Pouco me importa quantos livros
você leu. Estou mais interessado em quantas coisas você escreveu e guardou na
gaveta e si mesmo. O quanto escrever se tornou através da leitura uma
necessidade vital, um desafio que se confunde com sua intima necessidade de
saber a existência intensamente além dos lugares comuns da imanência e dos
silêncios que nos definem socialmente.
A palavra não cabe no
preenchimento do vazio de nossas falas cotidianas e pragmáticas. Ela nos define
nas urgências da subjetividade. Somos aquilo que escrevemos. E ninguém realmente
existe sem escrever.
Se você quer realmente conhecer
um indivíduo, pergunte sobre as coisas que ele escreveu. Nem que seja uma coletânea
de velhas epístolas... bilhetes ou recados inspirados de geladeira.
Um indivíduo se revela na
capacidade de inventar a si mesmo através da palavra escrita e marcada no tempo
para sempre como o instante aprisionado por uma fotografia.
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