sábado, 22 de agosto de 2015

NOTA SOBRE ARCAÍSMO, RELIGIÃO E RACIONALIDADE

Acho que o pensamento mágico não será superado na exata medida em que muitos ainda precisam dele para codificar o mundo. Precisamos aprender a lidar com a diversidade e com a pluralidade sem julgamentos. Devemos aceitar nossas diferenças. Mas isso não me impede de dizer certas coisas duras aos que não reconhecem a diferença como principio, como estratégia de retirada de certas projeções coletivas. O fato é que  aquilo que chamamos de mente ainda se baseia em protocolos arcaicos. Por muito tempo, ainda iremos conviver com o arcaísmos de nossas condições mentais e culturais de representações de vida e de mundo. O a novidade da razão contemporânea e novas configurações das representações ontológicas  de mundo, ainda são um fenômeno muito recente e incerto....

“O psicólogo deve aceitar essa visão sem qualiicações. As falagogias dionisíacas, os mistérios ctônicos da Atena Clássica, desapareceram de nossa civilização, tendo as representações   teriomórficas dos deuses sido transformadas em meros vestígios, como a Pomba e o Galo que adorna as torres de nossas igrejas. Isso tudo, não altera, no entanto, o fato de que, na infância , passamos por uma vez se fazem presentes em nós, e de que,ao longo de toda a nossa vida, possuímos, lado a lado  com nosso recém adquirido pensamento dirigido e adaptado, um pensamento em termos de fantasia que corresponde ao antigo estado da mente. Da mesma maneira como nosso corpo ainda mantém vestígios, em  muitos dos seus órgãos, de funções e condições obsoletas, assim também a nossa mente, que ao que parece superou seus impulsos arcaicos,  ainda traz as marcas dos estágios evolutivos pelos quais passamos, representando, em sonhos e fantasias, ecos  do passado coberto pelas sombras.”

C.G Jung in SIMBOLOS DA TRANSFORMAÇÕES

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