Acho que o pensamento mágico não
será superado na exata medida em que muitos ainda precisam dele para codificar
o mundo. Precisamos aprender a lidar com a diversidade e com a pluralidade sem
julgamentos. Devemos aceitar nossas diferenças. Mas isso não me impede de dizer
certas coisas duras aos que não reconhecem a diferença como principio, como
estratégia de retirada de certas projeções coletivas. O fato é que aquilo que chamamos
de mente ainda se baseia em protocolos arcaicos. Por muito tempo, ainda iremos
conviver com o arcaísmos de nossas condições mentais e culturais de representações de vida e de mundo. O a novidade da razão contemporânea e novas configurações das representações ontológicas de mundo, ainda
são um fenômeno muito recente e incerto....
“O psicólogo deve aceitar essa
visão sem qualiicações. As falagogias dionisíacas, os mistérios ctônicos da
Atena Clássica, desapareceram de nossa civilização, tendo as representações teriomórficas
dos deuses sido transformadas em meros vestígios, como a Pomba e o Galo que
adorna as torres de nossas igrejas. Isso tudo, não altera, no entanto, o fato
de que, na infância , passamos por uma vez se fazem presentes em nós, e de
que,ao longo de toda a nossa vida, possuímos, lado a lado com nosso recém adquirido pensamento dirigido
e adaptado, um pensamento em termos de fantasia que corresponde ao antigo
estado da mente. Da mesma maneira como nosso corpo ainda mantém vestígios, em muitos dos seus órgãos, de funções e condições
obsoletas, assim também a nossa mente, que ao que parece superou seus impulsos
arcaicos, ainda traz as marcas dos
estágios evolutivos pelos quais passamos, representando, em sonhos e fantasias,
ecos do passado coberto pelas sombras.”
C.G Jung in SIMBOLOS DA TRANSFORMAÇÕES