade. Mas a realidade já não é tão obvia. Vivemos tempos de hiper realidade e simulacros. Baudrillard dialoga com Baumman sobre as ruínas do real....

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

CULTURA E CONTEMPORÂNEIDADE

O que hoje caracteriza a cultura nas sociedades ocidentais não é capacidade de perpetuar tradições ou unir uma diversidade de indivíduos em torno de uma identidade. Mas a capacidade de romper  cada vez mais com as ilusões coletivas.

A cultura é hoje um esforço constante de desconstrução e transformação, um superar-se constante. Pode-se dizer que as novas tecnologias digitais e as sensibilidades que engendrou estabeleceu  o indeterminado como um principio identidário.  Estamos todos de passagem, em constante fluxo. Até mesmo o ser tornou-se indeterminado.

Como nunca antes tudo parece possível...


domingo, 13 de setembro de 2015

NOTA SOBRE VERDADE E ERRO

Você nunca sabe que um erro é um erro até que ele se dispa da fantasia de verdade e exponha sem qualquer pudor toda a sua nudez.

Até que se prove o contrário estamos sempre errando em alguma coisa. Não existem consciências perfeitas. É preciso estar sempre atento para os pequenos detalhes, para a sutileza dos equívocos e seus jogos de sedução cognitiva.


O certo e o errado são como duas crianças idênticas brigando no lodo do fundo escuro do abismo da realidade.

sábado, 12 de setembro de 2015

AUTOBIOGRAFIA

Passei a tarde deitado
Pensando no passado,
Na fragilidade dos meus atos
E na precariedade dos fatos.
Sou eu aquele que nunca foi,
Que sempre ficou para depois.
Nunca fui do tipo
Que se veste de herói.
Não tive motivos para
Enfrentar o destino.
Sempre fui o cara errado,
O que se recusou a dar certo
E sempre viveu de sonhos

Mais do que da realidade.